
26/05/2017
Texto: Cris Leite
Imagem: Vale da Serra do Mar – Jean-Baptiste Debret
No mundo, existem áreas de grande riqueza natural e de ampla biodiversidade, mas que estão sob ameaça de degradação ou de extinção. São os chamados hotspots. No Brasil, encontram-se dois deles: a Mata Atlântica e o Cerrado.
A Mata Atlântica é um conjunto de formações florestais que inclui outros tipos de vegetação como campos naturais, restingas e manguezais.
Originalmente, estendia-se por aproximadamente 1.300.000 km², do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, cobrindo 17 estados brasileiros. Hoje, restam apenas cerca de 20% desse total. Além disso, mais de 60% da população brasileira reside em área de mata atlântica.
Explorada desde os primeiros anos de colonização, com a extração de nossa primeira riqueza, o pau-brasil, a Mata Atlântica ainda acolhe uma das maiores biodiversidades do mundo. Foi reconhecida como Patrimônio Nacional pela Constituição Federal de 1988 e como Reserva da Biosfera pela Unesco.
A Mata Atlântica abriga centenas de espécies da fauna e flora, muitas endêmicas, ou seja, apenas encontradas nessa região. São mais de 20 mil espécies de plantas e mais de duas mil espécies de animais.
Apesar de tanta riqueza, a Mata Atlântica é bastante vulnerável. Cerca de 400 animais e 200 espécies de plantas estão ameaçadas de extinção, entre eles, o mico-leão-dourado, a onça-pintada, o tamanduá, o bugio, a palmeira-juçara, o pau-brasil, o jequitibá-rosa, a peroba.
Em razão da relevância desse bioma, foi instituído o dia 27 de maio como o Dia da Mata Atlântica, uma forma de incentivar iniciativas de preservação e de proteção ambiental a uma das áreas mais ricas do planeta.
A data escolhida faz referência a outro marco histórico. Em 27 de maio de 1560, o Padre Anchieta escreveu a Carta de São Vicente dirigida aos seus superiores. Na carta, uma das mais longas escritas pelo clérigo, ele discorria sobre as belezas e as qualidades da vegetação presente no litoral paulista.
“Todo o Brasil é um jardim em frescura e bosque e não se vê em todo o ano árvores nem erva seca. Os arvoredos se vão às nuvens de admirável altura e grossura e variedade de espécies. Muitos dão bons frutos e o que lhes dá graça é que há neles muitos passarinhos de grande formosura e variedade […]. Há muitas árvores de cedro, áquila, sândalos e outros paus de bom olor e várias cores e tantas diferenças de folhas e flores que para a vista é grande recreação e pela muita variedade não se cansa de ver.”