
01/12/2025
O Dia Internacional – Pare a Captura Acidental, celebrado em 01 de dezembro, é um dia importante para aumentar a consciência global sobre uma das questões mais prementes, que afetam os ecossistemas marinhos e a biodiversidade da Terra: a captura acidental ou incidental, que é o emalhamento não intencional de animais não alvos da pesca, em artefatos pesqueiros. O dia foi criado pelo VIVA – Instituto Verde Azul, para chamar a atenção para as capturas acidentais, também conhecidas como capturas acessórias, que podem matar animais afogados, pois presos não conseguem subir à superfície para respirar; também podem causar lacerações e infecções, e podem matar de fome, pois os animais não conseguem se alimentar estando emaranhados. Este fenômeno tem efeitos devastadores na vida marinha, ameaçando espécies vulneráveis, danificando ecossistemas e prejudicando o equilíbrio do ambiente marinho.
A captura acidental é um problema global que afeta uma variedade de espécies, incluindo tartarugas marinhas, golfinhos, tubarões, raias, aves marinhas, focas, invertebrados e até baleias. Muitas destas espécies já estão em risco de extinção devido à pesca excessiva ou sobrepesca (a sobrepesca ocorre quando os recursos pesqueiros são explorados além da capacidade reprodutiva dos animais, ou seja, a pesca retira dos mares e rios um número maior de animais do que seus próprios ciclos de renovação podem repor), à degradação do habitat e às mudanças climáticas. Cerca de 40% de toda a pesca ocorre devido à captura acidental, e isso resulta na redução do número de animais que desempenham um papel importante na manutenção dos ecossistemas marinhos.
As atividades pesqueiras são uma grande fonte de resíduos para os mares, pois os petrechos de pesca abandonados, perdidos ou descartados no mar são normalmente encontrados flutuando na água, jogados nas praias e costões e no fundo do mar. Esses resíduos representam um risco enorme para a biodiversidade, pois continuam capturando e matando seres marinhos, pelo emaranhamento. Esse fenômeno, associado à captura acidental, recebe o nome de “pesca fantasma” e seu impacto no ecossistema marinho é gigantesco. Além de causar danos ambientais, com a morte de organismos marinhos e a destruição de recifes de corais, a pesca fantasma também afeta a própria pesca, quando redes e outros artefatos perdidos capturam peixes e outros organismos de interesse comercial. Outro impacto dos resíduos da pesca é o emaranhamento dos artefatos pesqueiros às hélices dos motores das embarcações, o que causa sérios prejuízos aos pescadores. As redes de pesca perdidas ou descartadas inadequadamente nas águas do mar também oferecem riscos a pescadores, mergulhadores e banhistas, que podem ficar presos e se afogar.
Um dos principais desafios associados à captura acidental é a falta de seletividade nas técnicas de pesca. As redes de arrasto, palangres e outras ferramentas utilizadas pelas pescas, muitas vezes, não conseguem distinguir entre espécies-alvo e espécies que não são comercialmente viáveis. Como resultado, milhares de animais são capturados, feridos ou mortos desnecessariamente, sem qualquer finalidade ou benefício para a atividade pesqueira.
Para as comunidades que dependem da pesca como principal fonte de subsistência, a perda de espécies-alvo devido à competição com métodos de pesca não seletivos, pode significar reduções significativas na sua fonte de renda, nos seus rendimentos e na segurança alimentar das pessoas. Além disso, a degradação dos ecossistemas marinhos afeta, a longo prazo, a capacidade do oceano de fornecer alimentos e empregos para milhões de pessoas no mundo.
O Dia Internacional – Pare a Captura Acidental apela aos governos, organizações, pescadores e indivíduos para que tomem medidas. Esta é uma oportunidade para promover práticas de pesca mais sustentáveis e responsáveis, tais como a utilização de equipamentos melhorados para reduzir as capturas de espécies não-alvo, atividades de Educação Ambiental, o estabelecimento de áreas de proteção ambiental marinhas e a adoção de políticas públicas, que incentivem a conservação da biodiversidade marinha.
A Educação Ambiental, que promove a qualificação e a sensibilização das pessoas, também desempenha um papel fundamental no combate à captura acidental, pois as pessoas devem compreender a importância de proteger a vida dos animais marinhos, pois se todos nós agirmos hoje, podemos ajudar a garantir um futuro melhor para o ecossistema, preservando os nossos animais e garantindo um oceano mais sustentável para quem pesca e para quem vive pelos mares.
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Texto: Gustavo Novais Brasilino – DEA/SEMIL
Revisão de texto e colaboração técnica: Denise Scabin – DEA/SEMIL
Gestão de conteúdo, planejamento e arte: Cibele Aguirre – DEA/ SEMIL
Referências
A Captura Acidental (“ByCatch”). VIVA Instituto Verde Azul. Disponível em: https://www.viva.bio.br/captura-acidental-bycatch/#:~:text=Este%20dia%20foi%20criado%20com,sofrendo%20com%20a%20captura%20acidental..
Bycatch and Discards: Global and Regional Updates. FAO. Disponível em: https://www.fao.org/responsible-fishing/resources/detail/en/c/1316963/.
Capturas acessórias (Bycatch) – um tema lamentável. Fish Foward EU – WWF. Disponível em: https://www.fishforward.eu/pt-pt/project/by-catch/.
Lixo nos Mares: do entendimento à solução. Alexander Turra, Marina Ferreira Mourão Santana, Andréa de Lima Oliveira, Lucas Barbosa, Rita Monteiro Camargo, Fabiana Tavares Moreira, Márcia Regina Denadai. São Paulo: Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo: 2020. Disponível em: https://smastr16.blob.core.windows.net/portaleducacaoambiental/sites/201/2021/07/lixo_nos_mares_ebook_low-1.pdf
Pesquisadores alertam sobre riscos da pesca predatória à biodiversidade marinha. UFJF. Disponível em: https://www2.ufjf.br/noticias/2020/12/01/pesquisadores-alertam-sobre-riscos-da-pesca-predatoria-a-biodiversidade-marinha/.