
25/05/2017
Texto: Anna Karla Moura
Fotos: Arquivo Eliseu Frechou, João Mauro Carrillo e Fundação Florestal
Em meio à deslumbrante paisagem da Serra da Mantiqueira, um conjunto de rochas se destaca com imponência, no município de São Bento do Sapucaí. Trata-se da Pedra do Baú, que juntamente com suas “irmãs” Bauzinho e Ana Chata, é assunto do terceiro post da nossa série sobre monumentos geológicos abertos à visitação no estado de São Paulo.
Localizada a aproximadamente 200 km da capital paulista, a estância climática São Bento do Sapucaí possui uma boa estrutura para receber turistas e abriga um dos principais atrativos para praticantes de escalada no Brasil: o complexo da Pedra do Baú. O conjunto de rochas tem pelo menos 30 vias de escalada, com diversos graus de complexidade técnica e dificuldade, e diferentes extensões e altitudes. Do alto da pedra, se consegue ter uma bela vista da Serra da Mantiqueira, na região da divisa dos estados de São Paulo e Minas Gerais. Além disso, a pedra, em si, é tão evidente na paisagem que chega a ser visível de diversas localidades do Vale do Paraíba, já tendo sido usada como instrumento de navegação geográfica.
Em termos geomorfológicos, podemos dizer que a Pedra do Baú é uma imponente feição que abrange um conjunto de cristas rochosas (denominadas Ana Chata, Bauzinho e Pedra do Baú), com ponto culminante a 1.905 metros de altitude. O monumento é constituído por gnaisses do Complexo Varginha-Guaxupé, com origem datada do período pré-cambriano. Sua evolução geológica está intimamente relacionada aos processos tectônicos e erosivos que se seguiram à ruptura continental, em especial, à origem e a evolução do rift continental do sudeste do Brasil, durante o Paleógeno. Saiba mais sobre essa formação morfológica neste link.
Unidade de conservação
Além de ser um monumento geológico, a Pedra do Baú também é um Monumento Natural Estadual (MONA), dentro de uma Área de Proteção Ambiental – a APA Sapucaí-Mirim. A área é conservada por meio de gestão compartilhada entre a Fundação Florestal (instituição vinculada à Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo) e a Prefeitura de São Bento do Sapucaí.
O monumento natural é uma unidade de conservação que tem como objetivo primordial a preservação de sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica. No caso da Pedra do Baú, o seu tombamento visa proteger a biodiversidade, os recursos hídricos e a paisagem local, bem como preservar o seu significado como marco cultural e histórico, sua relevância geológica, organizando a visitação turística e o uso esportivo da rocha, garantindo, assim, a segurança do ambiente natural e de seus usuários.
A visitação em unidades de conservação dessa categoria deve ser feita de acordo com o que estabelece o plano de manejo da área, respeitando as normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua gestão.
Trilhas e escalada
O acesso ao Complexo do Baú se dá por meio de uma estrada asfaltada que liga os municípios de Campos do Jordão e São Bento do Sapucaí. Para chegar bem próximo ao ponto de onde partem algumas das principais trilhas, percorre-se, de carro, uma estrada não pavimentada de cerca de seis quilômetros de extensão. A partir do estacionamento, continua-se o caminho até a rocha a pé. Placas indicativas orientam os visitantes quanto às trilhas existentes no local.
Para quem procura uma trilha de nível fácil, a do Bauzinho é uma boa pedida, podendo ser percorrida inclusive por crianças. A trilha tem extensão de 100 metros e duração de 30 minutos. É um bom local para contemplação e relaxamento. De lá, tem-se uma bela vista de São Bento do Sapucaí e da Pedra do Baú. Quem percorre o caminho em silêncio e com atenção, tem mais chances de avistar pequenos animais ao longo do percurso.
A trilha Ana Chata já é um pouco mais longa e com maior grau de dificuldade. Sua extensão é de 3,8 quilômetros e leva-se pelo menos duas horas para percorrê-la. O acesso ao cume é feito por escadas instaladas na rocha. O acesso é mais simples que o da Pedra do Baú e há guarda-corpos nos pontos mais íngremes.
A trilha do Baú, Via Ferrata (Face Norte), tem 5 quilômetros de extensão e tem duração de cerca de 4 horas. Só a caminhada até a base da pedra já é considerada difícil, por causa da extensão e do relevo. Chegando até ali, ainda há a subida até o topo da rocha. Por isso, trata-se de uma opção para trilheiros mais experientes. Da base até o topo da pedra, são 600 degraus da Via Ferrata, que levam o visitante a uma altitude de 1.950 metros. A subida é emocionante. Recomenda-se fortemente a contratação de um instrutor experiente para acompanhar o grupo e o uso de equipamentos de segurança.
História
A Pedra do Baú já foi conhecida como Embahú, que significa “ponto de vigia” em tupi-guarani. Também já foi chamada de Canastra, pelos tropeiros e pessoas da região. Canastra é um tipo de baú grande. Em seu entorno, há muitas matas nativas. Registros indicam que os primeiros a escalarem a pedra até o topo foram os irmãos sambentistas Antônio e João Cortez, em 1940. Depois disso, o acesso ao topo foi facilitado por meio da instalação de escadas de grampos. Mas mesmo com as escadas, recomenda-se o uso de equipamentos de segurança. No cume, pode-se ver vestígios de um dos primeiros abrigos de montanha do Brasil, construído na década de 1950 pelos irmãos, com ajuda do empresário Luiz Dummont Villares e de moradores da região.
Serviço
Monumento Natural da Pedra do Baú
Endereço: Estrada da Campista, km 21, Estrada de acesso ao Baú – Bairro Campista – São Bento do Sapucaí
Telefones: (12) 3663-1977 (12) 3663-3762
Como chegar: http://www3.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/mona-pedradobau/como-chegar/