
24/04/2015
O dia 23 de abril de 2015 ficará marcado pela apresentação da nova estrela do Zoológico de São Paulo: a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari), a primeira da espécie nascida em cativeiro no Hemisfério Sul, no dia 13 deste mês. O evento reuniu diversos veículos da imprensa, que registraram os cuidados dispensados pelos biólogos da instituição ao recém-nascido.
Para apresentar o filhote, estiveram presentes a secretária Patrícia Iglecias, o presidente da Fundação Parque Zoológico de São Paulo, Paulo Bressan, a bióloga Fernanda Guida, responsável pelo setor de aves, e Paulo Nogueira Neto, o primeiro secretário especial do Meio Ambiente, órgão vinculado ao Ministério do Interior, de 1973 a 1985.
Fernanda Guida mencionou a dificuldade da reprodução em cativeiro. “Foi uma batalha de dez anos. Essas aves requerem um tempo extenso de “namoro”, até que haja empatia entre o casal e então aconteça o acasalamento. O nascimento foi uma vitória. Tanto que pensamos em batizar a ararinha de Vitória, caso ela seja fêmea. Só saberemos o sexo daqui a três meses”.
Segundo Patrícia Iglecias, este é um momento histórico para o país, pois a espécie corre risco de extinção. Existem catalogados pelo Cemave (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação das Aves) apenas 1.295 exemplares. “Precisamos cuidar para que eles se reproduzam. Assim, no futuro, nossos netos não os conhecerão apenas nos livros”, disse a secretária.
Ela anunciou ainda a inauguração em junho do Centro de Conservação da Fauna (CECFAU), em Araçoiaba da Serra (SP). A unidade terá como foco principal as espécies ameaçadas de extinção no estado de São Paulo. A infraestrutura do CECFAU incluirá áreas de apoio técnico (medicina veterinária e biologia), de treinamento (salas para reuniões, palestras e aulas), de alimentação animal (preparo e distribuição de dietas, limpeza e desinfecção de bandejas) e de apoio (estrutura física para o trabalho dos tratadores).
Paulo Nogueira Neto falou sobre a importância da educação ambiental das crianças no Zoológico. “Elas são fundamentais para a conservação do nosso meio ambiente. Quando as crianças vêm aqui, adotam um animal e levam consigo sua história. É o início da formação da consciência ambiental”.
Todo cuidado é pouco
O filhote responde bem aos cuidados da equipe do Setor de Aves, com alimentação balanceada, controle do peso e do crescimento, além de ser mantido em incubadora com temperatura de 35 graus.
A arara-azul-de-lear é endêmica de área restrita de caatinga no estado da Bahia. Vive em bandos e utiliza paredões rochosos para dormitório e reprodução. Sua refeição predileta é o coco da palmeira licuri. De acordo com a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), a espécie corre risco de extinção diante da degradação do ambiente, da falta de alimento e do tráfico de animais.
A primeira reprodução em cativeiro de arara-azul-de-lear ocorreu em 1982 nos Estados Unidos. Atualmente, apenas duas instituições estrangeiras, localizadas na Espanha e no Catar, continuam a reproduzi-la.
A Fundação Parque Zoológico de São Paulo recebeu o primeiro exemplar da espécie em 1986, que ali permaneceu durante dez anos. A partir de 1996, novos exemplares foram recebidos pelo Zoo, que os alojou em recintos fora da exposição ao público, sem registro de nascimentos.
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