
26/05/2020
Com os impactos e incertezas trazidas pela Covid-19, mais do que nunca se percebe a importância de um planejamento ágil, que sinalize rapidamente indicadores para a tomada de decisões. Como afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, todos nós temos agora a responsabilidade de 'recuperar melhor'. Em meio a uma nova realidade, mudança de ritmos e necessidade de revisão de planos, hoje se discute como promover o crescimento econômico com garantias de proteção à saúde. Isso vale para as populações humanas, mas também para os sistemas naturais. Apesar de muitos ainda não perceberem, a mudança do clima é um tema tão relevante quanto a pandemia em termos de impacto global e potenciais interrupções na maneira como trabalhamos e vivemos. Em razão disso, há fortes sinais de que as mudanças de hábito forçadamente feitas agora também podem abrir novas janelas para impulsionar a descarbonização da economia mundial. O termo descarbonização significa literalmente a “retirada”, ou seja, a redução de carbono nas atividades realizadas neste modelo de desenvolvimento. As emissões líquidas mundiais de dióxido de carbono (CO2) - o principal dos gases de efeito estufa (GEE) - precisarão reduzir em cerca de 45% até 2030 e cair para zero em 2050 para evitar que as temperaturas globais subam mais de 1,5 graus acima dos níveis emitidos antes da Revolução Industrial. Para isso, são necessárias mudanças fundamentais em todas as áreas da sociedade e da economia, em abordagens distintas, porém, desejavelmente coordenadas por governos. A descarbonização só será bem-sucedida se empresas, governos, comunidades e indivíduos trabalharem juntos. Crescimento econômico e preservação da saúde Os governos têm o papel fundamental de regular as emissões, incentivar e desenvolver as indústrias verdes do futuro, de forma a estimular o crescimento econômico, oferecer novas oportunidades de negócios, promover a inovação e criar mais e melhores empregos. Governos podem ajudar a impulsionar as mudanças e liderar a descarbonização, promovendo práticas mais limpas e eficientes, que se preocupam em preservar e restaurar os recursos naturais. E para o sucesso da implantação das políticas voltadas a uma economia de baixo carbono, as empresas e mercados são imprescindíveis. Ao compreenderem a necessidade de uma visão de longo prazo, aliada à capacidade e agilidade de resposta em curto prazo para eventos não esperados, devem atuar alinhadas com essas abordagens. O compromisso de uma empresa com descarbonização pode ser abrangente, influenciando as preferências do consumidor e, consequentemente, impulsionando a demanda por produtos de baixo carbono. Preços competitivos de produtos de baixo carbono podem direcionar os mercados para a descarbonização e o marketing eficaz pode aumentar a conscientização do consumidor. Os operadores de finanças também podem colaborar no planejamento de longo prazo, promovendo a economia circular e estimulando negócios eficientes, ao facilitarem o acesso ao investimento inicial na transição de baixo carbono, fundamental para a descarbonização. As comunidades devem promover alterações no estilo de vida de forma sustentável e inclusiva. O planejamento permite acelerar o progresso em áreas estratégicas, aprimorando a informação e a capacitação para o reconhecimento de barreiras e oportunidades, e a educação ambiental é peça-chave para o envolvimento da sociedade. Projeto Rotas 2050 (Climate 2050 Pathways Project) Sob a coordenação da rede The Climate Group (https://www.theclimategroup.org/project/pathways) e sob os auspícios da Coalizão Under 2 (https://www.under2coalition.org/project/pathways) de governos, o projeto Rotas 2050 (Climate 2050 Pathways Project) já em curso no Estado de São Paulo, busca desenvolver ferramentas para alinhar governos a objetivos de longo prazo dentro do Acordo de Paris e da Convenção do Clima da ONU. Estados aderentes ao projeto atuarão na identificação e determinação de setores prioritários para a redução de emissões de gases de efeito estufa, associando-as a co-benefícios como melhoria ambiental, incentivo à inovação tecnológica e competitividade econômica sustentada. Todo o trabalho seguirá uma metodologia que permitirá compatibilizar as informações técnicas globalmente. Como atividade já promovida pelo projeto, 262 participantes compareceram a seis oficinas em São Paulo, conjuntamente com representantes de outros estados, Mato Grosso e Amazonas (Brasil), Madre de Dios (Peru), Querétaro e Quintana Roo (México). Mais de 170 organizações de governo, setores privado e acadêmico também participaram de oficinas e reuniões, unindo uma ampla gama de especialistas e empresas para desenvolver novos planos que ajudarão a combater as mudanças climáticas. Os governos e coordenadores envolvidos no projeto são: ● Climate Group e equipe técnica - Arianna Ugliano, Rolf Bateman, Milimer Morgado, Felipe Casarini, Stephen Roe e Thomas Peterson. ● Amazonas - Eduardo Taveira, secretário de Meio Ambiente do Estado; Luiz Henrique Piva, secretário executivo, e Christina Fischer. ● São Paulo - Marcos Penido, secretário de Meio Ambiente e Infraestrutura, (SIMA); Eduardo Trani, subsecretário de Meio Ambiente e equipe da SIMA. ● Querétaro (México) - Ricardo Torres, subsecretário de Meio Ambiente e Teófilo Mario Gómez Su, diretor do Centro de Ecologia e Mudanças Climáticas do Estado. ● Quintana Roo (México) - Alfredo Arellano, secretário de Ecologia e Meio Ambiente e Rafael Robles de Benito, diretor de Mudanças Climáticas da Secretaria de Ecologia e Meio Ambiente (SEMA). ● Mato Grosso - Mauren Lazzaretti, secretário do Meio Ambiente; Alex Marega, secretário executivo, e Maurício Philip, coordenador de Mudanças Climáticas e REDD + na Secretaria de Meio Ambiente (SEMA) ● Madre de Dios (Peru) - Luis Hidalgo Okimura, governador de Madre de Dios e Walter Heredia, diretor do Escritório Internacional de Cooperação Técnica. Como resultado, espera-se desenvolver metodologias e ideias para políticas públicas e a colaboração do setor privado para a viabilização de um caminho consistente e efetivo rumo a uma economia de baixo carbono. Texto: Silvana Cury – Assessoria em Mudanças Climáticas (Assessoria Internacional da SIMA) Edição: Rachel Azzari (CEA) e Lully Zonta (Assessoria de Comunicação SIMA)
Com os impactos e incertezas trazidas pela Covid-19, mais do que nunca se percebe a importância de um planejamento ágil, que sinalize rapidamente indicadores para a tomada de decisões. Como afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, todos nós temos agora a responsabilidade de ‘recuperar melhor’.
Em meio a uma nova realidade, mudança de ritmos e necessidade de revisão de planos, hoje se discute como promover o crescimento econômico com garantias de proteção à saúde. Isso vale para as populações humanas, mas também para os sistemas naturais.
Apesar de muitos ainda não perceberem, a mudança do clima é um tema tão relevante quanto a pandemia em termos de impacto global e potenciais interrupções na maneira como trabalhamos e vivemos. Em razão disso, há fortes sinais de que as mudanças de hábito forçadamente feitas agora também podem abrir novas janelas para impulsionar a descarbonização da economia mundial.
O termo descarbonização significa literalmente a “retirada”, ou seja, a redução de carbono nas atividades realizadas neste modelo de desenvolvimento. As emissões líquidas mundiais de dióxido de carbono (CO2) – o principal dos gases de efeito estufa (GEE) – precisarão reduzir em cerca de 45% até 2030 e cair para zero em 2050 para evitar que as temperaturas globais subam mais de 1,5 graus acima dos níveis emitidos antes da Revolução Industrial.
Para isso, são necessárias mudanças fundamentais em todas as áreas da sociedade e da economia, em abordagens distintas, porém, desejavelmente coordenadas por governos. A descarbonização só será bem-sucedida se empresas, governos, comunidades e indivíduos trabalharem juntos.
Crescimento econômico e preservação da saúde
Os governos têm o papel fundamental de regular as emissões, incentivar e desenvolver as indústrias verdes do futuro, de forma a estimular o crescimento econômico, oferecer novas oportunidades de negócios, promover a inovação e criar mais e melhores empregos. Governos podem ajudar a impulsionar as mudanças e liderar a descarbonização, promovendo práticas mais limpas e eficientes, que se preocupam em preservar e restaurar os recursos naturais.
E para o sucesso da implantação das políticas voltadas a uma economia de baixo carbono, as empresas e mercados são imprescindíveis. Ao compreenderem a necessidade de uma visão de longo prazo, aliada à capacidade e agilidade de resposta em curto prazo para eventos não esperados, devem atuar alinhadas com essas abordagens.
O compromisso de uma empresa com descarbonização pode ser abrangente, influenciando as preferências do consumidor e, consequentemente, impulsionando a demanda por produtos de baixo carbono. Preços competitivos de produtos de baixo
carbono podem direcionar os mercados para a descarbonização e o marketing eficaz pode aumentar a conscientização do consumidor.
Os operadores de finanças também podem colaborar no planejamento de longo prazo, promovendo a economia circular e estimulando negócios eficientes, ao facilitarem o acesso ao investimento inicial na transição de baixo carbono, fundamental para a descarbonização.
As comunidades devem promover alterações no estilo de vida de forma sustentável e inclusiva. O planejamento permite acelerar o progresso em áreas estratégicas, aprimorando a informação e a capacitação para o reconhecimento de barreiras e oportunidades, e a educação ambiental é peça-chave para o envolvimento da sociedade.
Projeto Rotas 2050 (Climate 2050 Pathways Project)
Sob a coordenação da rede The Climate Group e sob os auspícios da Coalizão Under 2 de governos, o projeto Rotas 2050 (Climate 2050 Pathways Project) já em curso no Estado de São Paulo, busca desenvolver ferramentas para alinhar governos a objetivos de longo prazo dentro do Acordo de Paris e da Convenção do Clima da ONU.
Estados aderentes ao projeto atuarão na identificação e determinação de setores prioritários para a redução de emissões de gases de efeito estufa, associando-as a co-benefícios como melhoria ambiental, incentivo à inovação tecnológica e competitividade econômica sustentada. Todo o trabalho seguirá uma metodologia que permitirá compatibilizar as informações técnicas globalmente.
Como atividade já promovida pelo projeto, 262 participantes compareceram a seis oficinas em São Paulo, conjuntamente com representantes de outros estados, Mato Grosso e Amazonas (Brasil), Madre de Dios (Peru), Querétaro e Quintana Roo (México). Mais de 170 organizações de governo, setores privado e acadêmico também participaram de oficinas e reuniões, unindo uma ampla gama de especialistas e empresas para desenvolver novos planos que ajudarão a combater as mudanças climáticas.
Os governos e coordenadores envolvidos no projeto são:
● Climate Group e equipe técnica – Arianna Ugliano, Rolf Bateman, Milimer Morgado, Felipe Casarini, Stephen Roe e Thomas Peterson.
● Amazonas – Eduardo Taveira, secretário de Meio Ambiente do Estado; Luiz Henrique Piva, secretário executivo, e Christina Fischer.
● São Paulo – Marcos Penido, secretário de Meio Ambiente e Infraestrutura, (SIMA); Eduardo Trani, subsecretário de Meio Ambiente e equipe da SIMA.
● Querétaro (México) – Ricardo Torres, subsecretário de Meio Ambiente e Teófilo Mario Gómez Su, diretor do Centro de Ecologia e Mudanças Climáticas do Estado.
● Quintana Roo (México) – Alfredo Arellano, secretário de Ecologia e Meio Ambiente e Rafael Robles de Benito, diretor de Mudanças Climáticas da Secretaria de Ecologia e Meio Ambiente (SEMA).
● Mato Grosso – Mauren Lazzaretti, secretário do Meio Ambiente; Alex Marega, secretário executivo, e Maurício Philip, coordenador de Mudanças Climáticas e REDD + na Secretaria de Meio Ambiente (SEMA)
● Madre de Dios (Peru) – Luis Hidalgo Okimura, governador de Madre de Dios e Walter Heredia, diretor do Escritório Internacional de Cooperação Técnica.
Como resultado, espera-se desenvolver metodologias e ideias para políticas públicas e a colaboração do setor privado para a viabilização de um caminho consistente e efetivo rumo a uma economia de baixo carbono.
Texto: Silvana Cury – Assessoria em Mudanças Climáticas (Assessoria Internacional da SIMA)
Edição: Rachel Azzari (CEA) e Lully Zonta (Assessoria de Comunicação SIMA)