A humanidade passa por uma crise socioambiental: enquanto nossos recursos naturais estão escassos, os atuais padrões de consumo não levam isso em conta e geram grande escala de resíduos. Os problemas decorrentes disso são inúmeros, desde o acúmulo de poluentes até a possibilidade da total falência da oferta de matéria-prima.

São necessárias muitas mudanças em nossa cultura para alterar esse cenário. É essencial melhorar a gestão dos resíduos sólidos por parte de todos os atores envolvidos, desde o poder público até a população. Nossa prioridade deve ser reduzir, reutilizar, reciclar, tratar e dispor adequadamente. Assim, a reciclagem, que é o reaproveitamento de alguns materiais para se tornar fonte de matéria-prima para a fabricação de novos produtos, é uma das estratégias adotadas para melhorar a situação e é algo que a população pode contribuir.

Muitos materiais, como vidro, plástico e papel, podem ser reciclados. Ao serem jogados no lixo, esses materiais podem ir para um aterro, e ali demorar mais de 4 mil anos para se decompor. Por outro lado, quando você encaminha para reciclagem uma garrafa de vidro, por exemplo, pode ser 100% reciclada. O vidro é triturado, derretido, e vira uma nova garrafa, economizando energia, areia, calcário e carbonato de sódio, que seriam usados na sua fabricação.

Apenas cerca de 2% dos resíduos são reciclados no Estado de São Paulo. Se no seu município ainda não existe coleta seletiva da prefeitura, você também pode contribuir, encaminhado o material para catadores autônomos e pontos de coleta voluntária de logística reversa. Veja no site do SIGOR Reciclagem (Sistema Estadual de Gerenciamento Online de Resíduos Sólidos) as cooperativas em processo de cadastramento na Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente em todo o estado de São Paulo.

 

Como separar o lixo?

Muitos tipos de materiais podem ser reciclados hoje em dia. É importante colaborarmos com a coleta seletiva e a separação dos materiais antes da destinação, pois viabilizam a reciclagem e a eficiência deste processo, já que evitam a contaminação de outros materiais que podem acabar sendo inutilizados, mesmo sendo passíveis de reciclagem. Essa separação pode ser simples:

1. Resíduos orgânicos (restos de alimentos e de plantas);
2. Recicláveis (pode juntar papel, plástico, vidro e metais);
3. Rejeitos (exemplo: lixo de banheiro).

Verifique também se o seu município ou a cooperativa que realiza a coleta na sua região adota algum tipo de saco específico para a coleta seletiva. No município de São Paulo, por exemplo, as sacolas cinza são utilizadas para se colocar o material orgânico, e as verdes, para os recicláveis.

 

Já que estamos falando de reciclagem, você sabe o que pode ser reciclado?

Sabemos que metal, plástico, papel e vidro são recicláveis. Mas quando você toma iogurte e não tem onde lavar o potinho, você o joga no lixo orgânico? E a cápsula de café? Eles podem ir para o lixo reciclável! As embalagens não precisam estar completamente limpas para reciclar, mas não podem conter muito material orgânico. O mais adequado é tirarmos o excesso de material da embalagem, sem precisar lavar necessariamente. Por exemplo, se o requeijão venceu e está na metade, jogue o requeijão no lixo, tire o excesso da embalagem e coloque-a para a reciclagem.

Veja abaixo alguns materiais que você pode reciclar, o que não pode e o que precisa de um cuidado especial. Consulte sempre que necessário e não tenha mais dúvida!

 

RECICLÁVEL

• Caixa de pizza: ainda que com um pouco de gordura, pode ser reciclado.
• Embalagens de plástico e vidro: não precisa lavar, apenas retire o excesso do produto e coloque para a reciclagem.
• Recipiente de metal, como latinha de cerveja, tampinha de refrigerante.
• Cartão plástico: é reciclável se não tiver chip.
• Marmita e papel alumínio: retirar o excesso de material orgânico.
• Vidro: Todos, exceto vidro temperado (pirex) ou espelho.  
• Cápsula de café: se a marca não tem sistema de logística reversa, retirar a borra antes de colocar com outros materiais recicláveis.

 

NÃO RECICLÁVEL

• Papel térmico, como comprovantes bancários e de restaurante possuem material tóxico.
• Lã de aço: não é reciclável pois enferruja.
• Filme plástico sujo: se está sujo com resíduos de alimentos, não é mais reciclável.
• Vidro temperado e espelho: Vidro temperado, como as travessas pirex, não são recicláveis.
• Cartão de visita em papel envernizado
• Papel fotográfico
• Negativos
• Elástico

 

Casos especiais
Embora plástico, papel, vidro e metal sejam recicláveis, a maneira como muitas embalagens são produzidas pode dificultar o processo de reciclagem. Procure sempre na embalagem o símbolo de reciclável para ter certeza.
E ainda que algumas empresas ou cooperativas não coletem todos os materiais, outras podem fazê-lo. Informe-se no seu município/cooperativa para poder descartar corretamente!

• Embalagens laminadas, como de salgadinho, bolacha, bala, chocolate etc., são produzidas com plástico e revestidas internamente com alumínio. O processo para a separação dos materiais ainda é muito caro, e inviável para a maioria dos recicladores. O mesmo acontece com papel laminado, como forminha de brigadeiro.
• Embalagens plásticas de leite: são produzidas com plástico e revestidas internamente com alumínio . Têm a mesma dificuldade para reciclar.
• Papéis com adesivo: a dificuldade de retirar o excesso de adesivo traz a mesma questão.
• Isopor: O isopor usado para proteção de equipamentos, como de TV, que é grosso e por isso  tem mais compradores. Já as bandejinhas de frios são muito finas, e por isso atraem poucos compradores.
• CD: A reciclagem industrial inclui a desmagnetização, o desmonte dos discos e a reciclagem do plástico e de outros componentes. Devido ao alto custo desse processo, ele é pouco realizado.

 

Resíduos perigosos: cuidados antes de descartar
Existem materiais que não são recebidos pelas cooperativas e/ou pelos sistemas de coleta regular da prefeitura, pois são perigosos ou com alto poder contaminante.

• Materiais cortantes, como seringa com agulha, lâmina de barbear e vidro quebrado devem ser colocados numa caixa e sinalizados como “objeto cortante”, ou embrulhe com papel jornal para que ninguém se machuque no manuseio. As seringas podem ser encaminhadas para sistemas públicos de coleta, como unidades básicas de saúde.
• Chapa de raio x: são feitas a partir de uma chapa de um plástico chamado acetato, coberto por uma fina camada de grãos de prata, sensíveis à luz. Como o material pode ser contaminante, descarte em postos de saúde e hospitais, pois eles fazem o descarte correto ou encaminham para empresas de reaproveitamento.
• Embalagens de medicamento: vidro e o blister (cartela onde ficam as pílulas) são resíduos especiais – alguns considerados perigosos – e devem ser devolvidos nas farmácias, com ou sem líquidos.
• Cartuchos e toners: o estabelecimento que vendeu deve receber o produto para fazer o descarte correto. Podem contaminar os solos e não podem ser descartados no lixo comum.
• Latas de tinta: a tinta é um material inflamável e pode ser tóxica. Por isso, as latas só podem ser enviadas para reciclagem se estiverem sem tinta.
• Lixo Eletrônico: materiais como celular, computador, TV, DVD, impressora, rádios, aparelhos de telefone, eletroeletrônico podem conter materiais tóxicos como mercúrio, chumbo, cádmio, berílio e arsênio, que podem contaminar o solo e o lençol freático. Por isso, todos os pontos de venda são obrigados por lei a receber de volta do consumidor para dar um destino correto.
• Lâmpadas fluorescentes contêm mercúrio, um metal pesado que pode contaminar o ambiente e outros organismos, causando problemas para o metabolismo de quem absorver. Por isso, o descarte deve ser feito nos pontos de venda.
• Pilhas e baterias têm vários metais em sua composição que podem ser corrosivos, reativos e tóxicos dependendo do ambiente. Todos os pontos de venda são obrigados por lei a receber de volta do consumidor pilhas e baterias para dar um destino correto.

Para saber onde descartar esses e outros resíduos na cidade de São Paulo, acesse o site reciclasampa.

 

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