18/03/2024

Sabemos que a água é fundamental para diversas ações do nosso cotidiano: para se hidratar, preparar alimentos, manter a higiene, lavar, é usada na irrigação de jardins e hortas, na agricultura, na pecuária, no saneamento, na geração de energia (energia hidráulica), na indústria, no transporte e no lazer. É importante para as diversas culturas e religiões, nas artes, ciências, economia e geopolítica.

Segundo a Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, em seu artigo 1º:

I – a água é um bem de domínio público;

II – a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;

III – em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais;

 

Mas, você sabe o que é a água e de onde ela vem?

A água é um recurso natural essencial para a existência e sobrevivência de todas as formas de vida: pessoas, animais e plantas. Ela é composta por dois elementos químicos: 2 átomos de hidrogênio e 1 de oxigênio (H2O). A água é uma substância incolor (sem cor), insípida (sem sabor) e inodora (sem odor), e é um solvente universal. Ela está presente na superfície da terra, no subsolo, na atmosfera e em todos os seres vivos, incluindo o ser humano. A água pode estar na natureza em três estados físicos: líquido, como nas chuvas, rios, lagos, córregos, mares e oceanos; gasoso, como nas nuvens e nos vapores; e sólido, como nas geleiras ou blocos e cubos de gelo.

O Planeta Terra poderia se chamar Planeta Água: aproximadamente, 71% da superfície terrestre é coberta por água. Incrível, não é mesmo?

Hidrosfera é a camada de água do planeta Terra, contendo o recurso nos estados sólido, líquido e gasoso. A hidrosfera surgiu há bilhões de anos em decorrência do resfriamento do planeta, sendo formada por um volume fixo de água que é de aproximadamente 1,4 bilhão de km³. A maior parte dessa água está armazenada nos oceanos, e menos de 3% corresponde à água doce distribuída entre geleiras, rios, lagos e aquíferos. É nessa camada que acontecem as etapas do ciclo da água, que se dá mediante a interação com as demais esferas (atmosfera, litosfera e biosfera).” (Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/hidrosfera.htm)

A água circula de maneira contínua pelo planeta, mudando de estado a passos sucessivos, que formam um ciclo: o chamado ciclo da água. Quando a temperatura está alta, devido à ação do sol, a água no estado líquido, presente nos rios, lagos, córregos, mares, oceanos, no solo e até nos seres vivos (por meio da transpiração) se evapora para a atmosfera. Esse vapor, ao encontrar as camadas de ar mais frio, forma as nuvens. A água, então, volta para a superfície da Terra em forma de chuva.

As florestas têm um importante papel na manutenção do equilíbrio ambiental global e na regulação do ciclo hidrológico, influenciando no regime de precipitação, na proteção do solo e dos cursos d’água, na purificação e “reciclagem” da água (bacias hidrográficas cobertas com florestas possuem rios com concentrações menores de poluentes, sedimentos, nutrientes e coliformes (MELLO et al., 2018)), no controle de cheias e inundações, impedindo a ocorrência de enchentes, impedindo a erosão do solo, inclusive das encostas, o assoreamento de rios, a ocorrência de secas e a desertificação; ou seja, as florestas aumentam significativamente a infiltração da água e têm um papel importante na recarga dos aquíferos; elas protegem as nascentes; influenciam na qualidade e disponibilidade de água. Portanto, é fundamental proteger as florestas e matas ciliares para termos água de qualidade.

O planeta Terra é rico em água. Ocorre que nem toda a água existente no mundo pode ser utilizada pelo homem:

  • 97,3% da água presente no planeta é água salgada;
  • 77,2% é gelo;
  • 22,4% água subterrânea;
  • 2,7% água doce;
  • 0,35% lagos e pântanos;
  • 0,04% água presente no ar;
  • 0,01% água presente nos rios.

A água doce (encontrada nos rios, lagos, geleiras, neve e aquíferos) não é distribuída uniformemente: as características geográficas de cada região e as mudanças de vazão dos rios, que ocorrem devido às variações climáticas ao longo do ano e regime de chuvas, afetam a distribuição. Outro problema, é que nem toda a água doce é potável, ou seja, em condições próprias e salubres para consumo. Ou seja, apesar da aparente abundância de água no mundo e no Brasil, especificamente, o acesso à água potável não é igual para todos.

Segundo a Portaria do Ministério da Saúde, GM/MS nº 888, de 4 de maio, de 2021, que: altera o Anexo XX da Portaria de Consolidação nº 5/GM/MS, de 28 de setembro, de 2017, para dispor sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade:

 

Art. 5º (…)

I – água para consumo humano: água potável destinada à ingestão, preparação de alimentos e à higiene pessoal, independentemente da sua origem;

II – água potável: água que atenda ao padrão de potabilidade estabelecido neste Anexo e que não ofereça riscos à saúde; (…)

 

 

Os recursos hídricos estão ficando cada vez mais escassos, gerando conflitos em diversas regiões do mundo, devido ao desperdício; à poluição, pelo lançamento de esgoto doméstico e industrial e pelo escoamento de defensivos e fertilizantes agrícolas nas águas superficiais, solo e aquíferos; devido ao acúmulo de lixo e detritos lançados nos corpos d’água; ao grande crescimento populacional;  às mudanças climáticas; à urbanização não planejada; à industrialização desregrada; dentre outros fatores, como carência de políticas públicas e fiscalização dos órgãos responsáveis.

Portanto, preservar os recursos hídricos, suas nascentes e matas ciliares, protegê-los da poluição e contaminação e usar a água de forma que não haja desperdício é fundamental, pois segundo a ONU – Organização das Nações Unidas:

  • 2,1 mil milhões de pessoas não têm acesso a serviços de água potável com segurança (WHO/UNICEF 2017)
  • 4,5 mil milhões de pessoas carecem de serviços de saneamento com segurança (WHO/ UNICEF 2017)
  • 1,5 milhões de crianças com menos de cinco anos morrem todos os anos de doenças relacionadas com a diarreia (WHO/UNICEF 2015)
  • A escassez de água já afeta quatro em cada dez pessoas (QUEM)
  • 90% de todos os desastres naturais estão relacionados com a água (UNISDR)
  • 80% das águas residuais retornam ao ecossistema sem serem tratadas ou reutilizadas (UNESCO, 2017)
  • Cerca de dois terços dos rios transfronteiriços do mundo não possuem uma estrutura de gestão cooperativa (SIWI)

De acordo com a CETESB:

Doenças de veiculação hídrica são aquelas causadas pela presença de microrganismos patogênicos (bactérias, como a Salmonella, vírus, como o rotavírus, e parasitas como a Giardia lamblia) na água utilizada para diferentes usos. (CETESB)

As principais doenças relacionadas à ingestão de água contaminada são: cólera, febre tifóide,

hepatite A e doenças diarréicas agudas de várias etiologias: bactérias Shigella, Escherichia

coli; vírus – Rotavírus, Norovírus e Poliovírus (poliomielite – já erradicada no Brasil); e parasitas

– Ameba, Giárdia, Cryptosporidium, Cyclospora. (Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo)

A água é essencial ao funcionamento do corpo humano, porém parte dela é perdida por meio da transpiração, respiração, na urina e nas fezes. Para se ter uma ideia, o corpo humano tem, aproximadamente, 70% de água, o que é fantástico! Por isso, é muito importante se hidratar e se alimentar bem todos os dias, pois as frutas, verduras, legumes e carnes contêm água. O Ministério da Saúde recomenda que as pessoas bebam pelo menos 2 litros de água por dia. Além disso, a água é fundamental para a higiene pessoal, como lavar as mãos e tomar banho, o que evita a propagação de inúmeras doenças infecciosas.

 

 

Curiosidade:

No dia 22 de março de 1992, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Dia Mundial da Água. A data é um esforço da comunidade internacional para colocar em pauta questões essenciais que envolvem os recursos hídricos.

 

 

O que podemos fazer para ajudar a proteger e economizar esse bem tão importante para a manutenção da vida, que é a água?

  • Verifique, regularmente, se há vazamentos em torneiras, sanitários ou canos furados.
  • Entregue o óleo usado em frituras nos pontos de coleta seletiva. Não o descarte no ralo, nem no vaso sanitário, pois isso entope canos e polui as águas.
  • Feche a torneira para escovar os dentes, fazer a barba e ensaboar a louça. Procure colocar aeradores (“bicos-chuveirinho”) nas torneiras, pois ajudam na economia de água.
  • Use a lavadora de louças e de roupa na capacidade máxima. A água do enxágue das roupas pode ser reutilizada para lavar quintais.
  • Tome banhos rápidos, assim, você economiza água e energia elétrica.
  • O vaso sanitário não é lixeira. Acione a descarga apenas o necessário. Mantenha a válvula de descarga regulada, e procure substituí-la por sistemas mais econômicos, como as caixas acopladas de 3 e 6 litros.
  • Use a vassoura e não a água da mangueira para varrer pisos e calçadas.
  • Use um regador para molhar as plantas.
  • Para lavar o carro, substitua a mangueira pelo balde.
  • Colete a água da chuva em cisternas. Esta água pode ser reutilizada para lavar quintais, para lavar o carro e para regar as plantas do seu jardim.
  • Somente use sabonetes, xampus, detergentes e produtos biodegradáveis, para não contaminar os rios.
  • Procure consumir alimentos orgânicos, que foram produzidos sem agrotóxicos e fertilizantes químicos, os quais podem contaminar o solo e os lençóis freáticos; além de prejudicarem a saúde.

 

Conheça o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todas e todos

6.1 Até 2030, alcançar o acesso universal e equitativo a água potável e segura para todos.

6.2 Até 2030, alcançar o acesso a saneamento e higiene adequados e equitativos para todos, e acabar com a defecação a céu aberto, com especial atenção para as necessidades das mulheres e meninas e daqueles em situação de vulnerabilidade.

6.3 Até 2030, melhorar a qualidade da água, reduzindo a poluição, eliminando despejo e minimizando a liberação de produtos químicos e materiais perigosos, reduzindo à metade a proporção de águas residuais não tratadas e aumentando substancialmente a reciclagem e reutilização segura globalmente.

6.4 Até 2030, aumentar substancialmente a eficiência do uso da água em todos os setores e assegurar retiradas sustentáveis e o abastecimento de água doce para enfrentar a escassez de água, e reduzir substancialmente o número de pessoas que sofrem com a escassez de água.

6.5 Até 2030, implementar a gestão integrada dos recursos hídricos em todos os níveis, inclusive via cooperação transfronteiriça, conforme apropriado.

6.6 Até 2020, proteger e restaurar ecossistemas relacionados com a água, incluindo montanhas, florestas, zonas úmidas, rios, aquíferos e lagos.

6.a Até 2030, ampliar a cooperação internacional e o apoio à capacitação para os países em desenvolvimento em atividades e programas relacionados à água e saneamento, incluindo a coleta de água, a dessalinização, a eficiência no uso da água, o tratamento de efluentes, a reciclagem e as tecnologias de reuso.

6.b Apoiar e fortalecer a participação das comunidades locais, para melhorar a gestão da água e do saneamento.

 

 

 

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Texto: Denise Scabin – CEA/SEMIL
Gestão de conteúdo, planejamento e arte: Cibele Aguirre – CEA/ SEMIL

 

 

Referências

ALESP. LEI Nº 7.663, DE 30 DE DEZEMBRO DE 1991. Estabelece normas de orientação à Política Estadual de Recursos Hídricos bem como ao Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/1991/lei-7663-30.12.1991.html

CETESB. Disponível em: https://cetesb.sp.gov.br/laboratorios/atendimento-a-emergencia/surtos-de-doencas-de-veiculacao-hidrica/#:~:text=Doen%C3%A7as%20de%20veicula%C3%A7%C3%A3o%20h%C3%ADdrica%20s%C3%A3o,%C3%A1gua%20utilizada%20para%20diferentes%20usos.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. PORTARIA GM/MS Nº 888, DE 4 DE MAIO DE 2021, que: “Altera o Anexo XX da Portaria de Consolidação nº 5/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, para dispor sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade.”

NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs/6

ONU. Água. Disponível em: https://unric.org/pt/agua/

PLANALTO. LEI Nº 9.433, DE 8 DE JANEIRO DE 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm

SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Cadernos de Educação Ambiental – 2 – Ecocidadão. São Paulo, SMA/CEA, 2014. Disponível em: https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/educacaoambiental/prateleira-ambiental/caderno-2-eco-cidadao/

SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Disponível em: https://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas-transmitidas-por-agua-e-alimentos/doc/2009/2009dta_pergunta_resposta.pdf

UOL. Hidrosfera. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/hidrosfera.htm)

IPA. Palestra: Os rios e as mudanças climáticas: o que temos a ver com isso? Dra. Maria Luísa Bonazzi Palmieri, Especialista Ambiental, do Instituto de Pesquisas Ambientais, Núcleo de Conservação da Biodiversidade.