O nascimento de Kako, um mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus), no dia 11 de novembro de 2015 vai ficar marcado na história do Centro de Conservação de Fauna Silvestre (CECFAU) do Estado de São Paulo. O pequeno primata foi o primeiro a nascer naquele espaço inaugurado em 19 de junho de 2015, no município de Araçoiaba da Serra.

Em junho de 2014, o governo de São Paulo declarou o mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus) como Patrimônio Ambiental do Estado, determinando a todos os órgãos da administração pública, em especial à Secretaria do Meio Ambiente, o desenvolvimento dos esforços necessários à proteção e recuperação dessa espécie na natureza.

De lá para cá, muito se fez para a conservação da fauna ameaçada no estado. Para proteger os primatas que vivem no território paulista, a Secretaria do Meio Ambiente criou a Comissão Permanente de Proteção dos Primatas Nativos do Estado de São Paulo (Pró-Primatas Paulistas), com o objetivo de promover o conhecimento científico, conservação, recuperação das espécies em seu habitat natural e educação ambiental.

E foi mais além, uma das cinco diretrizes atuais da SMA é Gestão e Conservação da Fauna Silvestre, diretriz essa que visa contribuir para a conservação integrada (in situ e ex situ) e para o manejo e uso sustentável da fauna silvestre no estado de São Paulo, por meio do aprimoramento de instrumentos normativos, de gestão e da instituição de uma política pública estadual para conservação de fauna silvestre.

Por sua vez, a Fundação Parque Zoológico de São Paulo criou o CECFAU com o objetivo de dotar o país de um espaço projetado especialmente para o desenvolvimento de pesquisas e trabalhos de conservação da fauna silvestre. Inicialmente, lá estão abrigadas cinco espécies de animais ameaçados de extinção: mico-leão-preto, mico-leão-dourado, mico-leão-da-cara dourada, tamanduá-bandeira e arara-azul-de-lear.

O CECFAU conta com suporte do Departamento de Pesquisa Aplicada (DPA), criado em 2012 pelo Zoológico, para desenvolver trabalhos como o de reprodução assistida. Com equipamentos modernos, o DPA vai ampliar as condições necessárias para o desenvolvimento de projetos de pesquisas por parte do corpo técnico e de pesquisadores associados, provendo o suporte aos trabalhos de conservação faunística.

As bases e conceitos técnico-científicos para a implantação do CECFAU foram construídos ao longo dos anos com o trabalho solidário entre a Fundação Parque Zoológico de São Paulo e diversas instituições, que contribuem com seus pesquisadores, apoio técnico e recursos de projetos aplicados à conservação de fauna silvestre e sustentabilidade ambiental.

Espécie ameaçada

O mico-leão-preto, espécie endêmica do estado de São Paulo, habita a Mata Atlântica de interior, onde sua área de ocorrência foi reduzida a menos de 5% da original, com perda e alteração de habitat pelo desmatamento. A população está reduzida, isolada em fragmentos de mata sem possibilidade de dispersão natural, e a baixa variabilidade genética é uma das principais ameaças à sua sobrevivência.

A espécie foi considerada extinta por mais de 60 anos pelo seu declínio populacional até ter sido redescoberta na década de 1970, quando foi estabelecida a primeira colônia ex situ com sete indivíduos do Parque Estadual do Morro do Diabo/SP, no Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ). Em 1985, com a construção da hidroelétrica de Rosana, mais oito animais foram resgatados e enviados ao CPRJ e, deste grupo, seis machos e oito fêmeas foram transferidos para a Fundação Parque Zoológico de São Paulo, em 1986.

Diversos estudos realizados nas décadas de 1980 e 1990 indicaram que a espécie estava seriamente comprometida e, em consequência, foi incluída na Lista Nacional das Espécies Brasileiras Ameaçada de Extinção (Instrução Normativa do Ministério do Meio Ambiente nº 3, de 27 de maio de 2003) e no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, na categoria “Criticamente em Perigo”.

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Projeto de Conservação do Mico-Leão-Preto from Zoológico de São Paulo on Vimeo.