
23/02/2021
Geralmente associamos um estado de saúde a estarmos livres de qualquer tipo de doença ou enfermidade. Mas há uma definição de saúde mais abrangente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS): estado de completo bem-estar físico, mental e social. E, tão abrangente quanto a definição, estão as questões envolvidas para que se alcance o bem-estar nesses três aspectos. Ao associarmos ainda esse conceito de saúde com qualidade de vida, a relação entre saúde e preservação do meio ambiente vai se tornando mais clara. Alguns efeitos nocivos da degradação ambiental para a nossa saúde são mais facilmente perceptíveis, como a poluição do ar nos centros urbanos, a falta de tratamento de esgotos e áreas contaminadas por produtos químicos, mas há outras maneiras dessa degradação afetar a saúde humana. A maior parte das doenças que acometem o ser humano são zoonoses (cerca de 60% de todas as doenças reconhecidas). Zoonoses são as doenças que são transmitidas de animais (domésticos ou silvestres) para seres humanos, ou de seres humanos para os animais. Os animais, como os seres humanos, também tem sua saúde afetada, podendo ser assintomáticos ou serem muito impactados com esse ciclo de transmissão. E a transmissão de zoonoses acontece, principalmente pelos seguintes motivos: Criação de animais selvagens nas residências. Em seu habitat natural, os animais podem entrar em contato ou ser hospedeiros de microorganismos (vírus, bactérias, protozoários) que nosso sistema imunológico nunca teve contato, pois não circula nos ambientes em que vivemos. Ao conviver com animais selvagens, é possível ser infectado por estes microorganismos, transmitir às pessoas de nosso círculo de convivência e ainda sofrer com reações de doenças desconhecidas no organismo, o que dificulta em muito na prevenção, tratamento e controle de seus efeitos. Caça, venda e consumo de animais selvagens. De maneira semelhante, ao manipular e armazenar carcaças de animais, ou utilizar animais selvagens na alimentação, também é possível contrair diferentes tipos de doenças e transmitir às pessoas de nosso círculo de convivência. Importante lembrar que no Brasil a caça é proibida e constitui crime ambiental. Destruição de hábitats e aproximação forçada da convivência entre animais domésticos, animais selvagens e ser humano. O modelo de crescimento econômico que vivemos hoje gera impactos diretos no meio ambiente. Mesmo que não estejamos, como explicado anteriormente, “ativamente” em contato com animais selvagens, ainda assim, a destruição do meio natural, com o desmatamento, a expansão urbana e formas irregulares de ocupação e uso do solo provocam maior aproximação e convivência com eles, com as consequências dessa convivência que geram impacto à saúde de todos os envolvidos – humanos e animais. Além disso, a convivência entre animais domésticos e selvagens pode ocasionar transmissão dessas doenças entre os animais, e por meio de mutações nos vírus dentro do organismo do hospedeiro, possibilitarem o surgimento de uma nova zoonose a partir de uma doença que antes estaria restrita ao meio natural. E desta forma pode ter início uma nova pandemia. Assim, as consequências do nosso modo de vida e as escolhas no modelo de desenvolvimento econômico, atingem não apenas seres humanos, mas todos os seres vivos, afetando ainda as relações ecológicas entre eles. Para trabalhar nessa compreensão e nas ações sob essa ótica, existe o conceito de Saúde Única: ou seja, a saúde humana, saúde animal e saúde do ambiente precisam ser consideradas de forma unificada, com as devidas conexões entre conceitos, áreas de conhecimento (interdisciplinarmente) e setores sociais (multisetorialidade). Qual a relação entre educação ambiental e Saúde Única? Tudo no planeta Terra está interligado. Qualquer alteração no ambiente desencadeia, em maior ou menor grau, modificações nas cadeias biológicas, e propiciam o aparecimento ou o reaparecimento de doenças. Temos alguns exemplos de doenças que apresentaram aumento de casos nas últimas décadas e estão relacionadas com as alterações do ambiente. Portanto, há interfaces cada vez mais evidentes entre degradação ambiental, desigualdade social e pandemias, ancoradas no modo de produção e consumo determinantes para desequilíbrios e uma relação insustentável com o uso dos recursos naturais. A essência da Educação Ambiental é transformar a sociedade e o modelo de desenvolvimento vigente com todos seus impactos à saúde do ambiente, saúde animal e saúde humana. E essa transformação se dará por meio de processos formativos, da promoção de reflexões críticas a partir de um olhar abrangente e complexo para o meio ambiente e a sociedade que estamos construindo, e da participação de todos nessa mudança. Políticas públicas de EA para Saúde Única A Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental do Estado de São Paulo (CIEA), tem trabalhado com o conceito de saúde única para educação ambiental. Esse colegiado, que conta com representantes de órgãos governamentais, da sociedade civil e das universidades, tem como atribuições • participar da elaboração, implantação, monitoramento, avaliação e revisão do Programa Estadual de Educação Ambiental; • propor aos órgãos de coordenação temas e questões que demandam atenção de políticas de Educação Ambiental no Estado de São Paulo; • definir estratégias e orientações para a formulação, a implementação, o acompanhamento e a avaliação de políticas de Educação Ambiental no Estado de São Paulo; • proporcionar espaços de diálogo ampliados para participação dos diversos segmentos da sociedade civil, dos órgãos governamentais, das diferentes esferas administrativas e regiões do estado, com o objetivo de subsidiar os seus trabalhos; e • manifestar-se sobre assuntos submetidos a sua apreciação pelas Secretarias da Educação e do Meio Ambiente. Em 2020, foi instituído um Grupo de Trabalho para se dedicar a essa forma de abordagem e propostas de ação com relação às atribuições da CIEA. O GT- Saúde Única tem como propósitos promover a Saúde Única como tema transversal no Programa Estadual de Educação Ambiental e subsidiar profissionais educadores em sua atuação no campo da Educação Ambiental frente à pandemia do Covid 19 e outros eventos extremos. O GT elaborou um plano de ação e trabalhou em um levantamento dos principais pontos de convergência entre EA, saúde única e o contexto da pandemia. Com destaque para duas ações: Evento Realização do evento “Educação Ambiental e Saúde Única: convergências e urgências na Pandemia de Covid19” no dia 13/05/2020, com a participação do Prof. Marcos Sorrentino (Oca/ESALQ/USP) e a Médica Veterinária Dra. Adriana Vieira (SES/SP), que pode ser acessado pelo link: https://bit.ly/3kt0ait https://semil.sp.gov.br/educacaoambiental/prateleira-ambiental/educacao-ambiental-e-saude-unica-convergencias-e-urgencias-na-pandemia-de-covid-19-ciea-sp/ Campanha incluindo Produção e Divulgação de textos e cards educativos sobre o tema; A Campanha EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SAÚDE ÚNICA, trata da importância do conceito de Saúde Única relacionada com a Educação Ambiental no contexto de pandemias e mudanças climáticas. Foram elaborados cards trazendo uma frase a ser usada para gerar reflexões, diálogos e até ações concretas para o enfrentamento deste quadro. A proposta é promover a divulgação pelas mídias sociais, e as instituições que desejarem podem inserir seus logos para divulgarem. IMAGENS DA CAMPANHA Além dessas ações, o Plano de Trabalho do GT Saúde Única também prevê uma parceria com a Secretaria da Estadual de Educação na propositura de materiais didáticos e vídeo-aulas sobre Saúde Única, Pandemia e Educação Ambiental. Com relação à Saúde Única, a abordagem proposta pelo GT é que se trabalhe em educação ambiental: • A compreensão das relações entre saúde e meio ambiente, e os riscos e potencialidades associados ao modo de produção que temos hoje. Os aspectos relacionados à pandemias e seu enfrentamento: meio ambiente, biodiversidade, habitação, saneamento, gestão de resíduos sólidos, criação de animais de produção e sua relação com zoonoses, utilização de agrotóxicos na agricultura, combate ao desmatamento, mudanças climáticas, segurança alimentar, dentre outros. • Os aspectos relacionados à saúde e conhecimentos técnicos relacionados às epidemias: epidemiologia das doenças, vírus e outros micro-organismos causadores de doenças, vacinas, modos de controle e prevenção. • E, ainda, o reconhecimento, valorização e estímulo a iniciativas de intervenção, prevenção e promoção do cuidado individual e coletivo. Saiba mais: Participe saúde única https://semil.sp.gov.br/educacaoambiental/videos/participe-saude-unica/ Texto Meio Ambiente, saúde e educação ambiental https://semil.sp.gov.br/educacaoambiental/2019/12/11/meio-ambiente-saude-e-educacao-ambiental/ Link Encontro Paulista de Biodiversidade 2020 (15h10 – Educação ambiental e saúde única – Rodrigo Machado (CFB/SIMA, Grupo de Trabalho de Educação Ambiental e Saúde Única da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental de São Paulo) https://www.youtube.com/watch?v=pOff-iDKNJw Site portal saúde única https://semil.sp.gov.br/educacaoambiental/prateleira-ambiental/portal-saude-unica/ ---------------------------------------- Texto: Rachel Azzari – Coordenadoria de Educação Ambiental (CEA) Fonte de informações: apresentação GT Saúde Única no Participe! e links mencionados no saiba mais.
Geralmente associamos um estado de saúde a estarmos livres de qualquer tipo de doença ou enfermidade. Mas há uma definição de saúde mais abrangente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS): estado de completo bem-estar físico, mental e social.
E, tão abrangente quanto a definição, estão as questões envolvidas para que se alcance o bem-estar nesses três aspectos.
Ao associarmos ainda esse conceito de saúde com qualidade de vida, a relação entre saúde e preservação do meio ambiente vai se tornando mais clara.
Alguns efeitos nocivos da degradação ambiental para a nossa saúde são mais facilmente perceptíveis, como a poluição do ar nos centros urbanos, a falta de tratamento de esgotos e áreas contaminadas por produtos químicos, mas há outras maneiras dessa degradação afetar a saúde humana.
A maior parte das doenças que acometem o ser humano são zoonoses (cerca de 60% de todas as doenças reconhecidas). Zoonoses são as doenças que são transmitidas de animais (domésticos ou silvestres) para seres humanos, ou de seres humanos para os animais. Os animais, como os seres humanos, também tem sua saúde afetada, podendo ser assintomáticos ou serem muito impactados com esse ciclo de transmissão.
E a transmissão de zoonoses acontece, principalmente pelos seguintes motivos:
Criação de animais selvagens nas residências. Em seu habitat natural, os animais podem entrar em contato ou ser hospedeiros de microorganismos (vírus, bactérias, protozoários) que nosso sistema imunológico nunca teve contato, pois não circula nos ambientes em que vivemos. Ao conviver com animais selvagens, é possível ser infectado por estes microorganismos, transmitir às pessoas de nosso círculo de convivência e ainda sofrer com reações de doenças desconhecidas no organismo, o que dificulta em muito na prevenção, tratamento e controle de seus efeitos.
Caça, venda e consumo de animais selvagens. De maneira semelhante, ao manipular e armazenar carcaças de animais, ou utilizar animais selvagens na alimentação, também é possível contrair diferentes tipos de doenças e transmitir às pessoas de nosso círculo de convivência. Importante lembrar que no Brasil a caça é proibida e constitui crime ambiental.
Destruição de hábitats e aproximação forçada da convivência entre animais domésticos, animais selvagens e ser humano. O modelo de crescimento econômico que vivemos hoje gera impactos diretos no meio ambiente. Mesmo que não estejamos, como explicado anteriormente, “ativamente” em contato com animais selvagens, ainda assim, a destruição do meio natural, com o desmatamento, a expansão urbana e formas irregulares de ocupação e uso do solo provocam maior aproximação e convivência com eles, com as consequências dessa convivência que geram impacto à saúde de todos os envolvidos – humanos e animais. Além disso, a convivência entre animais domésticos e selvagens pode ocasionar transmissão dessas doenças entre os animais, e por meio de mutações nos vírus dentro do organismo do hospedeiro, possibilitarem o surgimento de uma nova zoonose a partir de uma doença que antes estaria restrita ao meio natural. E desta forma pode ter início uma nova pandemia.
Assim, as consequências do nosso modo de vida e as escolhas no modelo de desenvolvimento econômico, atingem não apenas seres humanos, mas todos os seres vivos, afetando ainda as relações ecológicas entre eles.
Para trabalhar nessa compreensão e nas ações sob essa ótica, existe o conceito de Saúde Única: ou seja, a saúde humana, saúde animal e saúde do ambiente precisam ser consideradas de forma unificada, com as devidas conexões entre conceitos, áreas de conhecimento (interdisciplinarmente) e setores sociais (multisetorialidade).
Qual a relação entre educação ambiental e Saúde Única?
Tudo no planeta Terra está interligado. Qualquer alteração no ambiente desencadeia, em maior ou menor grau, modificações nas cadeias biológicas, e propiciam o aparecimento ou o reaparecimento de doenças. Temos alguns exemplos de doenças que apresentaram aumento de casos nas últimas décadas e estão relacionadas com as alterações do ambiente.
Portanto, há interfaces cada vez mais evidentes entre degradação ambiental, desigualdade social e pandemias, ancoradas no modo de produção e consumo determinantes para desequilíbrios e uma relação insustentável com o uso dos recursos naturais.
A essência da Educação Ambiental é transformar a sociedade e o modelo de desenvolvimento vigente com todos seus impactos à saúde do ambiente, saúde animal e saúde humana. E essa transformação se dará por meio de processos formativos, da promoção de reflexões críticas a partir de um olhar abrangente e complexo para o meio ambiente e a sociedade que estamos construindo, e da participação de todos nessa mudança.
Políticas públicas de Educação Ambiental para Saúde Única
A Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental do Estado de São Paulo (CIEA), tem trabalhado com o conceito de saúde única para educação ambiental.
Esse colegiado, que conta com representantes de órgãos governamentais, da sociedade civil e das universidades, tem como atribuições
- participar da elaboração, implantação, monitoramento, avaliação e revisão do Programa Estadual de Educação Ambiental;
- propor aos órgãos de coordenação temas e questões que demandam atenção de políticas de Educação Ambiental no Estado de São Paulo;
- definir estratégias e orientações para a formulação, a implementação, o acompanhamento e a avaliação de políticas de Educação Ambiental no Estado de São Paulo;
- proporcionar espaços de diálogo ampliados para participação dos diversos segmentos da sociedade civil, dos órgãos governamentais, das diferentes esferas administrativas e regiões do estado, com o objetivo de subsidiar os seus trabalhos; e
- manifestar-se sobre assuntos submetidos a sua apreciação pelas Secretarias da Educação e do Meio Ambiente.
Em 2020, foi instituído um Grupo de Trabalho para se dedicar a essa forma de abordagem e propostas de ação com relação às atribuições da CIEA.
O GT- Saúde Única tem como propósitos promover a Saúde Única como tema transversal no Programa Estadual de Educação Ambiental e subsidiar profissionais educadores em sua atuação no campo da Educação Ambiental frente à pandemia do Covid 19 e outros eventos extremos.
O GT elaborou um plano de ação e trabalhou em um levantamento dos principais pontos de convergência entre EA, saúde única e o contexto da pandemia. Com destaque para duas ações:
- Evento Realização do evento “Educação Ambiental e Saúde Única: convergências e urgências na Pandemia de Covid19” no dia 13/05/2020, com a participação do Prof. Marcos Sorrentino (Oca/ESALQ/USP) e a Médica Veterinária Dra. Adriana Vieira (SES/SP), que pode ser acessado pelo link:https://semil.sp.gov.br/educacaoambiental/prateleira-ambiental/educacao-ambiental-e-saude-unica-convergencias-e-urgencias-na-pandemia-de-covid-19-ciea-sp/
- Campanha incluindo Produção e Divulgação de textos e cards educativos sobre o tema.
A Campanha Educação Ambiental e Saúde Única, trata da importância do conceito de Saúde Única relacionada com a Educação Ambiental no contexto de pandemias e mudanças climáticas. Foram elaborados os cards abaixo, trazendo uma frase a ser usada para gerar reflexões, diálogos e até ações concretas para o enfrentamento deste quadro.
A proposta é promover a divulgação pelas mídias sociais, e as instituições que desejarem podem inserir seus logos para divulgarem.
Além dessas ações, o Plano de Trabalho do GT Saúde Única também prevê uma parceria com a Secretaria da Estadual de Educação na propositura de materiais didáticos e vídeo-aulas sobre Saúde Única, Pandemia e Educação Ambiental.
Com relação à Saúde Única, a abordagem proposta pelo GT é que se trabalhe em educação ambiental:
- A compreensão das relações entre saúde e meio ambiente, e os riscos e potencialidades associados ao modo de produção que temos hoje.Os aspectos relacionados à pandemias e seu enfrentamento: meio ambiente, biodiversidade, habitação, saneamento, gestão de resíduos sólidos, criação de animais de produção e sua relação com zoonoses, utilização de agrotóxicos na agricultura, combate ao desmatamento, mudanças climáticas, segurança alimentar, dentre outros.
- Os aspectos relacionados à saúde e conhecimentos técnicos relacionados às epidemias: epidemiologia das doenças, vírus e outros micro-organismos causadores de doenças, vacinas, modos de controle e prevenção.
- E, ainda, o reconhecimento, valorização e estímulo a iniciativas de intervenção, prevenção e promoção do cuidado individual e coletivo.
Saiba mais:
Participe! Saúde Única https://semil.sp.gov.br/educacaoambiental/videos/participe-saude-unica/
Meio Ambiente, saúde e educação ambiental https://semil.sp.gov.br/educacaoambiental/2019/12/11/meio-ambiente-saude-e-educacao-ambiental/
Encontro Paulista de Biodiversidade 2020 (15h10 – Educação ambiental e saúde única – Rodrigo Machado (CFB/SIMA, Grupo de Trabalho de Educação Ambiental e Saúde Única da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental de São Paulo) https://www.youtube.com/watch?v=pOff-iDKNJw
Site Portal Saúde Única https://semil.sp.gov.br/educacaoambiental/prateleira-ambiental/portal-saude-unica/
Recomendações biodiversidade e Covid-19 https://semil.sp.gov.br/educacaoambiental/prateleira-ambiental/recomendacoes-biodiversidade-e-covid-19/
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Texto: Rachel Azzari – Coordenadoria de Educação Ambiental (CEA)
Fonte de informações: Apresentação sobre o GT Saúde Única no Participe! Saúde Única e links mencionados no saiba mais.