28/05/2025

Os noticiários brasileiros têm destacado o aumento das queimadas e focos de incêndio pelo país e como isso está diretamente ligado à qualidade do ar que respiramosDe acordo com dados do Monitor do Fogo Mapbiomasde janeiro a agosto de 2024, cerca de 11,39 milhões de hectares de terras brasileiras foram devastadas pelo fogo, sendo que quase metade dessa área (cerca de 5,65 milhões de hectares) foi queimada apenas no último mês. Esses incêndios não só destroem grandes áreas de vegetação, eles impactam a biodiversidade, a vida de populações mais vulneráveis e pioram sensivelmente a qualidade do ar, uma vez que a fumaça liberada pode causar problemas respiratórios e sobrecarregar o sistema de saúde pública no país.

Os problemas se espalham muito além das áreas diretamente atingidas, afetando aproximadamente 60% do país, de acordo com o Ministério da Saúde do Brasil. Em entrevista, o Prof. Dr. Edson Grandisoli, coordenador pedagógico e embaixador do Movimento Circular, destacou a gravidade da situação e sugeriu medidas para conter a ameaça, como a transição para a Economia Circular.

Foto: Reprodução/Agência Brasil

Foto: Reprodução/Agência Brasil

 

Quais regiões do Brasil estão sendo mais afetadas pelas queimadas em 2024?

Nesta época do ano, é bem típico o aumento das queimadas em diferentes regiões do Brasil, né? Esse ano, infelizmente, estamos vendo um aumento de intensidade e frequência de queimadas, afetando entre 10 e 15% do Pantanal, sem falar dos chamados megaincêndios na Amazônia. Também há muitas queimadas acontecendo no interior de São Paulo e no Mato Grosso. E é uma prática que ainda, infelizmente, acontece na maioria dos estados. Ela está muito associada a uma prática de agricultura pouco sustentável e também a incêndios criminosos. 

Foto: Reprodução/Agência Brasil

Foto: Reprodução/Agência Brasil

 

De que maneira as queimadas afetam a qualidade do ar e a saúde pública em todo o país?

As queimadas afetam muito além das regiões onde estão acontecendo. Muitos pensam que só a população do local onde está ocorrendo a queimada ou na região as pessoas sofrem. Mas não é verdade. Basta abrir sua janela agora e constatar a enorme disseminação de fumaça e fuligem por enormes áreas no Brasil. As massas de ar, as correntes de ar, circulam pelo Brasil, inclusive há alguns anos atrás, quando teve também uma queimada forte no Pantanal, a cidade de São Paulo ficou coberta por fuligem. Estamos vivendo isso novamente e em maior escala e intensidade. Não é névoa, é fuligem e fumaça. As massas de ar, elas passam por essas regiões de queimada, e principalmente as regiões de queimada muito intensas, elas carregam essa fumaça, essa poluição, gases tóxicos para locais muito distantes… Então, de alguma forma, a maior parte das regiões do país acaba sofrendo com esse tipo de prática, de novo, eu insisto, bastante insustentável. Isso prejudica a saúde das pessoas, principalmente crianças e idosos, agrava o quadro de desigualdades, aumentando o número de pessoas com doenças respiratórias e lotando os postos de saúde. É muito importante as pessoas ficarem cientes. E o caminho é justamente a fiscalização, multa – a ser aplicada pelos governos e órgãos competentes – e, de forma mais proativa, a mudança de práticas no uso dos solos.

Foto: Reprodução/Agência Brasil

Foto: Reprodução/Agência Brasil

Como a transição para a Economia Circular pode ajudar a reduzir a dependência das queimadas na agricultura e minimizar seus impactos negativos sobre o meio ambiente e a saúde pública?

Nós temos falado muito sobre produção de alimento e uso da terra no Movimento Circular. Invés de usar fogo para limpar áreas, práticas circulares incentivam a compostagem, a ciclagem de nutrientes, a produção agroflorestal, a bioeconomia, valorização da produção local de pequena escala e o manejo sustentável dos solos, por exemplo, o que diminui ou elimina a necessidade de queimadas e novos desmatamentos. Isso reduz emissões de poluentes, melhora a saúde do solo e preserva a biodiversidade, além de mitigar impactos na saúde pública ligados à e poluentes liberados pelas queimadas. As técnicas, exemplos e tecnologias já existem. Precisamos procurar caminhos para tudo isso ganhar escala, importância, e mostrar que é possível, sim, produzir, gerar lucro, criar oportunidades garantindo um ambiente de qualidade para todos.

 

 

Em entrevista, o Prof. Dr. Edson Grandisoli, embaixador do Movimento Circular, ressalta a gravidade da situação no Brasil e sugere medidas de contenção.
Por Arlene Carvalho, do Movimento Circular


Artigo do Site do Movimento Circular: https://movimentocircular.io/pt/blog/queimadas-e-a-qualidade-do-ar-no-brasil-qual-o-potencial-da-economia-circular-na-questao

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