12/04/2021

Desde a Publicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), (Lei no 12.305/2010), o lixo que geramos, corretamente definido como resíduos sólidos, tem classificações de acordo com sua origem. Os resíduos domiciliares são aqueles originários de atividades domésticas em residências urbanas.

Especialmente neste momento em que todas as atividades são realizadas em casa, inclusive escolares e profissionais, não é difícil termos uma melhor percepção da quantidade e tipos de resíduos que geramos.

Em geral, a coleta de resíduos sólidos nos municípios orienta os cidadãos a separarem para reciclagem resíduos que comumente estão em nosso cotidiano, como jornais e revistas (papéis), garrafas PET e embalagens de alimento (plástico), latas que acondicionam alimentos e bebidas (metais), e copos, garrafas e recipientes para diversos usos (vidro).

Mas existem outros tipos de resíduos gerados em nosso dia-a-dia que podem ser reciclados! Conheça um pouco mais sobre alguns deles:

Bituca de cigarro – a bituca de cigarro exerce o papel de filtro para as substâncias componentes e agregadas ao tabaco, e é composta de acetato de celulose, um tipo de plástico. Ainda é um dos resíduos mais encontrados pelas ruas das cidades, e representam a maior parte dos resíduos coletados nas praias do mundo todo. Muitas organizações já realizam coleta e encaminham as bitucas para reciclagem. Dentre outras coisas, os componentes das bitucas servem como matéria-prima para as indústrias siderúrgica, cimenteira e de papel. O melhor a fazer para descartar é entrar em contato com organizações ou buscar pontos de coleta para bitucas. Se não forem enviadas para reciclagem, devem ser descartadas junto com o lixo comum, para serem encaminhadas a um aterro sanitário.

É RECICLÁVEL! Existe tecnologia disponível e empresas que realizam a coleta. Informar-se nos municípios antes de descartar.

COMO DESCARTAR? Em pontos de coleta de bitucas informados por empresas específicas, para reciclagem. Se isso não for possível, acondicionar e descartar com o lixo comum. Nunca descartar nas ruas, pela janela do carro em estradas (podem provocar incêndios), em parques e nas praias.

DICA SUSTENTÁVEL: Deixe um bituqueiro (você pode inclusive confeccionar seu próprio bituqueiro) na bolsa ou no bolso para sempre descartar as bitucas em locais adequados.

Assista a esse vídeo sobre bitucas, do Plano Estratégico de Monitoramento e Avaliação do Lixo no Mar (PEMALM/SP).

 

Esponja de limpeza – as esponjas utilizadas para lavar louças são feitas de poliuretano, derivado de petróleo e, pelo uso frequente e contínuo, são geradas mais de 300 milhões de esponjas anualmente. Até 2014, a única possibilidade para descartá-las era o lixo comum. Desde essa data, existe tecnologia e logística de coleta para reciclá-las!

É RECICLÁVEL! Existe tecnologia disponível e empresas que realizam a coleta. Por ser um tipo de plástico, no processo de reciclagem as esponjas são transformadas em outros produtos mais duráveis, como pás de lixo e lixeiras, por exemplo, e assim continuam sendo úteis mesmo em outros formatos!

COMO DESCARTAR? Diversos locais que funcionam como pontos de entrega que recolhem e enviam para reciclagem e algumas cooperativas estão organizadas para receberem e comercializarem esse tipo de resíduo. Mas é importante sempre checar no seu município antes de enviar para a coleta seletiva. Existe um Programa Nacional de Reciclagem de esponjas, e você mesmo pode formar um grupo para coleta entre amigos e familiares, em sua escola, condomínio ou na sua rua, por exemplo.

DICA SUSTENTÁVEL: Há uma opção natural para limpeza: a bucha vegetal. É o fruto de uma planta do gênero Luffa e, por ser um elemento da natureza, após sua utilização como esponja, pode ser descartada junto ao lixo orgânico ou, melhor ainda, compostada para se tornar adubo para outras plantas!

 

Tecido – vestimentas, toalhas, roupas de cama e panos diversos fazem parte de nosso dia-a-dia. Os tecidos são compostos de diversas matérias-primas, as mais conhecidas são o algodão e o poliéster (derivado de petróleo). Os resíduos da indústria têxtil têm chamado a atenção por três fatores – o processo produtivo do algodão para tecidos utiliza grandes quantidades de agrotóxicos, contribuindo para a poluição do ambiente; e os tecidos derivados do petróleo não se decompõem quando descartados, permanecendo por muito tempo nos locais onde são descartados. Além disso, o estímulo ao consumo por meio da troca rápida de coleções de moda (“fast fashion”) também contribui para o processo produtivo de peças de baixa qualidade e sem critérios de sustentabilidade, incentivando que roupas também sejam produtos descartáveis e pouco duradouros. E, finalmente, as roupas são enviadas direto para aterros sanitários e, muitas vezes, há descarte irregular de sobras de tecido, como é comum nas ruas de bairros de lojas de confecção de roupas. Além de diminuir a geração de resíduos por meio do consumo consciente para escolher e adquirir roupas, também é possível que os tecidos sejam encaminhados para reaproveitamento e reciclagem, um destino melhor do que o lixo comum.

É RECICLÁVEL! Existem tecnologias diferentes para reciclagem dos tecidos, que podem passar por dois tipos de processos: o mecânico, em que os tecidos são triturados e as fibras são reaproveitadas para estofados de sofás, automóveis, enchimento de almofadas e bichos de pelúcia, por exemplo. E um processo químico, para os tecidos poliéster, poliamida e elastano, em que são derretidos e tornam-se uma massa que pode ser reaproveitada na indústria têxtil ou na produção de plásticos.

Dá pra entender melhor sobre reciclagem de tecidos neste link.

COMO DESCARTAR? Os resíduos que geramos, resultantes do que precisamos para suprir nossas necessidades, são de responsabilidade nossa e dos fabricantes dos produtos que consumimos. A PNRS define isso como responsabilidade compartilhada pós-consumo, então tanto os consumidores devem descartar de maneira ambientalmente correta, quando os fabricantes devem buscar meios de coletar e oferecer destinação ambientalmente correta, como a reciclagem. Muitas redes de lojas já implementaram projetos para coletar e destinar adequadamente tecidos, como por exemplo o Movimento ReCiclo e o Meias do Bem. É necessário checar com os fabricantes se já é possível devolver as roupas usadas para reutilização ou reciclagem, ou buscar projetos que recebam e encaminhem para destinação correta.

DICA SUSTENTÁVEL: doar roupas em bom estado, renovar peças de roupa para torná-las diferentes e continuar usando e, ainda, cortar toalhas, camisetas, etc para utilizar como pano de limpeza multiuso em casa. Também é bacana comprar em brechós, prolongando o uso das roupas, diminuindo a necessidade de produção de novas e o descarte de tecidos. É comum alugarmos trajes a rigor para festas, mas uma tendência para renovar o guarda-roupa e prolongar a vida útil de diversas peças é alugar roupas comuns também; esse tipo de iniciativa já existe!

 

IMPORTANTE!

Um hábito comum na separação de resíduos é enviar para coleta seletiva materiais que “temos dúvida” se é reciclável ou não. Mas essa escolha precisa ser repensada.  A reciclagem de materiais depende de alguns fatores, como:

  • Tecnologia disponível no mercado com custo viável desse processo. O isopor, por exemplo, é reciclável e por muito tempo só não era reciclado porque o alto custo tornava inviável. Atualmente já existe tecnologia acessível para que seja comercializado pelas cooperativas.
  • Quantidade de material que será vendida para empresas recicladoras. Geralmente a comercialização é medida em toneladas de materiais para atribuir o preço. Exemplo: toneladas de pet; toneladas de papelão…

Por isso, é fundamental estar sempre com informações atualizadas sobre o que é realmente reciclável considerando os fatores acima antes de enviar para as cooperativas.

Assista a esse vídeo e saiba um pouco mais sobre o que é reciclável e o que não é reciclável, em uma conversa com um representante de uma Cooperativa.

Reciclado ou Reciclável? Entenda a diferença no nosso Dicionário Ambiental. 

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Texto:
Rachel Azzari – Coordenadoria de Educação Ambiental