
22/01/2016
O novo morador do Zoológico de São Paulo se chama Carimbó, um exemplar macho de jacaré-açu (Melanosuchus niger) com 3,92 metros de comprimento e cerca de 300 quilos. Ele veio de um zoológico da cidade de Belém – Pará, que teve suas atividades encerradas pelo IBAMA, e precisava urgentemente de um local para morar. Os técnicos do Zoo estavam em busca de um crocodiliano de grande porte para ocupar um recinto, quando souberam da existência desse jacaré.
Devido à distância, foi decidido que o meio mais adequado para o transporte do animal seria via aérea. Uma equipe composta por três biólogos, um veterinário e um tratador foi mobilizada para ir até Belém e buscá-lo. A viagem durou cerca de 10 horas e não houve sedação do animal, uma vez que este tipo de transporte inviabiliza o monitoramento por um veterinário durante o voo, portanto, o jacaré viajou acordado.
A caixa para transporte foi elaborada de forma a possibilitar conforto e tranquilidade durante a viagem, assim como cuidados com a temperatura ambiente, que foi acordado com a companhia aérea.
No dia 11 de novembro de 2015, já no novo recinto, a caixa foi aberta para que ele saísse voluntariamente do local. Após cerca de 10 minutos, o jacaré caminhou rapidamente em direção ao tanque com água e começou a explorar sua nova casa. Apresentou boa adaptação ao recinto e em poucos dias recebeu a primeira alimentação, com ótima aceitação.
A dieta no zoológico passou a ser oferecida duas vezes por semana e é constituída por carne de vaca, porco, peixe e frango. Durante o período de quarentena foi realizada a coleta de sangue para investigação do estado geral do animal, assim como outros exames para avaliação sanitária. O Carimbó vem se mostrando bastante curioso, ativo e se alimenta com muita voracidade.
A espécie
Também conhecido como jacaré-preto, caimão-preto, jacaré-aruará ou jacaré- gigante, o açu (palavra que significa “grande”) é o maioral entre os crocodilianos sul-americanos. Os machos podem alcançar 5 metros de comprimento (com registros não confirmados de 6 metros) e pesar cerca de 750 quilos, embora a média seja de 3 a 4 metros.
Ocorre exclusivamente na bacia amazônica, atingindo o Brasil, Peru, Equador, Colômbia, Guiana e Guiana Francesa, e ocupa ampla diversidade de áreas alagáveis, incluindo os grandes rios (tanto de águas brancas quanto de águas negras) e suas lagoas marginais, várzeas, igapós e savanas sazonais inundáveis.
Assim como os demais crocodilianos, possui olhos bem salientes e narinas no topo, o que lhe confere a possibilidade de ficar semi-submerso na água. Quando nada, faz um movimento ondulante com a cauda, que lhe promove rapidez e agilidade.
O acasalamento ocorre na água, mas os ovos são postos em um ninho construído pelas fêmeas com montes de folhas e matéria orgânica na beira de rios e lagos. Em média são de 40 a 60 ovos, que eclodem após cerca de 90 dias de incubação. A mãe fica de guarda em seu ninho protegendo os ovos e os filhotes contra predadores.
Os filhotes nascem, em geral, com 30 centímetros de comprimento. Os juvenis alimentam-se principalmente de invertebrados aquáticos, tais como insetos, caranguejos e caramujos. Conforme vão crescendo, o tamanho de suas presas começa a aumentar, incluindo peixes e mamíferos terrestres, tais como capivaras, antas e até mesmo gado doméstico.
O jacaré-açu já sofreu muito no passado por causa da caça descontrolada para comércio do couro e da carne. Esse fator, associado à perda de habitat, levou a uma redução populacional drástica, quase desaparecendo da natureza. Hoje em dia, as populações de jacaré-açu são bem abundantes em suas áreas de ocorrência, porém, a caça ilegal e a destruição do meio ambiente ainda são fatores preocupantes para a espécie.
Zoológico de São Paulo
Endereço: Avenida Miguel Estéfano, 4241 – Água Funda
Fone: (11) 5073 0811 / Fax: (11) 5058 0564
Funcionamento: de terça a domingo, das 9h às 17h (fechamento da bilheteria às 16h30).
Informações: http://www.zoologico.com.br/