28/09/2016

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A necessidade de restaurar florestas é um consenso, assim como plantar para subsistência e geração de renda de forma sustentável. O uso de práticas agrícolas de forma integrada, que favorece o equilíbrio ambiental e contribui para a redução do desmatamento, com a introdução de espécies nativas, conhecido como Sistemas Agroflorestais (SAFs) tem sido cada vez mais utilizado. Por suas características e benefícios, Sistemas Florestais é o tema do VIII Encontro Paulista de Biodiversidade (EPBio), realizado nos dias 27 e 28 de setembro, na Secretaria do Meio Ambiente (SMA).

Bastante variáveis e flexíveis, os sistemas agroflorestais permitem o uso da terra com diferentes árvores e arbustos e a produção agrícola e/ou pecuária. Assim é possível utilizá-lo em qualquer área e cultura.

No encontro, ao ser debatido os aspectos socioeconômicos e ambientais dos SAFs e agroecologia, a biodiversidade se destaca, já que deve estar presente no sistema produtivo ecológico, sem a qual não há sustentabilidade. É dela também a responsabilidade de regular as funções ecossistêmicas. Segundo o palestrante Enrique Ortega, da Unicamp, uma área degradada pode recuperar sua capacidade produtiva em um sistema agroecológico com serviços ecossistêmicos.

Como se percebe, os benefícios dos SAFs são diversos e necessários. Mas, as dificuldades também existem. Uma delas é massificar os sistemas agroflorestais. “Temos uma ausência histórica de políticas adequadas para novos sistemas de produção”, lembra João Dagoberto, da Esalq.

Ao pautar o tema, o EPBio busca subsídios para incentivar Sistemas Agroflorestais como atividade econômica, alternativa para o Programa de Regularização Ambiental e ferramenta para a restauração ecológica, bem como discutir a utilização da agroecologia como meio de promoção de restauração ecológica em larga escala, sem a utilização de herbicidas.

Em pauta

A abertura do EPBio foi marcada pela presença da escritora Edmara Barbosa, que contou como foi a decisão de escrever sobre técnicas de preservação da natureza e produção de alimentos sustentáveis em uma obra de ficção, no caso Velho Chico. “Queria entender em que momento paramos de olhar para o planeta para destratá-lo. A terra é um organismo vivo. Se continuarmos a destruir para produzir vamos acabar com a vida humana”, destacou.

Produzir de maneira sustentável não é mais uma opção, é uma necessidade urgente. E o tema tem ganhado cada vez mais espaço nas discussões técnicas. “É preciso ter respeito a natureza, mas sem desprezar a sustentabilidade econômica e financeira”, ressaltou o secretário Ricardo Salles.

Também na abertura do evento, Danilo Amorim, coordenador de Biodiversidade e Recursos Naturais, destacou que o SAF trabalha com a biodiversidade, sem deixar de lado a geração de renda, que agrega valor ao preservar a natureza, e ainda remete aos primórdios da agricultura.

O EPBio é realizado anualmente, desde 2008, pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente, por meio de sua Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais (CBRN). O evento foi criado com a proposta de reunir academia, sociedade civil e governo, promovendo o debate em torno das questões mais relevantes a respeito da biodiversidade, e constituindo um fórum importante para a proposição de novas estratégias e políticas para a conservação e recuperação da biodiversidade em São Paulo.

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