14/04/2025

Vai um cafezinho?

No dia 14 de abril, celebramos o Dia Mundial do Café. Uma bebida tão querida pelos brasileiros, verdadeira paixão nacional! A comemoração dessa data foi estabelecida no ano de 2015, pela Organização Internacional do Café (OIC), para comemorar a bebida, seus produtores e mostrar a importância do café na economia mundial. A data foi criada, também, para dar a oportunidade aos consumidores de conhecerem as diversas variedades e métodos de preparo do café e para os produtores compartilharem suas histórias e tradições.

Além disso, o Dia Mundial do Café também foi criado para trazer algumas reflexões a respeito do seu processo produtivo, reforçar a importância da sustentabilidade na sua produção e a atenção na destinação dos resíduos provenientes da produção do café e seu consumo.

Uma questão a se destacar, no Dia Mundial do Café, é a geração de resíduos sólidos. Infelizmente, uma boa parte das nossas atividades, em especial as relacionadas ao nosso consumo, geram resíduos, inclusive tomar um cafezinho. No mundo moderno, a tecnologia oferece a praticidade de uma xícara de café ao simples toque de um botão, com as famosas máquinas que preparam o café expresso, café com leite ou capuccino a partir de cápsulas de café. O problema é que preparar o café nessas máquinas, sem dar a destinação adequada às cápsulas que sobram do seu consumo, é prejudicial ao meio ambiente. O descarte inadequado das cápsulas usadas, ou seja, quando elas não são enviadas para a coleta seletiva ou não são destinadas para a logística reversa (a destinação adequada deve ser verificada na sua embalagem, de acordo com o fabricante), para a reciclagem pós consumo, pode contaminar o meio ambiente, com alumínio e plástico (material usado na fabricação das cápsulas), que demoram milhares de anos para se decompor.

De acordo com uma pesquisa do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que comparou a quantidade de lixo gerado por diferentes métodos na hora de fazer o café, no Brasil, tomar uma xícara de café preparado por cápsula pode ser até 14 (quatorze) vezes mais prejudicial ao meio ambiente do que fazer o café com um coador. A pesquisa considerou as embalagens das cápsulas feitas em alumínio e plástico. Já, os coadores são feitos 100% com fibra de celulose, que é um recurso renovável e biodegradável. O coador usado não pode ser reciclado, porque tem resíduos em grande quantidade, mas pode passar pelo processo de compostagem junto com a borra do café e gerar adubo.  A quantidade de impurezas constituídas pelas cápsulas é muito maior. Além disso, um indivíduo desprezaria, por ano, aproximadamente, 2,6 kg de rejeitos com as cápsulas, enquanto com os coadores desprezaria apenas 183g de papel nos filtros, capaz de fazer 10 (dez) cafezinhos. Portanto, o volume de impurezas constituídas pelas cápsulas é muito maior. (RECICLA SAMPA, 2020)

Além disso, as cápsulas de plástico ou alumínio são criticadas por consumir muita energia durante a fabricação e por causar desperdício desnecessário de recursos naturais.

Segundo reportagem da BBC, existe também o problema da emissão de gases de efeito estufa (GEE) na produção do café:

“Independentemente do método de preparo do café, a colheita e a produção dos grãos respondem por 40% a 80% das emissões, já que o cultivo dessa planta utiliza irrigação intensiva, além de depender de fertilização e de pesticidas.”

Também existe desperdício quando a borra do café, um resíduo orgânico, que pode ser reaproveitado na compostagem, é enviado para um aterro sanitário, pois, ao passar pelo processo da compostagem, a borra do café vira adubo. Além disso, a compostagem da borra de café emite menos gases de efeito estufa (GEE) do que a decomposição desse resíduo em aterros sanitários. Lembrando que, atualmente, os próprios produtores de café têm enfrentado desafios enormes devido ao aquecimento global e às mudanças climáticas.

O que fazer então para ajudar a reduzir o impacto ambiental, sem deixar de tomar o tão querido cafezinho?

  • Procure se informar sobre cápsulas reutilizáveis, cápsulas de café sustentáveis e compostáveis. Já existem algumas no mercado para avaliar os pós e contras. Dessa forma você ajuda a reduzir a quantidade de resíduos.

 

Veja também o que já foi publicado sobre esse assunto no
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Texto: Denise Scabin – CEA/SEMIL

Gestão de conteúdo, planejamento e arte: Cibele Aguirre – CEA/ SEMIL

 

 

 

 

Referências

 BBC. Como beber café de maneira ecológica — e por que cápsulas não são maior vilão na sua xícara. https://www.bbc.com/portuguese/curiosidades-64329585

(BRASIL) MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Compostagem doméstica, comunitária e institucional de resíduos orgânicos: manual de orientação. Brasília, DF: MMA, 2017.

 RECICLA SAMPA. Cápsulas de café podem ser 14 vezes mais prejudiciais, aponta estudo. Disponível em: https://www.reciclasampa.com.br/artigo/capsulas-de-cafe-podem-ser-14-vezes-mais-prejudiciais-aponta-estudo

 TERRA. https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/degustadia-nacional-do-cafe-entenda-a-comemoracao-no-brasil,ea9db21ccef37e76d083e942e6269df6v2os6d7q.html?utm_source=clipboard

[1] “Compostagem é o processo de degradação controlada de resíduos orgânicos sob condições aeróbias, ou seja, com a presença de oxigênio. É um processo no qual se procura reproduzir algumas condições ideais (de umidade, oxigênio e de nutrientes, especialmente carbono e nitrogênio) para favorecer e acelerar a degradação dos resíduos de forma segura (evitando a atração de vetores de doenças e eliminando patógenos). A criação de tais condições ideais favorece que uma diversidade grande de macro e micro-organismos (bactérias, fungos) atuem sucessiva ou simultaneamente para a degradação acelerada dos resíduos, tendo como resultado final um material de cor e textura homogêneas, com características de solo e húmus, chamada composto orgânico.

É um método simples, seguro, que garante um produto uniforme, pronto para ser utilizado nos cultivos de plantas e que pode ser realizado tanto em pequena escala (doméstica) quanto em média (comunitária, institucional) ou grande escala (municipal, industrial). No entanto, é um método que necessita ser bem compreendido e bem operado para evitar problemas como a geração de odores e a proliferação de vetores de doenças.” (MMA, 2017.)

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