
19/08/2025
Zoonoses são doenças causadas por micro-organismos, que podem ser transmitidas tanto de um animal para o ser humano, quanto do ser humano para um animal.
Dessa forma, é fundamental cuidar da saúde dos animais, dos seres humanos e também do meio ambiente.
Exemplos de zoonoses: esporotricose, febre maculosa, leishmaniose, leptospirose, raiva, sarna e toxoplasmose.
Esporotricose ou doença do jardineiro: é uma micose, causada por um fungo do complexo Sporothrix, geralmente encontrado no solo, em vegetais, palhas e madeiras, além de feridas e nas unhas de animais infectados. O gato é o principal hospedeiro da esporotricose, porém ela também acomete cães, outros animais e pessoas. Nos animais, a transmissão se dá por meio de mordidas e arranhões de outros animais infectados em brigas; e arranhadura de árvores contaminadas. Nos humanos, a transmissão se dá por arranhões, lambidas, ferimentos provocados por farpas de madeira ou espinhos contaminados, contato de feridas com terra ou lixo contaminados. Nos gatos, a esporotricose pode ser grave e causar a morte do animal. Ela causa nódulos (caroços) que podem ter ou não feridas, na região do focinho, corpo, patas e cauda; feridas que não cicatrizam; espirros, falta de ar e secreção nasal; perda de apetite e emagrecimento. Nas pessoas, a esporotricose surge como lesão na pele. Em pessoas com problemas de imunidade, pode ser transformar em um problema grave. Ela causa Nódulos na pele (caroços) que podem vir acompanhados de feridas; tosse, falta de ar, dor ao respirar e ao se movimentar e febre. As melhores formas de prevenção são usar luvas para mexer na terra, plantas e lixo; não deixar que seus animais saiam de casa sozinhos e sem a guia; procurar o serviço de controle de zoonoses do município sempre que houver suspeita da doença; no caso de morte de animais com suspeita de esporotricose, não enterrar o cadáver ou jogar no lixo. Esses cadáveres devem ser encaminhados para a prefeitura ou em clínicas veterinárias, que darão a destinação adequada; e no caso de aparecimento de sintomas, procurar ajuda médica o mais rápido possível.
Febre maculosa brasileira: é uma doença infecciosa febril aguda, transmitida ao homem pela picada do carrapato-estrela, infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii. O carrapato se contamina ao sugar o sangue de animais infectados, como cavalos, capivaras, bois e vacas, gambás e até cães. Para transmitir a bactéria a uma pessoa, o carrapato precisa picá-la e ficar grudado na pele por cerca de quatro horas. A picada pode causar coceira. O período de incubação até o início dos sintomas varia de 2 a 14 dias. Os sintomas são febre alta, dor de cabeça, náusea e vômito, diarreia e dor abdominal, dores musculares, manchas avermelhadas na pele. As medidas de prevenção são evitar entrar em áreas de riscos, infestadas de carrapatos; utilizar roupas de cor clara, para facilitar a visualização do carrapato, calças e mangas longas e calçados fechados em áreas de mato alto; fazer uma vistoria no corpo para verificar se há algum carrapato grudado; evitar sentar em gramados; manter gramados e terrenos limpos e capinados rente ao solo; aplicar carrapaticida periodicamente em cães, gatos e cavalos, de acordo com a recomendação do médico veterinário. Se encontrar um carrapato aderido ao corpo, remova-o com uma pinça. Não esmague o carrapato na pele, mas puxe-o com cuidado e firmeza. Depois de remover o carrapato inteiro, lave a área da picada com água e sabão e passe álcool no local. Quanto mais rápido retirar os carrapatos do corpo, menor será o risco de contrair a doença. Coloque todas as peças de roupas em água fervente para a retirada dos carrapatos. Caso tenha sintomas de febre maculosa, procure atendimento médico o mais rápido possível.
Leishmaniose visceral: é uma doença provocada por um protozoário, Leishmania infantum chagasi. Esse micro-organismo necessita de um vetor para infectar um animal. O vetor que transmite a leishmaniose, por meio de uma picada no animal, é a fêmea do mosquito-palha (Lutzomyia longipalpis). Esse mosquito é infectado quando se alimenta do sangue de um animal que está doente. Dessa forma, ele se torna um transmissor da doença ao picar os animais. A leishmaniose humana também é transmitida pela picada do mosquito-palha. Nos cães, a leishmaniose provoca feridas arredondadas na pele e descamação na face, focinho e orelhas; unhas muito grandes; perda de apetite e emagrecimento. Nas pessoas, causa febre; emagrecimento; fraqueza, aumento do fígado e baço; redução da força muscular e anemia. A Leishmaniose Visceral tem tratamento para os humanos. Atualmente, a medicação utilizada para tratar a leishmaniose não elimina totalmente o parasito nas pessoas e nos cães. Porém, no Brasil o homem não tem importância como reservatório, ao contrário do cão, que é o principal reservatório do parasito em área urbana. A prevenção da Leishmaniose Visceral é feita por meio do combate ao inseto transmissor. É importante realizar a limpeza periódica de quintais, fazer a retirada da matéria orgânica em decomposição (folhas, frutos, fezes de animais e outros entulhos que favoreçam a umidade do solo, locais onde os mosquitos se desenvolvem); destinar adequadamente o lixo orgânico, para impedir o desenvolvimento das larvas dos mosquitos; fazer a limpeza dos abrigos de animais domésticos; usar inseticida nas paredes de domicílios e abrigos de animais. Essa indicação é apenas para as áreas com elevado número de casos, como municípios de transmissão intensa. É fundamental usar repelentes em forma de coleira nos cães e fazer a vacinação conforme prescrição veterinária.
Leptospirose: é uma doença infecciosa febril aguda, transmitida pela exposição direta ou indireta à urina de animais, em especial ratos infectados pela bactéria Leptospira. A bactéria penetra na pele com lesões, pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada ou pelas mucosas, no contato com água e lama de enchentes, contato com córregos, na limpeza de locais com sinais de roedores, na limpeza de fossas ou caixas d’água, no manuseio de lixo. A incubação (intervalo de tempo entre a transmissão da infecção até o início das manifestações dos sintomas), pode variar de 1 a 30 dias e normalmente ocorre entre 7 a 14 dias após a exposição a situações de risco. A ocorrência da doença está relacionada a condições precárias de infraestrutura sanitária e alta infestação de roedores infectados. As inundações favorecem a disseminação da doença e a ocorrência de surtos. Os sintomas são: febre alta de início abrupto e dor de cabeça; dores no corpo, principalmente na batata da perna; náuseas, vômitos, cansaço, tosse, sangramentos, alterações na urina; a pele e olhos podem ficar com cor alaranjada (icterícia). A pessoa com sintomas deve procurar o serviço de saúde imediatamente. O tratamento é feito com o uso de antibióticos e sempre de com as orientações médicas. Havendo suspeita, procure imediatamente o serviço de saúde.
Raiva ou hidrofobia: é uma doença infecciosa viral aguda grave, que acomete mamíferos, inclusive o homem, e caracteriza-se como uma encefalite progressiva e aguda com letalidade de aproximadamente 100%. É causada pelo Vírus do gênero Lyssavirus, da família Rabhdoviridae. (Ministério da Saúde). A raiva é uma doença transmitida por animais aos seres humanos. Ela é causada por um vírus, que infecta animais selvagens e domésticos, e é transmitida ao ser humano pelo contato com a saliva infectada desses animais, por meio de mordidas, arranhões e lambidas, mas é possível contrair a doença também pelo contato da saliva do animal raivoso diretamente nos olhos, mucosas ou feridas. O principal transmissor da raiva às pessoas é o cão. A raiva apresenta três ciclos de transmissão: urbano: representado principalmente por cães e gatos; rural: representado por animais de produção, como: bovinos, equinos, suínos, caprinos; silvestre: representado por raposas, guaxinins, primatas e, principalmente, morcegos (Ministério da Saúde). Os animais, quando infectados, costumam apresentar os seguintes sintomas: dificuldade para engolir; salivação abundante; mudança de comportamento; mudança de hábitos alimentares; e paralisia das patas traseiras. Os sintomas iniciais nos seres humanos são fraqueza e mal-estar geral, febre, dor de garganta, náuseas, dor de cabeça, entorpecimento, irritabilidade. À medida que a doença progride, ocorrem alucinações, delírios, espasmos musculares involuntários e espasmos dos músculos da laringe, faringe e língua, que ocorrem quando o paciente tenta ingerir líquidos, apresentando hidrofobia (outro nome pelo qual a doença é conhecida) que significa aversão à água. Os espasmos musculares evoluem para um quadro de paralisia, levando a alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária e obstipação intestinal. Ocorre, ainda, disfagia (dificuldade de engolir líquidos e alimentos), hiperacusia (distúrbio auditivo que causa intolerância a sons mais altos) e fotofobia (sensibilidade à luz). O paciente pode ter convulsões e intercala períodos de consciência, com períodos de alucinações, até a instalação de quadro comatoso e a evolução para óbito. A melhor estratégia de prevenção contra a raiva é a vacinação: os animais domésticos, como os cães e gatos, devem ser vacinados anualmente contra a doença. Outras medidas também são importantes, como: evitar tocar em cães e gatos sem tutor, sobretudo quando eles estiverem se alimentando ou dormindo; nunca tocar em morcegos ou outros animais silvestres; não tocar em animais com comportamentos estranhos, feridos ou doentes; não separar animais que estejam brigando; não entrar em cavernas, grutas ou furnas sem o acompanhamento de um guia preparado que conheça bem o local. Mas, caso uma pessoa seja atacada por um animal, é fundamental lavar o ferimento com água e sabão, usar um antisséptico e procurar assistência médica imediatamente.
Sarna sarcóptica: é uma doença infecciosa e contagiosa, causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei, nos cães e pelo ácaro Notoedres cati, nos gatos. Pode acometer também ovinos e caprinos. Ela se manifesta na pele causando muita coceira, incômodo e lesões. Por ser uma zoonose, os humanos podem manifestar lesões avermelhadas, semelhantes a picadas de insetos, localizadas na região abdominal e do antebraço. Essas lesões são pruriginosas, coçam muito, principalmente durante o banho quente ou durante a noite sob as cobertas, já que o aumento da temperatura faz com que os ácaros se movimentem mais. Nos cães, as lesões de pele são avermelhadas, com presença de crostas, e são localizadas nas bordas das orelhas, cotovelos e jarretes (parte da perna localizada atrás da articulação do joelho). Nos gatos, as lesões possuem crostas e aparecem na região de cabeça, provocando coceira intensa.
Toxoplasmose: é uma doença infecciosa causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, encontrado nas fezes de gatos e outros felinos, que pode se hospedar em humanos e outros animais. É transmitida especialmente pelo consumo de água contaminada ou alimentos contaminados mal cozidos, como carnes de bovinos e suínos. Na maioria dos casos, a doença é assintomática, mas pode se manifestar de forma grave em pessoas com o sistema imunológico comprometido (pessoas com câncer, HIV), idosos e bebês de gestantes infectadas. O bebê pode ter problemas de saúde muito graves, como hidrocefalia, alterações oculares, entre outras. A ocorrência de enchentes pode aumentar o risco de contaminação. Os sintomas variam e são relacionados ao estágio da infecção (agudo ou crônico). Os sintomas normalmente são leves: dores musculares, fadiga, falta de apetite, febre e alterações nos gânglios linfáticos. Pessoas com imunidade debilitada podem apresentar sintomas mais graves, incluindo confusão mental, falta de coordenação e convulsões. É fundamental salientar que o contato com gatos e felinos não causa a doença. O risco está no contato com as fezes contaminadas de felinos infectados, no consumo de água contaminada ou alimentos mal lavados ou mal cozidos. Além disso, nem todo gato tem toxoplasmose (a prevalência é sobre os animais com acesso à rua). Quando o gato (hospedeiro definitivo) caça uma presa contaminada (roedores e aves), o parasita chega ao seu intestino e se reproduz ali. O gato, então, passa a eliminar oocistos em suas fezes. Caso seres humanos ou outros animais tenham contato com os dejetos contaminados, podem ficar infectados, configurando-se como hospedeiros intermediários. Por isso, contrair toxoplasmose diretamente do gato é muito raro.
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Texto: Denise Scabin – DEA/SEMIL
Foto: Freepik
Gestão de conteúdo, planejamento e arte: Cibele Aguirre – DEA/ SEMIL
Referências
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Esporotricose humana. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/e/esporotricose-humana
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Febre Maculosa. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/f/febre-maculosa
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Leishmaniose. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/l/leishmaniose-visceral
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Leptospirose. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/l/leptospirose
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Raiva. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/r/raiva
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Toxoplasmose. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/t/toxoplasmose
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Toxoplasmose: o gato não é vilão para a doença. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2021/dezembro/toxoplasmose-o-gato-nao-e-vilao-para-a-doenca
NATINAL GEOGRAPHIC. Pequenos seres, grandes problemas. Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/animais/2022/07/pequenos-seres-grandes-problemas
SÃO PAULO (ESTADO). Zoonoses. Disponível em: https://saude.sp.gov.br/coordenadoria-de-defesa-e-saude-animal/homepage/acesso-rapido/zoonoses
UFMG. Conhecendo a esporotricose – Tudo que você precisa saber sobre a doença. Cartilha sobre Esporotricose pelo Projeto Semeando Saúde Única.