
29/07/2019
Aberto ao público em 2019, o Parque Jequitibá, antigo Parque Tizo, é um importante remanescente de Mata Atlântica no meio da área urbana, entre São Paulo e Cotia. A preservação da floresta aconteceu devido à população do seu entorno, em especial da comunidade escolar, que participou ativamente das mobilizações para a proteção deste importante remanescente.
Como era antes
A expansão de São Paulo fez com que o processo de urbanização cruzasse o Rio Pinheiros e percorresse sentido à região do Butantã, chegando à atual área do Parque Jequitibá ainda na década de 1940. Na época, a região tinha características rurais com atividades agrícolas de subsistência, incluindo plantações de diversas culturas. A a caça ainda era uma prática comum na região, assim como a extração de madeira na floresta para o uso cotidiano, por exemplo, transformando em lenha para acender o fogão.
Foi nesse período que pequenas indústrias se instalaram na região. Para a produção de tijolos que abasteceriam a ocupação urbana em expansão, olarias foram implantadas ao longo das Rodovias Raposo Tavares e Regis Bittencourt. Inclusive, sete fornos foram instalados numa fazenda onde hoje é o Parque Jequitibá. A exploração de argila para a produção de tijolos era realizada nas bordas da mata. Para a queima dos tijolos, a lenha que alimentava os sete fornos que ali funcionavam vinha da mata e de plantações de eucalipto.
De fazenda a parque: engajamento da população
Mesmo após o fechamento das olarias, o crescimento urbano (regular e irregular) da região continuou, dando início a uma nova configuração para a região.
Assim como em diversas locais, o crescimento urbano desordenado que ocorreu ao longo dos anos trouxe diversos problemas socioambientais para a região. Devido às diversas atividades de exploração ou ocupação habitacional, hoje a área apresenta muitos impactos além da fragmentação da mata e da perda da biodiversidade. A ocupação irregular na região também trouxe como reflexo o descarte indevido de lixo no entorno do parque. Tudo isso também contribuiu para o tráfico de fauna e flora, o abandono de animais domésticos e para a presença de animais sinantrópicos nocivos.
Apesar disso, a maior parte da mata resistia, sendo uma ilha verde no meio de uma área densamente povoada.
Depois de muito tempo sem uso, em 2001 a companhia de desenvolvimento habitacional urbano – CDHU adquiriu o terreno, então chamado Fazenda TIZO (Terras Institucionais da Zona Oeste), com o objetivo de transformar a área em local de habitação popular.
Com a notícia de que a mata seria totalmente suprimida para dar lugar a empreendimentos, as escolas e a comunidade do entorno engajaram-se fortemente na luta para assegurar a proteção da área e a preservação de sua biodiversidade. Essa luta que percorreu alguns anos, em 2004 ganhou força, quando resultou na determinação da adoção de medidas para a preservação da vegetação e dos mananciais da fazenda TIZO e a recuperação das áreas degradadas, além de impedir futuros parcelamentos da área.
Após anos de mobilização, em 2012 foi criado oficialmente o parque urbano de conservação e lazer da Fazenda TIZO, destinado à conservação, pesquisa, educação ambiental e uso público. Então sob responsabilidade da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, em 2012 foi realizada uma ação simbólica para o início das obras com o plantio de um jequitibá rosa, árvore extremamente importante para o bioma Mata Atlântica, e assim dando um novo nome à área: Parque Jequitibá.
Educação Ambiental contribuindo para uma sociedade mais sustentável
As características da biodiversidade ainda preservada e da mata recuperação e toda a mobilização da população para a criação do Parque Jequitibá influenciou o seu perfil. No decreto de criação, ficou estabelecido que o parque tem entre suas finalidades a preservação da Mata e sua biodiversidade, a pesquisa científica, a educação ambiental e o uso público.
Tendo em vista os problemas da região, o Parque Jequitibá construiu seu Programa de Educação Ambiental em conjunto com os públicos de seu entorno: escolas, comunidade, representantes dos municípios. Para a elaboração do Programa, foram levados em consideração seu histórico, seus atributos socioambientais e as expectativas de uso do espaço com vistas à construção de uma sociedade mais sustentável.