03/12/2015

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Como um alerta para população do globo, o ano de 2015 foi declarado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, o Ano Internacional do Solo.

A Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SMA) apoia a iniciativa da ONU e faz uma homenagem, em 4 de dezembro, em evento a ser realizado em sua sede, a uma pessoa que dedicou sua vida à sustentabilidade e à preservação desse bem natural.

Dra. Ana Maria Primavesi, nasceu do ‘outro lado do mundo’, na Áustria, mas adotou o solo brasileiro como seu. Da graduação, feita na Universidade Rural de Viena, até a fundação do laboratório de Biologia do Solo, na Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, essa mulher de fibra teve como meta de trabalho a definição de que um solo vivo é a base para vida vegetal, animal e humana.

Foi uma das fundadoras da Associação de Agricultura Orgânica e vencedora, em 2012, do Prêmio Internacional One World Award – OWA, que contempla ativistas da agricultura orgânica, conferido pela Federation of Organic Agriculture Movements.

A sua trajetória conta com 94 trabalhos científicos inéditos, 400 artigos publicados em revistas técnicas e 500 palestras, proferidas no Brasil a na América Latina, sobre manejo do solo em clima tropical e especialmente Agricultura Orgânica e Agroecologia. Publicou dez livros sobre o tema e foi coautora , em conjunto com o Dr. Artur Primavesi, de mais três.

Para Dra. Ana, a melhor maneira de cuidar do solo é agir de acordo com a natureza, copiar seus procedimentos e preservar os ecossistemas. Assim, todos terão um ambiente agradável, com fartura de alimentos e abundância de água.

“O ganho rápido pode trazer lucro, mas é degradador, leva à pobreza, à doença e à morte do solo e das populações”, ensina Ana Primavesi.

Neste ano, dedicado ao solo, prestamos uma homenagem à sua luta e determinação.

A seguir, leia entrevista, feita pelo AmbienteSP, com a Dra. Ana Primavesi:

AmbienteSP – A escolha pela Engenharia Agrônoma foi um marco, mesmo em Viena, numa época em que as mulheres raramente escolhiam uma carreira acadêmica. Qual o motivo para essa graduação?

R. A minha família tinha a lida no campo como atividade principal e era uma liderança regional na área de melhoramento de gado de leite-carne e agrícola. Meu pai era um encantado pela agricultura e, mesmo se na época raramente uma mulher estudava agronomia, ele incentivou minha escolha agronômica.

AmbienteSP – Depois, no Brasil, o trabalho com o solo. Como foi o início?

R. Meu marido chegando ao Brasil foi incorporado nas atividades agrícolas e juntos aplicamos o que sabíamos para o trato na agricultura tropical: manejo do solo, quebra-ventos, adubação verde e rotação de culturas.

O governador de São Paulo da época nos desafiou a recuperar solos degradados, na região de Sorocaba/Salto de Pirapora, e conseguir produzir trigo. Em três anos, onde vicejava a barba de bode, conseguimos colher trigo com PH de 85 – padrão de trigo importado do Canadá -, sem ferrugem, embora fosse uma variedade altamente suscetível. Com esse feito fomos convidados a trabalhar em três universidades: Botucatu, Brasília e Santa Maria.

AmbienteSP – Para Dra. Ana, qual a definição de solo?

R. O Solo vivo é a base da vida em nosso globo, vegetal, animal e humano. Não somente na produção de alimentos saudáveis, que nutrem os seres vivos, fornecendo fibras e energia, mas também armazenando água doce residente.
O Solo, para poder exercer sua função, precisa estar permanentemente vegetado, protegido do vento e com cobertura morta.

AmbienteSP – As futuras gerações podem acreditar em um mundo sustentável e justo?

R. Um mundo sustentável e justo depende do ser humano e da sua formação. Agir de acordo com a natureza, copiar seus procedimentos, manter os ecossistemas é uma forma de assegurar um ambiente agradável, com fartura de alimentos e abundância de água.
Procurando o ganho rápido, pratica-se o chamado desenvolvimento minerador – degradador -, que leva à pobreza, à doença e à morte.

AmbienteSP – Obrigada.

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