
03/02/2016
O viveiro de mudas florestais nativas e frutíferas da Comunidade Quilombola Nhunguara, situada no entorno do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR), em Iporanga, já está preparado para ampliar as atividades e assim incrementar a geração de renda dos moradores locais. A secretária do Meio Ambiente, Patrícia Iglecias, e o diretor executivo da Fundação Itesp, Marco Pilla, estiveram na comunidade nesta quarta-feira (03.02), para entregar as melhorias e a Autorização de Manejo de algumas espécies utilizadas pela comunidade para produzir as mudas de nativas.
O projeto de melhoria foi selecionado entre 45 propostas apresentadas em atendimento ao edital do Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável Microbacias 2 – Acesso ao Mercado. Foram investidos R$ 413.627,90 (com aditivo em setembro de 2015) na ampliação e melhoria do viveiro. O recurso, liberado em 2013, via Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais, da Secretaria do Meio Ambiente (CBRN/SMA), foi direcionado para construção de um galpão, com copa, escritório e banheiro, para a instalação de duas composteiras de alvenaria e da estufa do viveiro, para aquisição de veículo utilitário, além da produção de catálogo com as espécies produzidas, website, fôlderes e banners, treinamentos e capacitações.
O investimento possibilitou ainda melhorias ambientais, pois o composto é gerado no local e as mudas nativas estão sendo produzidas sem agrotóxicos e em embalagens biodegradáveis. As melhorias implantadas no viveiro vão contribuir para a busca de novos mercados e a consequente geração de renda. A meta, a partir do projeto, é alcançar 75 mil mudas (antes 5 mil) até setembro, quando termina o projeto, e comercializar pelo menos 80% da produção.
Já a Autorização de Manejo é importante para comprovar que a atividade está aprovada, além de agregar valor e reconhecimento à prática socioambiental de manejo sustentável da floresta, como estratégia de conservação da Floresta Ombrófila Densa. Na lista aprovada pela SMA, estão as sementes de Gariroba (Campomanesia neriflora), Bacupari (Garcinia gardneriana), Araçá (Psidium catteleianum), Aroeira-Pimenteira (Schinus terebintifolia), Ingá-Branco (Inga edulis), Guamirim /Camarinha (Myrcia richardiana), Cuvantã (Cupainia oblongifolia), Plantulas, Jerivá (Syagrus romanzofiana) e Guapeava (Pouteria ramiflora).
O projeto consolida as parcerias voltadas ao desenvolvimento de atividades econômicas que permitem o incremento de renda das comunidades tradicionais e agricultores familiares com conservação da biodiversidade. “É importante que este não seja um trabalho apenas da Secretaria do Meio Ambiente, mas seja reconhecido como um trabalho de cada um de nós aqui reunidos”, afirmou a secretária durante a visita à Nhunguara. “Vocês fazem desenvolvimento sustentável na prática”, destaca Patrícia Iglecias.
Comunidade Nhunguara
Noventa e uma famílias vivem na comunidade remanescente de quilombo Nhunguara. Ela ocupa uma área de 8.100 hectares entre os municípios de Eldorado e Iporanga, no Vale do Ribeira. Desde que a Fundação Itesp reconheceu a comunidade, em 2001, o Governo do Estado direcionou R$ 423 mil para os beneficiários. O recurso foi aplicado na construção de equipamentos comunitários, melhoria da rede de distribuição de água, recuperação de estradas e doação de insumos diversos, como calcário, sementes e kits de aves e de hortas domésticas.
Há cerca de 15 anos, o Viveiro de Mudas Sítio Pedra da comunidade Nhunguara trabalha com a produção de mudas florestais nativas da Mata Atlântica. O grupo é constituído por 11 beneficiários, oito deles mulheres. As mudas produzidas no viveiro são adquiridas pela própria comunidade e comercializadas no Vale do Ribeira e na região de Sorocaba. Nos próximos anos, a meta dos quilombolas é dobrar o número de beneficiários que trabalham no local. O projeto contribui para geração de renda e emprego, além de inspirar outras comunidades a adotarem iniciativa semelhante.