
08/03/2016
Angico para alguns pode ser uma referência histórica – Grota de Angicos, no sertão sergipano, local onde Lampião e Maria Bonita foram mortos. Para outros, pode se referir à cidadezinha do interior potiguar – Angicos, local escolhido por Paulo Freire para dar início ao seu projeto pioneiro de alfabetização.
Provavelmente, os dois lugares têm a origem de seus nomes ligada à árvore de flores brancas e pequenas, cheirosas, delicadas e bonitas, que atraem abelhas produtoras de mel.
Chamada Angico (Anadenanthera colubrina), ela ocorre em várias regiões do Brasil. Está presente na Caatinga, no Cerrado e na Mata Atlântica. É uma árvore de crescimento rápido, podendo atingir 30 metros de altura.
Robusta (resistente), seu tronco pode ter mais de um metro de diâmetro, revestido por casca mais ou menos lisa. Essa casca, por sinal, é rica em taninos (substâncias produzidas pelas plantas que evitam ataques de microrganismos patogênicos – que causam doenças) e por isso muito utilizada em curtumes (fábrica de couros e peles).
Sua madeira é dura e de grande durabilidade. Podendo ser usada na construção civil e naval, em dormentes, telhados, assoalhos, marcenaria, carpintaria, além de produzir lenha e carvão de boa qualidade.
Como muitas das espécies da flora brasileira, o angico também possui valor medicinal. Sua casca tem propriedades adstringentes, depurativas e hemostáticas, ou seja, são indicadas: para reduzir sangramentos, combater diarreias, ajudar na cicatrização da pele; para ajudar a eliminar substâncias nocivas que prejudicam a saúde; e para estancar hemorragias.
Por causa de seu rápido crescimento e de fácil adaptação inclusive em terrenos pobres e degradados, o angico é considerado uma espécie pioneira, quer dizer, uma espécie utilizada para iniciar o plantio de árvores. Por conta disso, tem sido recomendado para projetos de recuperação florestal, especialmente, em áreas de reposição de mata ciliar.
O angico é uma das árvores aproveitadas com bastante sucesso e indicada pela Secretaria de Meio Ambiente (SMA) de São Paulo para projetos de recuperação ambiental, como o Programa Nascentes, que visa promover a restauração ecológica e proteger os recursos hídricos.
Texto: Cris Leite
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