
18/08/2015

Macaco-prego Galego
Antes de decidir ter um animal de estimação em casa, é preciso se informar muito bem sobre a espécie que pretende ter como parceiro para que a alegria não se transforme em uma grande dor de cabeça. Mesmo em se tratando dos tradicionais pets (gato e cachorro) é preciso pensar – está disposto a dedicar tempo para levar ao veterinário, para passear, brincar e alimentá-lo?
Quando o assunto é animal silvestre, os cuidados devem ser redobrados. Em primeiro lugar é preciso saber se o animal em questão vem de criadouro autorizado pelo órgão ambiental responsável e se está identificado por anilhas e/ou microchip, com nota fiscal de venda com a identificação do animal e todos os dados do estabelecimento comercial. E vale lembrar que nem todas as espécies são permitidas.
Uma confusão muito comum: é animal doméstico ou é silvestre. O papagaio, a arara, o mico e o jabuti, por exemplo, são animais silvestres. Portanto, se pretende ter um desses bichinhos em casa, há diversos pontos que precisam ser analisados antes de comprá-lo.
– Quem vai cuidar? O espaço destinado ao animal é adequado? Sabe qual é a alimentação correta? Está disposto a gastar com veterinários? Conhece as características do bicho em questão? Sabe como se desenvolve? Terá tempo para se dedicar a ele, para brincar e fazer companhia?
As araras, por exemplo, precisam de recinto grande para se movimentar e se desenvolver. É recomendado fazer enriquecimento ambiental proporcionando estímulos variados na busca de alimentos e a introdução de elementos que as distraiam. Araras têm um odor característico, são brincalhonas e estão sempre testando tudo com seus potentes bicos. A alimentação deve ser variada, assim como a dos papagaios. Vivem em grupo e precisam de interação com outras da espécie, são monogâmicas e o ideal é que vivam aos pares quando em cativeiro. Como todos os animais precisam de sol para um bom desenvolvimento. Esses animais são longevos, ou seja, vão precisar de cuidados por muitos anos.

Arara-azul
A alimentação também deve ser uma preocupação para quem pretende ter uma coruja ou um rapinante (gaviões, falcões). A coruja tem bico e garras muito fortes e a audição e a visão são superdesenvolvidas. Seu prato principal? Ratos e insetos, de preferência vivos. Está disposto a proporcionar esse tipo de alimento?
Jabuti e tartaruga também são animais de vida longa e, se for a sua opção, compre de um criadouro comercial autorizado. Nesse caso, é preciso ter certeza de que quer o animal e de que está disposto a cuidar dele por um longo período. Além disso, eles precisam de sol, alimentos variados, espelho-d’água, área com vegetação, abrigo para dormir entre outros.
Se a escolha for por uma jiboia, iguana ou jabuti, vale destacar que o comércio desses animais está proibido, por determinação federal.
Além das questões específicas de cada espécie, há os problemas gerais, como risco de fuga, reações inesperadas, mordeduras e ataques, fora a possibilidade de transmissão de doenças – as zoonoses, do animal para o homem e vice-versa. Lembrando que doenças comuns aos humanos podem ser fatais para algumas espécies.
É importante ressaltar que animais silvestres mantidos como de estimação não devem se reproduzir, já que não há como comprovar a origem legal dos filhotes nascidos em domicílio.
Essas são apenas algumas questões que precisam ser consideradas antes de decidir ter um animal silvestre em casa. Lugar de bicho é em seu habitat natural, e não nas cidades. “Embora os criadouros, zoológicos e mantenedores sejam importantes para a conservação de algumas espécies ameaçadas”, explica Vilma Clarice Geraldi, diretora do Departamento de Fauna, da Secretaria do Meio Ambiente (DeFau/SMA).
Ainda de acordo com a diretora, animais sem origem não devem ser adquiridos. Além de uma agressão à fauna silvestre, a caça e apanha desses animais alimentam o tráfico e é crime ambiental, previsto na Lei de Crimes Ambientais, nº 9.605 / 98, que “proíbe a utilização, perseguição, destruição e caça de animais silvestres e prevê pena de prisão de seis meses a um ano, além de multa para quem a desrespeitar”.
A conservação dos ambientes naturais é fator determinante para a conservação das espécies silvestres em vida livre e a manutenção da biodiversidade do país.
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