18/08/2016
Nesta quinta-feira, 18/8, o Rio de Janeiro é a cidade dos atletas e também das baleias. Às 17h, a cidade sedia o lançamento da Campanha pela Criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul. O evento acontece na Casa Brasil – Pier Mauá, na Av. Rodrigues Alves, 10 – Centro – Rio de Janeiro-RJ.
A proposta de criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul é patrocinada pelos Governos da África do Sul, Argentina, Brasil, Gabão e Uruguai, com o apoio da maioria dos países-membros da Comissão Internacional da Baleia – CIB. Foi anunciada pela primeira vez na 50ª Reunião Anual da CIB em Omã em 1998. Nas reuniões seguintes, a proposta ganhou apoio consistente e crescente, e se aproxima dos 5% dos votos necessários para aprovação. Na 65ª Reunião, realizada em 2014 na Eslovênia, a proposta foi apresentada conjuntamente pela África do Sul, Argentina, Gabão e Uruguai e ganhou apoio de 69% dos países-membros, que votaram a favor da criação do santuário.
Para a próxima reunião da CIB, que ocorrerá de 20 a 28 de outubro em Portoroz, Eslovênia, o Brasil e os demais países copatrocinadores submeterão a proposta mais uma vez, em uma versão atualizada que inclui um plano de manejo e segue todas as recomendações do Comitê Científico da CIB. Esta nova versão foi avaliada em junho de 2016 em Bled, Eslovênia.
O estabelecimento de santuários de baleias está de acordo com as regras da Convenção Internacional para a Regulamentação da Pesca da Balei e é inteiramente consistente com as práticas atuais de conservação marinha no mundo. Os santuários de baleias têm o potencial de aprimorar atividades socialmente importantes como pesquisa, observação de baleias e educação, particularmente nos países em desenvolvimento. Até o momento, a CIB adotou três santuários, dois dos quais ainda permanecem em vigor: o Santuário do Oceano Índico, estabelecido em 1979 e que cobre a totalidade do Oceano Índico ao sul de 55ºS, e o Santuário do Oceano Austral, adotado em 1994 e que abrange as águas do Oceano Austral ao redor da Antártica.
Triste história
No século 20, cerca de 2.9 milhões de baleias foram caçadas no mundo inteiro. Isto representa a maior mortandade de animais da historia em termos de biomassa. Os estoques de baleias em todos os oceanos foram dizimados. Aproximadamente 71% de todas as mortes de baleias ocorreram no hemisfério sul. As baleias fin, cachalote, azul, sei, franca e minke foram, de longe, as espécies mais caçadas dos Oceanos Atlântico Sul e Austral. Todas essas espécies são consideradas ameaçadas.
Para evitar a extinção das baleias, uma moratória para a caça comercial foi estabelecida em 1985 pela CIB. No entanto, houve uma drástica redução das populações de baleias e outros cetáceos, na medida em que se tornaram vitimas de outras atividades humanas como captura incidental, poluição sonora, colisão com navios, lixo marinho, emalhe e mudança do clima.
Para assegurar a recuperação das populações de baleias, a criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul foi proposta na CIB em 1998. O Santuário objetiva manter ou aumentar os estoques atuais das diferentes espécies de baleia que habitam a região, mitigando ameaças existentes e potenciais.
Ao menos 51 espécies de cetáceos habitam as águas do Atlântico Sul. Seis delas – baleias azul, fin, sei, minke antártica, jubarte e franca – são espécies altamente migratórias que se alimentam nos oceanos antártico e subantártico no verão e se reproduzem em águas tropicais, subtropicais e temperadas no inverno e na primavera. Outras importantes espécies que também serão protegidas pelo santuário são as baleias cachalote, bryde e pigmeia.
O Santuário de Baleias do Atlântico Sul limita-se ao sul com o Santuário de Baleias do Oceano Austral (Antártica), e, juntos, podem proteger todas as baleias que visitam as águas jurisdicionais brasileiras, bem como as da Argentina, do Uruguai e de todo litoral sudoeste do continente africano.
O Santuário também pretende estimular a pesquisa não-letal e não-extrativa coordenada na região, especialmente pelos países em desenvolvimento, através da cooperação internacional com a participação ativa da CIB. Entre seus objetivos estão desenvolver o uso econômico sustentável, não extrativo e não-letal de baleias para o beneficio das comunidades costeiras na região, como a observação de baleias; e integrar a pesquisa nacional, os esforços de gestão e as estratégias de conservação em uma estrutura cooperativa, maximizando a eficácia das ações.
A partir do desenvolvimento de pesquisa não letal, será possível fazer o monitoramento da recuperação das populações de baleias quase extintas pela caça no passado, analisar as ameaças e as medidas de mitigação (intervenção humana com o intuito de reduzir ou remediar um determinado impacto ambiental nocivo), além de estabelecer projetos e iniciativas para melhor compreender as rotas mitigatórias e os padrões de movimento desses grandes animais.
Fonte: Ministério do Meio Ambiente
Serviço
Lançamento da Campanha pela Criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul
Data e horário: 18 de agosto de 2016, às 17 horas
Local: Casa Brasil – Pier Mauá
End.: Av. Rodrigues Alves, 10 – Centro – Rio de Janeiro/RJ