
10/01/2019
As visitas a espaços não formais como as áreas protegidas têm sido utilizadas na educação escolar. Estudos já realizados mostram a importância dessas visitas, bem como algumas de suas fragilidades. Porém, há necessidade de se compreender a contribuição desses momentos para a escola. Assim, o objetivo desta pesquisa foi analisar a existência de contribuições dessas visitas às escolas e, caso existentes, caracterizá-las, considerando as concepções e práticas dos envolvidos na visitação e os seus contextos institucionais. Dados iniciais foram coletados por meio de questionário e permitiram mapear as áreas protegidas do Instituto Florestal e da Fundação Florestal, unidades da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, que desenvolvem atividades de uso público com estudantes e professores, com foco nas visitas escolares monitoradas. A partir das respostas, foram selecionadas duas áreas, uma de cada unidade, para análise. Foram realizadas observações de visitas escolares monitoradas, entrevistas com representantes das áreas e professores das escolas visitantes e coletados documentos referentes a essas áreas. Para análise, consideraram-se referências do campo da educação escolar e da educação ambiental na perspectiva crítica, bem como documentos normativos referentes à educação ambiental em áreas protegidas. Constatou-se que em 72% (quarenta e nove) das sessenta e oito áreas protegidas administradas pelo Instituto Florestal e Fundação Florestal que responderam a pesquisa são desenvolvidas atividades de uso público com professores e alunos, sendo que as visitas escolares monitoradas ocorrem em 66% (quarenta e cinco áreas), com a presença das trilhas em grande parte dessas áreas. Nas concepções dos envolvidos, são indicadas contribuições à educação escolar, com ênfase na vivência propiciada aos alunos. Das três visitas acompanhadas, apenas uma propôs metodologia diferenciada da expositiva, com busca de objetos na trilha. Em todas predominaram informações biológicas, sem valorização, na prática pedagógica, da conservação e sem relação com a perspectiva crítica da educação ambiental. Deste modo, as contribuições ficam restritas à sua importância enquanto momento de vivência no ambiente natural pelos estudantes, conforme valorizado pelos entrevistados, e atividade prática complementar. Considerando estes resultados, confirma-se a hipótese de que as visitas escolares monitoradas contribuem para a educação escolar. Essa contribuição ocorre por meio da oportunidade da visita (como direito e parte da formação cidadã), da vivência no ambiente natural proporcionada aos alunos (que possibilita o despertar de sentimentos e emoções) e da contribuição ao trabalho docente (apoio para a realização de atividade prática e momento de relaxamento, com diminuição do desgaste profissional). Para a potencialização e ampliação dessas contribuições, em direção à perspectiva crítica da educação ambiental, são propostos aspectos pedagógicos e institucionais a serem considerados na visitação escolar monitorada em áreas protegidas.
Autor: Maria Luísa Bonazzi Palmieri
Ano: 2018
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