Pesquisadores do Núcleo de Conservação de Fauna Silvestre do Estado de São Paulo (CECFau), da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), em conjunto com a Universidade Federal de Viçosa e com o Zoológico de São Paulo, confirmaram o nascimento dos primeiros filhotes de perereca-pintada em cativeiro. Foram duas desovas, a primeira delas em novembro passado, na instalação especialmente criada pelo CECFau, em Araçoiaba da Serra, uma das unidades da Coordenadoria de Fauna Silvestre da Semil.

Descrita apenas em 2013, a perereca-pintada (Nyctimantis pomba) é um anfíbio raro, sendo encontrado apenas em um fragmento de mata de 1,36 km² de uma propriedade particular no município de Cataguases (MG). Categorizada como Criticamente em Perigo na Lista Nacional de Fauna Ameaçada – por conta da ocorrência muito restrita em área não protegida – foi incluída em uma lista de 25 espécies prioritárias de um programa de manejo multidisciplinar e que agora colhe os primeiros resultados.

“Os terrários dos animais foram adaptados para simular condições semelhantes às encontradas no ambiente natural desta espécie e incentivar a produção de ovos, os comportamentos reprodutivos e a desova”, explica a assessora técnica do CECFau, Giannina Piatto. O preparo durou meses e, segundo ela, o resultado foi bastante positivo. “No momento temos ainda alguns poucos girinos, outros na fase de imágo, que é a da transição do meio aquático para o terrestre, e a maioria já como juvenil”, acrescenta a assessora.

Apesar do sucesso, ainda não há previsão de reintrodução dos novos exemplares da espécie ao seu ambiente natural.  “O projeto está em fase inicial e primeiro é preciso consolidar uma população de segurança em cativeiro antes de pensar em soltura. Como os motivos pelos quais essa espécie está ameaçada de extinção em curto prazo continuam ocorrendo, outras ações de conservação do habitat precisam ocorrer antes de levá-los de volta à natureza”, completa.

A parceria do CECFau com a Universidade de Viçosa e o Zoo de São Paulo teve como objetivo desenvolver um protocolo de manutenção e reprodução da espécie em cativeiro e formar uma população de segurança caso seja necessária a suplementação em natureza. Além disso, o estudo permite a obtenção de mais informações sobre a biologia da espécie durante a manutenção em cativeiro. A Perereca-pintada é a primeira espécie de anfíbio no Brasil a ser contemplada com um Plano Estratégico para Conservação de Anfíbios (PECAn) redigido pelo Grupo de Especialistas em Anfíbios do Brasil (ASG Brasil).