16/12/2019

De onde vem os produtos que consumimos? Essa pergunta pode ser respondida de algumas maneiras: podem ser considerados a região em que foram produzidos, o processo de manufatura ou industrialização, a matéria-prima ou, de maneira menos comum,  quais os elementos químicos que os compõem. Saber que o papel tem origem da celulose das árvores, o vidro vem da areia e o plástico do petróleo é uma das formas de entendermos o impacto do uso dos recursos naturais para atender às necessidades e garantir o modo de vida de nossa sociedade. Mas, pensando em consumo sustentável, é preciso ir mais além. Tudo o que existe no planeta (e muito do que existe no universo) é constituído pelos elementos químicos, classificados e organizados no que ficou conhecido como "Tabela Periódica". Atualmente são 118 elementos químicos classificados e 90 deles são os elementos naturais, ou seja, elementos encontrados na natureza e que, arranjados entre eles de diferentes maneiras, formam tanto árvores como montanhas, insetos e seres humanos, estrelas e planetas. A UNESCO destaca que a Tabela Periódica é considerada uma das mais  importantes conquistas da Ciência, por capturar a essência não apenas da Química, mas também da Física, Medicina, Ciências da Terra e Biologia.   Tendo em vista a importância dessa percepção,  2019 foi estabelecido pela ONU como o Ano Internacional da Tabela Periódica, cujo modelo foi apresentado à comunidade científica por Dmitr Mendeleev há exatos 150 anos. Em decorrência dessa comemoração, o Fórum de Químicos da Cetesb* vem chamar a atenção para a importância do consumo consciente e o uso responsável dos recursos minerais, apresentando a Tabela Periódica da Sustentabilidade, elaborada pela Sociedade Européia de Química. Nessa versão da Tabela Periódica, é possível ver a distribuição dos 90 elementos químicos naturais, considerados como a base de tudo que se utiliza, e sua abundância na natureza. Tudo o que consumimos se utiliza desses elementos, e seu objetivo é evidenciar quais estão sendo sobreutilizados e como o consumo sem preocupação com a sustentabilidade gera impactos ao meio ambiente. Somente nos smartphones, um exemplo de produto de grande destaque na nossa sociedade, 28 desses elementos são utilizados, sendo 8 deles provenientes de reservas em risco ou em áreas de conflito. Demandas crescentes pelos minerais colocam em risco suas reservas naturais. Cada vez mais Nações, seus governantes e população precisam ter consciência da necessidade do uso e exploração racionais destes recursos, além de trabalhar pela reciclagem e reaproveitamento de materiais manufaturados, de forma a assegurar a futura disponibilidade dos elementos químicos utilizados no cotidiano. Confira abaixo a Tabela Periódica da Sustentabilidade, conheça os principais usos dos elementos químicos destacados e aproveite para refletir sobre suas escolhas e seu modo de consumo! 

De onde vem os produtos que consumimos?

Essa pergunta pode ser respondida de algumas maneiras: podem ser considerados a região em que foram produzidos, o processo de manufatura ou industrialização, a matéria-prima ou, de maneira menos comum,  quais os elementos químicos que os compõem.

Saber que o papel tem origem da celulose das árvores, o vidro vem da areia e o plástico do petróleo é uma das formas de entendermos o impacto do uso dos recursos naturais para atender às necessidades e garantir o modo de vida de nossa sociedade.

Confira aqui exemplos de produtos que usamos no cotidiano e os respectivos elementos da Tabela Periódica, elaborada por técnicos do Fórum de Químicos da Cetesb

Mas, pensando em consumo sustentável, é preciso ir mais além. Tudo o que existe no planeta (e muito do que existe no universo) é constituído pelos elementos químicos, classificados e organizados no que ficou conhecido como “Tabela Periódica”. Atualmente são 118 elementos químicos classificados e 90 deles são os elementos naturais, ou seja, elementos encontrados na natureza e que, arranjados entre eles de diferentes maneiras, formam tanto árvores como montanhas, insetos e seres humanos, estrelas e planetas.

A UNESCO destaca que a Tabela Periódica é considerada uma das mais  importantes conquistas da Ciência, por capturar a essência não apenas da Química, mas também da Física, Medicina, Ciências da Terra e Biologia.

Tendo em vista a importância dessa percepção,  2019 foi estabelecido pela ONU como o Ano                        Internacional da Tabela Periódica, cujo modelo foi apresentado à comunidade científica por Dmitr Mendeleev há exatos 150 anos.

Em decorrência dessa comemoração, o Fórum de Químicos da Cetesb* vem chamar a atenção para a importância do consumo consciente e o uso responsável dos recursos minerais, apresentando a Tabela Periódica da Sustentabilidade, elaborada pela Sociedade Européia de Química.

Nessa versão da Tabela Periódica, é possível ver a distribuição dos 90 elementos químicos naturais, considerados como a base de tudo que se utiliza, e sua abundância na natureza. Tudo o que consumimos se utiliza desses elementos, e seu objetivo é evidenciar quais estão sendo sobreutilizados e como o consumo sem preocupação com a sustentabilidade gera impactos ao meio ambiente. Somente nos smartphones, um exemplo de produto de grande destaque na nossa sociedade, 28 desses elementos são utilizados, sendo 8 deles provenientes de reservas em risco ou em áreas de conflito.

Demandas crescentes pelos minerais colocam em risco suas reservas naturais. Cada vez mais Nações, seus governantes e população precisam ter consciência da necessidade do uso e exploração racionais destes recursos, além de trabalhar pela reciclagem e reaproveitamento de materiais manufaturados, de forma a assegurar a futura disponibilidade dos elementos químicos utilizados no cotidiano.

Confira abaixo a Tabela Periódica da Sustentabilidade, conheça os principais usos dos elementos químicos destacados e aproveite para refletir sobre suas escolhas e seu modo de consumo!

Destaques

Reservas em risco pela limitação

Elemento Uso
Lítio  Pilhas e baterias elétricas, ligas metálicas, medicamento psiquiátrico, vidros de alta resistência, cerâmicas.
Boro Agricultura, pirotecnia, cerâmica, inseticida, combustível para foguetes, colírios, equipamentos esportivos.
Magnésio Sinalizadores, ligas metálicas, medicamentos, materiais refratários.
Fósforo Fertilizantes e defensivos agrícolas, tratamento de água, vidros especiais, pirotecnia, produção do aço.
Escândio Ligas de alumínio (bicicletas), lasers odontológicos, marcador radioativo
Vanádio Aços e molas resistentes a corrosão, magnetos supercondutores, corantes, vidros e cerâmicas.
Manganês Ligas metálicas com alumínio, pilhas alcalinas, fertilizantes.
Níquel Ligas metálicas resistentes à corrosão, baterias alcalinas, fabricação de moedas, pigmento de vidro.
Cobre Fios e cabos para instalações elétricas e motores, agentes antimicrobianos e fungicidas agrícolas.
Zircônio Indústria aeroespacial, supercondutores, instrumentos cirúrgicos, joalheria.
Nióbio Imãs supercondutores, superligas de motores a jato, capacitores, indústria do vidro.
Molibdênio Aço de alta resistência, lubrificantes, indústria do petróleo e energia nuclear, esmaltes cerâmicos.
Estanho Solda, produção de vidros e telas de toque (smartphones), cobertura interna de latas de alimentos.
Antimônio Semicondutores, baterias de automóveis, esmaltes, vidros, tintas, garrafas PET.
Neodímio Lasers utilizados em medicina, câmaras de bronzeamento, imãs de motores de veículos elétricos.
Tungstênio Fornalhas elétricas industriais, lubrificante seco, vidro boro-silicato e ligas metálicas resistentes ao calor.
Ouro Joalheria, implantes médicos e odontológicos, contatos eletro- eletrônicos, coloração de vidros.
Mercúrio Indústria química, equipamentos de laboratório, odontologia, espelhos de telescópios.
Tálio Termômetros de baixa temperatura, células fotoelétricas e detectores de infravermelho.
Chumbo Barreiras de proteção contra radioatividade e raios X, fabricação de vidros tipo cristal.
Bismuto Extintores de incêndio, cosméticos, soldas eletrônicas, pirotecnia.

 

Reservas com risco de escassez devido ao uso excessivo

Elemento Uso
Crômio Aço inoxidável, recobrimento estético de superfícies, pigmentos e tintas (cor verde)
Cobalto Ligas metálicas, vidro, esmalte e cerâmicas com cor azul, equipamentos odontológicos, coletores solares.
Rutênio Catalisador na indústria química de produção de amônia e ácido acético, ligas de platina e paládio.
Ródio Refletores de holofotes, catalisadores para remoção de poluentes automotivos, joalheria.
Paládio Fabricação de instrumentos cirúrgicos, odontológicos e ouro branco, catalisador para redução de poluentes automotivos.
Cádmio Recobrimento de peças metálicas para maior resistência, pigmento amarelo, baterias de níquel-cádmio, laser de luz azul-ultravioleta.
Ósmio Identificação de digitais, fabricação de marcapasso, contatos elétricos.
Platina Joalheria, quimioterapia, catalisador para redução de poluentes automotivos.
Urânio Combustível nuclear, produção de raios X de alta energia, fabricação de vidros de coloração esverdeada.
Disprósio Fabricação de ligas magnéticas, sistemas de armazenamento de dados, lâmpada metal-haleto.
Irídio Velas de ignição, canetas tinteiro, peças para trabalhos em alta temperatura.

 

Reservas em áreas de conflito

Elemento  Local
Tântalo República do Congo.
Tungstênio China (75%) da produção mundial
Ouro China e Países Africanos.
Estanho China, Indonésia, Peru

 

 

 

Texto: Francisco Jorge Ferreira e Jesuíno Romano – Químicos, membros do Fórum de Químicos da Cetesb

* Instituído em 2011 por ocasião das comemorações do Ano Internacional da Química, o Fórum de Químicos da Cetesb nasceu com a missão de destacar a importância da Química para o meio ambiente, a vida e o bem estar da humanidade. Dedica-se também a prestar permanente homenagem a Químicos que no passado dedicaram seu talento e esforço na valorização da Química nessa Companhia.