25/11/2024

Para compreender o conceito de Educomunicação Socioambiental, é preciso, primeiramente, entender o conceito de Educomunicação.

O conceito de Educomunicação propõe a construção e o fortalecimento de “ecossistemas” comunicativos dialógicos, abertos, colaborativos, criativos e democráticos; pode acontecer em qualquer espaço educativo, pois é uma educação para além dos muros escolares; propõe uma relação dialógica, integradora e a quebra da hierarquia no compartilhamento do saber; reconhece que todas as pessoas envolvidas no fluxo da informação são produtoras de conhecimentos e cultura; promove uma análise crítica das informações.

Na Educomunicação, a construção do conhecimento acontece por meio de processos participativos e ações comunicativas e trocas de informações, para a transformação do indivíduo, onde o professor é um mediador e o estudante é um sujeito ativo. Além disso, na Educomunicação a formação do cidadão deve ser pensada a partir da conexão entre educação, comunicação e tecnologias da informação.

A Educomunicação permite ampliar o diálogo, a participação e a criatividade em espaços educativos formais, não formais e informais. A Educomunicação amplia a capacidade de expressão das pessoas e também estimula o pensamento/ senso crítico sobre as informações que elas recebem, por meio dos veículos de comunicação, no dia a dia. A Educomunicação permite que as pessoas sejam protagonistas na produção de conteúdos e informações.

A Educomunicação tem como maior objetivo auxiliar na construção da cidadania, pois considera como pressuposto básico o exercício do direito de todos e todas à expressão e à comunicação.

“Descobriu-se que, há pelo menos trinta anos, uma nova prática comunicativa vem sendo gestada no seio da cultura contemporânea, levando pensadores como Paulo Freire e agentes sociais como Herbert de Souza, o Betinho, a dar à comunicação intencionalidade educativa a partir de um compromisso social definido: garantir a cada cidadão o acesso e o uso democrático dos recursos da comunicação, tendo como meta a ampliação da capacidade expressiva das pessoas, independentemente da condição social, grau de instrução, ou inserção no mercado, garantindo que o postulado que defende o ‘livre fluxo’ da informação seja globalizado, superando a meta liberal de se garantir a ‘liberdade de expressão’ tão somente aos que detêm controle sobre os sistemas de meios de informação. É a partir desse novo contexto que definimos a Educomunicação como um campo de intervenção social”. (Ismar Soares, 2004)

Ainda para Soares, a Educomunicação não surgiu no meio acadêmico, mas da prática e principalmente da militância; ela nasce de processos políticos e ideológicos.

A Educomunicação pode ser definida, portanto, como uma prática comunicativa que une as áreas da Educação e da Comunicação Social, com o objetivo de criar processos educativos, para que as pessoas possam comunicar o que pensam e expressar o que sentem, se utilizando de linguagens midiáticas e audiovisuais, como: jornais, revistas, blogs, canais, programas ou redes sociais na internet, programas de rádio e televisão, etc., para que, dessa forma, possam exercer o seu direito, como cidadãos, de produzir informação e divulgar suas opiniões.

 

Educomunicação:

Processo de comunicação com intencionalidade educacional expressa e que envolve a democratização da produção e de gestão da informação nos meios de comunicação em seus diversos formatos, ou na comunicação presencial. Educomunicação pode ser definida, também, nas práticas educativas que visam levar à apropriação democrática e autônoma de produtos de comunicação, por meio dos quais os participantes passam a exercer seu direito de produzir informação e comunicação. (TASSARA, 2008)

Já, o Educomunicador é “o facilitador que aplica intencionalidade educativa ao uso dos processos, recursos e tecnologias da informação a partir da perspectiva de uma mediação participativa e democrática da comunicação” (Soares, 1999: 41 in Andrade, 2009: 57).

O Educomunicador deve ter capacidade comunicativa e uma postura aberta, capaz de entender que a emissão não é um processo passivo e sim mediado e que aciona diversos saberes. Ele deve reconhecer que não há o monopólio na transmissão do conhecimento e que todo receptor é também um emissor. Todo ser humano é capaz de realizar ambas as funções – emitir e receber informações – e tem o direito de participar do processo de comunicação, atuando, alternadamente, como emissor e receptor. O Educomunicador deve ser capaz de examinar e comparar informações de diversas fontes, com o objetivo de avaliar sua confiabilidade e precisão, ou até detectar manipulações e preconceitos. O Educomunicador deve estimular e fortalecer o olhar interpretativo, avaliador e crítico diante de informações, conteúdos e mensagens produzidas; deve compreender, ainda, os conceitos de liberdade de expressão, acesso à informação e as funções de utilidade pública das mídias nas sociedades democráticas.

A Educomunicação Socioambiental é um conceito que diz respeito ao conjunto de valores e ações que correspondem à dimensão pedagógica dos processos comunicativos ambientais, marcados pelo diálogo e participação coletiva. “A indissociabilidade entre questões sociais e ambientais no fazer-pensar dos atos educativos e comunicativos é ressaltada pelo termo socioambiental. A dimensão pedagógica, nesse caso em particular, tem foco no “como” se gera os saberes e “o que” se aprende na produção cultural, na interação social e com a natureza.” (MMA, 2008)

 

De acordo com o livro “Educomunicação socioambiental: comunicação popular e educação”, do Ministério do Meio Ambiente, são objetivos da Educomunicação para as políticas de meio ambiente:

  • Estimular e difundir a comunicação popular participativa no campo da Educação Ambiental brasileira, com o fim de fortalecer a ação educadora coletiva pela sustentabilidade.
  • Contribuir para a elaboração e a implementação de uma Política Nacional de Comunicação e Informação Ambiental. (MMA, 2008)

Ainda segundo o livro “Educomunicação socioambiental: comunicação popular e educação”, do Ministério do Meio Ambiente, são princípios da Educomunicação Socioambiental, elaborados com base nos princípios do Programa Nacional de Educação Ambiental – PRONEA:

1º – Compromisso com o diálogo permanente e continuado;
2º – Compromisso com a interatividade e produção participativa de conteúdos;
3º – Compromisso com a transversalidade;
4º – Compromisso com o Encontro/ Diálogo de Saberes;
5º – Compromisso com proteção e valorização do conhecimento tradicional e popular;
6º – Compromisso com a democratização da comunicação e com a acessibilidade à informação socioambiental;
7º – Compromisso com o direito à comunicação;
8º – Compromisso com a não discriminação e o respeito à individualidade e diversidade humana. (MMA, 2008)

 

Marco Legal

Existem inúmeras leis, documentos e eventos na área ambiental que mostraram o importante papel da relação entre a comunicação, a educação e a participação dos cidadãos e cidadãs no enfrentamento dos problemas socioambientais. Conheça alguns exemplos:

 

Política Nacional de Educação Ambiental, Lei nº 9795/ 1999:

Art. 3º Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm o direito à Educação Ambiental, incumbindo:

IV – aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação.

Art. 13º Entende-se por Educação Ambiental não-formal as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente.

Parágrafo único: o Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará:

I – a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços nobres, de programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas relacionados ao meio ambiente.

 

Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global:

“Princípio 14: A Educação Ambiental requer a democratização dos meios de comunicação de massa e seu comprometimento com os interesses de todos os setores da sociedade. A comunicação é um direito inalienável, e os meios de comunicação de massa devem ser transformados em um canal privilegiado de educação, não somente disseminando informação em bases igualitárias, mas também promovendo intercâmbio de experiências, métodos e valores.”

“Ação 15: Garantir que os meios de comunicação se transformem em instrumentos educacionais para a preservação e conservação dos recursos naturais, apresentando a pluralidade de versões com fidedignidade e contextualizando as informações. Estimular a transmissão de programas gerados por comunidades locais.”

 

Carta da Terra:

Princípio IV – Democracia, Não Violência e Paz:

  1. Integrar na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.
  2. “Maximizar o papel dos meios de comunicação de massas no sentido de aumentar a conscientização dos desafios ecológicos e sociais”.

 

Saiba mais:

Educomunicação socioambiental: comunicação popular e educação. MMA, 2008.

 

O Portal de Educação Ambiental, da Coordenadoria de Educação Ambiental, da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, tem como objetivo permitir o acesso a informações de qualidade, conteúdos importantes e processos formativos relacionados à área ambiental, que permitam às pessoas entenderem os problemas socioambientais, para intervir em seu contexto, buscando promover o exercício da cidadania. O Portal de Educação Ambiental pretende contribuir para a difusão de informações e processos formativos de Educação Ambiental e se constituir como um canal de articulação e mobilização pela defesa da qualidade ambiental e construção de sociedades sustentáveis.

O Portal traz informações e conteúdos sobre políticas públicas relacionadas ao meio ambiente no menu “Políticas de Meio Ambiente”; práticas, orientações e dicas para uma vida mais sustentável, no  menu “Vida Sustentável”; materiais voltados especificamente para os professores no menu “Ei, Professores!”; bate-papos on-line com a participação de especialistas e do público, no programa Participe!; publicações digitais, na “Prateleira Ambiental”; disponibilização de cursos EAD; Dicionário Ambiental; vídeos; indicação de sites relacionados à temática ambiental; programação de atividades voltadas a diferentes públicos; convite à celebração de datas relacionadas ao meio ambiente, no  menu “Calendário Ambiental”; e notícias atuais sobre Educação Ambiental e meio ambiente, do Brasil e do mundo.

O Portal é um exemplo de ferramenta da Educação Ambiental, que utiliza a Educomunicação para unir a Educação Ambiental e a comunicação social, com a intenção de informar e qualificar as pessoas, criar processos educativos para que as pessoas tenham a oportunidade de comunicar aquilo que pensam e sentem, por meio de canais criados dentro do Portal, como o “Faça Parte -Envie seu Evento”; o programa Participe; o “Deixe um comentário” no menu “Calendário Ambiental”, permitindo, dessa forma, que o cidadão e a cidadã possam exercer seu direito de produzir e divulgar suas opiniões e informações a respeito das questões ambientais.

 

 

 

Veja também o que já foi publicado sobre esse assunto no
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Texto: Denise Scabin – CEA/SEMIL
Gestão de conteúdo, planejamento e arte: Cibele Aguirre – CEA/ SEMIL

 

 

 

Referências:
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental. Educomunicação socioambiental: comunicação popular e educação. Organização: Francisco de Assis Morais da Costa. Brasília: MMA, 2008.
SOARES, Ismar de Oliveira. Educommunication. São Paulo: NCE–ECA/USP. 2004.
SOARES, Ismar de Oliveira. Comunicação/Educação: a emergência de um novo campo e o perfil de seus profissionais. In Contato: Revista Brasileira de Comunicação, Educação e Arte – nº 2. Brasília: UnB, 1999.
TASSARA, Eda. Dicionário Socioambiental: idéias, definições e conceitos. São Paulo: FAART, 2008.