
26/11/2021
Reciclabilidade está relacionada à qualidade do que é reciclável. Ao invés de dizer ‘analisar se o produto tem viabilidade para ser reciclado’, pode-se dizer ‘analisar a “reciclabilidade” do produto’. Refere-se ao produto ou material que engloba tanto características inerentes quanto viabilidade de ser reciclado ou de integrar um ciclo de reciclagem. É um adjetivo derivado de reciclável, mas que se aplica ao processo como um todo.
Identificar a reciclabilidade de algo é buscar qualidades que representem uma grande economia de energia e matéria-prima, refletindo-se em aumento da produtividade e redução da sucata industrial.
Já existem metodologias para medir o índice de reciclabilidade das embalagens, considerando fatores materiais (como composição), design (complexidade e riscos de contaminação) e eficiência. Porém, se já é bem desconhecido o próprio conceito de reciclagem mais ainda o de reciclabilidade dos materiais. Essa desinformação possibilita o uso de má fé, por exemplo, do argumento de reciclabilidade para alguns países enviarem resíduos produzidos em seus territórios ou pela sua população para países da África e da América do Sul, por exemplo.
Especialistas defendem que o conceito de reciclabilidade deveria partir da concepção dos produtos e não pensada apenas no momento de seu descarte. Isto é um dos aspectos fundamentais da chamada Economia circular que implica em rever valores, repensar design de produtos e serviços. É preciso desenhar de forma a não gerar resíduos no meio ambiente. Pela sua reciclabilidade um produto/ material e mesmo os serviços integrados nestes ciclos são elaborados para ter multiplicidade de uso, serem duráveis e com menor geração de resíduos. Os resíduos passam a ser vistos como matéria-prima e os clientes como usuários. É preciso transformar o lixo em recurso, e a viabilidade financeira a partir de tecnologias existentes também é considerado ao pensar reciclabilidade.
A reciclabilidade é um índice que classifica os materiais em recicláveis e não recicláveis, sendo que a gestão do processo industrial, comercio, coleta e descarte influenciam diretamente a efetivação da reciclagem e também o desenvolvimento de tecnologias para maximizar os resultados, sendo assim:
Os materiais mais conhecidos e separados para a reciclagem são: papel, (alguns) plásticos, vidro, alumínio e ferro. Esses resíduos apresentam bons níveis de reciclabilidade, ou seja, podem gerar novos produtos sem perder suas qualidades durante o processo de reaproveitamento;
O produto com maior nível de reciclabilidade é o alumínio, junto com o aço: as latas de bebida, por exemplo, podem ser reaproveitadas infinitas vezes. O aço está no topo do ranking, sendo que 49% de todo o metal descartado no Brasil é reciclado;
O papel está em segundo lugar entre os materiais mais reciclados no Brasil, representando cerca de 47% de taxa de reaproveitamento. Quanto mais papeis reciclados, menos árvores são cortadas para sua produção.
O vidro, que é composto por uma fusão de matérias-primas principalmente minerais, como a areia, barrilha, calcário e feldspato, também possui um alto nível de reciclabilidade, assim como o alumínio, podendo ser reciclado várias vezes, sem perder suas qualidades. Porém, o baixo custo de produção do vidro a partir da matéria-prima e o baixo valor agregado deste produto para os catadores e cooperativas de reciclagem, além do peso que tornam o transporte e armazenamento mais complexos, implicam em vidro baixo investimento e incentivo para sua reciclagem.
A reciclagem do plástico, que é um dos grandes vilões ambientais, não por suas propriedades importantes para algumas necessidades humanas, por exemplo nos insumos medicinais, mas porque é um dos resíduos mais produzidos em todo o mundo, e leva centenas de anos para se decompor de forma natural. Sendo originário de fonte não renovável, exige maior atenção na gestão de seu ciclo. É um dos principais componentes do lixo e o Brasil o 4° maior produtor de lixo plástico e o que menos recicla em todo o mundo. Das 11 milhões de toneladas produzidas por ano, apenas 145 mil (cerca de 1%) são recicladas. Para ele, existem três opções para a reciclagem: mecânica, química e energética, cada qual levando a resultados diferentes no aproveitamento do material e impacto ambiental.
Já os materiais não recicláveis, apresentam diferentes condições que os definem assim, por exemplo, existem muitas embalagens que ainda não conseguem ser recicláveis, seja porque o produto apresenta uma química indissolúvel, ou uma mistura de materiais em sua composição que não podem ser separados. Espelhos, fotografias, embalagens metalizadas, embalagens pet brilhosas, material de acrílico e também canetas são exemplos disso. Para essa gama de produtos, é importante evitar seu uso encontrando soluções opcionais, buscar formas de reutilização ou reaproveitamento, e também revendo ou repropondo o sistema de produção industrial deles.
Saiba mais:
Participe! Lixo nosso de cada dia: caminhos para o gerenciamento de resíduos nas cidades
Texto: Rozélia Medeiros (Coord. de Ed. Ambiental/SIMA)
Arte: Cibele Aguirre (Coord. de Ed. Ambiental/SIMA)