18/06/2025

Migrar o nosso planeta do modelo linear de economia para a economia circular é uma necessidade urgente. Por isso, foi criado em 2018 um relatório anual que monitora e traz dados sobre como está o estado circular da Terra, o “Circularity Gap Report”. Na semana em que celebramos o Dia do Planeta Terra (22/04), o Professor Dr. Edson Grandisoli, Coordenador Pedagógico do Movimento Circular, escreveu um artigo a partir do relatório deste ano e das soluções apontadas. Confira:

Professor Dr. Edson Grandisoli, Coordenador Pedagógico do Movimento Circular

A Circle Academy, organização internacional que busca soluções para colocar a economia circular em ação, acaba de lançar a quinta edição do “The Circularity Gap Report” que apresenta, entre outros pontos, como está a circularidade do planeta, das sociedades e dos negócios.

Entre o Acordo de Paris (2015) e a COP 26 em Glasgow (2021), estima-se que 11,5 Gt (Gigatoneladas) de materiais brutos extraídos do planeta tenham sido utilizados. Esse número representa o que os especialistas denominam pegada material do ser humano, a qual vem crescendo rapidamente nos últimos séculos. Ou seja, temos utilizado o patrimônio natural da Terra sem nos preocuparmos muito com as consequências presentes e futuras.

Pegada material da humanidade (1970-2013). A linha vermelha representa o que os ecólogos denominam de "consumo sustentável". Fonte: Material flows.net/World Bank.

Pegada material da humanidade (1970-2013). A linha vermelha representa o que os ecólogos denominam de “consumo sustentável”. Fonte: Material flows.net/World Bank.

 

Economia Circular pode reduzir pegada material

Um dos caminhos para reduzir essa pressão sobre o patrimônio natural do planeta é tornar nossa economia cada vez mais circular, estimulando a criação de processos e políticas públicas que estimulem o reaproveitamento e a reciclagem, prolongando o tempo de vida dos materiais que já estão em circulação.

Apesar dessa possibilidade, o relatório aponta que nossa economia tem se tornado cada vez mais linear, aumentando a exploração de recursos e gerando cada vez mais resíduos. Em apenas 2 anos (2018 a 2020), a circularidade global caiu de 9,1% para 8,6%.

Além disso, para alimentar todo esse processo linear, a utilização de combustíveis fósseis tem colaborado com as mudanças climáticas e o aumento de frequência e intensidade de eventos extremos como estiagens, incêndios e inundações, que já têm afetado, em especial, as populações mais vulneráveis.

Por fim, o aumento da pegada material se reflete diretamente no aumento do PIB mundial. E, apesar disso, nunca vivemos em um planeta tão permeado por desigualdades sociais, econômicas e ambientais. O cenário é, no mínimo, desafiador e, como afirma o relatório, “É hora de agirmos coletivamente e ‘resetar’ nossa economia e começar a erradicar as desigualdades sociais. Em alguns lugares, isso já está acontecendo. É a hora da Economia Circular”.

 

Caminhos para implantação da Economia Circular

Apesar das notícias não serem positivas sobre o estado do nosso planeta e das sociedades em geral, é importante compreender que já existem soluções viáveis sendo implantadas mundo afora.

De forma geral, o relatório aponta 3 pontos importantes para os próximos 5 anos no que diz respeito à Economia Circular:

  1. Disponibilizar ferramentas digitais de dados para todos: a coleta sistematizada de dados locais e globais colabora diretamente com a inovação na direção de uma economia mais circular.
  2. Criar métricas e indicadores para compreender a transição: Se não medirmos, não haverá como atestar os progressos de maneira significativa, impedindo a identificação de processos e estratégias realmente de impacto para a circularidade.
  3. Usar uma lente social para garantir uma transição segura e justa: uma economia circular mais holística e que realmente considere o social em todas as suas atividades colabora no atingimento de vários Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como eliminar a pobreza, a fome; melhorar condições de saúde e bem-estar das populações; e buscar uma economia baseada em fontes não-carbônicas de energia, por exemplo.

 

 

Artigo do Site do Movimento Circular: https://movimentocircular.io/pt/blog/relatorio-alerta-para-urgencia-da-economia-circular

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