
18/02/2022
Sustentabilidade é a característica ou condição do que é sustentável. Em seu sentido literal, o termo ‘sustentabilidade’ consiste na capacidade de sustentação de um sistema. Característica de um processo ou de um sistema que permite a sua permanência, em certo nível, por um determinado prazo.
Como conceito aplicável à realidade do sistema socioeconômico e socioambiental, a Sustentabilidade refere-se ao princípio da busca pelo equilíbrio entre a disponibilidade dos recursos naturais e a exploração deles por parte da sociedade. Busca pelo equilíbrio entre o suprimento das necessidades humanas e preservação dos recursos naturais, não comprometendo as próximas gerações. O conceito de sustentabilidade é complexo, pois atende a um conjunto de variáveis interdependentes, mas podemos dizer que deve ter a capacidade de integrar as questões sociais, energéticas, econômicas e ambientais.
A partir do relatório Brundtland*, em 1987, os estudos sobre sustentabilidade vêm evoluindo de ênfases limitadas a aspectos isolados do consumo e produção para perspectivas holísticas que consideram a totalidade do planeta e as relações entre ser humano e natureza. Com isso, o conceito de sustentabilidade passou a se consolidar, principalmente, por meio da tríade formada com as dimensões ambiental, econômica e social, inerentemente interdependentes e, por isso, acontecendo concomitantemente.
A dimensão ambiental diz respeito aos aspectos concretos das limitações dos recursos naturais do planeta Terra. As atividades humanas sempre estiveram subordinadas aos fenômenos naturais e às capacidades do planeta.
A dimensão econômica diz respeito ao modelo em que o crescimento econômico acontece de maneira ética e justa, mantendo-se a harmonia com as outras dimensões. Ou seja, garantindo a satisfação das necessidades humanas, as boas condições sociais dos agrupamentos de pessoas (equidade e coesão social) e a resiliência dos recursos naturais.
A dimensão social trata das questões relacionadas à satisfação das necessidades básicas das pessoas, a valorização das culturas locais, a melhoria do bem-estar atual e futuro, o aumento da qualidade de vida pela redução da iniquidade social no geral. Ou seja, a dimensão social da sustentabilidade orienta-se para a construção de uma sociedade humana sustentável. Uma sociedade que é justa, inclusiva e democrática.
Cada uma destas três dimensões pode ser entendida como fundamental, mas o que resulta é que não há hierarquia entre elas, pois na realidade trata-se da a capacidade de o ser humano interagir com o mundo, preservando o meio ambiente em que vive e do qual é dependente para sua sobrevivência, de maneira a não comprometer os recursos naturais para a sobrevivência das gerações futuras. Porém, a partir da perspectiva das mudanças climáticas, a vida atual, contemporânea, já está em crise e emergência de diversas maneiras comprometendo o dia a dia de uma grande parte, senão de todos os seres vivos, sejam humanos ou não, e de seu habitat, ou seja, do meio-ambiente como um todo. No cenário atual, observando a questão da permanência do homem sobre o planeta, percebe-se que há um duplo desequilíbrio ecológico: por um lado, há o esgotamento de matérias-primas naturais e do outro, um galopante acúmulo dos resíduos resultantes da atividade industrial e do consumo destes produtos por uma pequena parcela da população mundial.
Em síntese, considerando a dimensão social, pode-se dizer que é preciso respeitar o ser humano para que este possa respeitar a natureza. E, do ponto de vista humano, ele próprio é a parte mais importante do meio ambiente. Sob o olhar da questão energética e dimensão econômica é preciso entender que sem energia a economia não se desenvolve. Se a economia não se desenvolve, as condições de vida das populações se deterioram. E, consequentemente, pelo viés da dimensão ambiental, conclui-se que com o meio ambiente degradado o ser humano abrevia o seu tempo de vida, a economia não se desenvolve e o futuro fica insustentável.
Considerando o conceito de sustentabilidade, para que um empreendimento humano seja considerado sustentável, é preciso que ele seja: ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente diverso.
BREVE HISTÓRICO
A Conferência de Estocolmo, realizada em junho de 1972, foi o primeiro grande evento sobre meio ambiente realizado no mundo. O conceito de sustentabilidade começou a ser delineado nesta conferência e lançou as bases das ações ambientais em nível internacional nas questões relacionadas com a degradação ambiental e a poluição que afetam países, regiões e povos muito além do seu ponto de origem. *Relatório Brundtland, cujo nome vem de sua coordenadora a então primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, é o documento intitulado Nosso Futuro Comum (Our Common Future), publicado em 1987. A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento originou um documento no qual houve a disseminação da ideia de desenvolvimento sustentável, conceito que vinha sendo concebido desde a década de 1970. Este relatório indicou que a pobreza dos países do terceiro mundo e o consumismo elevado dos países do primeiro mundo eram causas fundamentais que impediam um desenvolvimento igualitário no mundo e, consequentemente, produziam graves crises ambientais A Conferência de Estocolmo, bem como o relatório Brundtland, publicado em 1987, pelas Nações Unidas, lançaram as bases para a ECO-92, ou Cúpula da Terra de 1992. A ECO- 92 é a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida Cúpula da Terra, Conferência do Rio de Janeiro e Rio 92, foi uma conferência de chefes de estado organizada pelas Nações Unidas e realizada em junho de 1992 na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. Seu objetivo foi debater os problemas ambientais mundiais. Vinte anos após a realização da primeira conferência sobre o meio ambiente, representantes de cento e setenta e oito países do mundo reuniram-se para decidir que medidas tomar para conseguir diminuir a degradação ambiental e garantir a existência de outras gerações. A intenção, nesse encontro, era introduzir a ideia do desenvolvimento sustentável, um modelo de crescimento econômico menos consumista e mais adequado ao equilíbrio ecológico. As organizações não governamentais fizeram um encontro paralelo no Aterro do Flamengo, chamado o Fórum Global. Esse evento paralelo teve como resultado a aprovação da Declaração do Rio, também chamada de Carta da Terra. Alguns documentos oficiais fundamentais que resultaram da Conferência: a Carta da Terra; três convenções, a Convenção sobre Diversidade Biológica, tratando da proteção da biodiversidade; a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, tratando da redução da Desertificação; e a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, tratando das Mudanças climáticas globais; a Declaração de Princípios sobre Florestas; a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento; e a Agenda 21. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio Em setembro de 2000, baseando-se na década das grandes conferências e encontros das Nações Unidas, os líderes mundiais se reuniram na sede das Nações Unidas, em Nova York, para adotar a Declaração do Milênio da ONU na qual as Nações se comprometeram a uma nova parceria global para reduzir a pobreza extrema, em uma série de oito objetivos – com um prazo para o seu alcance em 2015 – que se tornaram conhecidos como os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) Dando sequencia aos Objetivos do Milenio, foram establecidos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. São 17 objetivos ambiciosos interconectados, que representam um apelo global para que sejam desenvolvidas ações que acabem com a pobreza, protejam o meio ambiente e o clima até 2030 e garantam que todas as pessoas, em todo o mundo, possam desfrutar de paz e de prosperidade.
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Saiba mais:
Declaração da Conferência de ONU no Ambiente Humano (Declaração de Estocolmo)
Participe! Educação Ambiental e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)
A Agenda 2030 e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
Texto: Rozélia de Medeiros – Coordenadoria de Educação Ambiental/SIMA
Edição: Rachel Azzari – Coordenadoria de Educação Ambiental/SIMA
Arte: Cibele Aguirre – Coordenadoria de Educação Ambiental/SIMA