
15/08/2017
Texto: Newton Miura
O Brasil é o quinto maior exportador de mel do mundo e tem potencial para melhorar no ranking. O primeiro passo para que isso aconteça é fazer com que o produtor tenha acesso ao controle de qualidade daquilo que produz. É o que diz a pesquisadora Cynthia Fernandes Pinto da Luz, bióloga, doutora em Ciências Geológicas, diretora do Núcleo de Pesquisa em Palinologia e curadora da Palinoteca do Instituto de Botânica (IBt), da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

Estudos sobre pólen e esporos ajudam a entender a questão ambiental. Foto: Pedro Calado
Esse núcleo é um dos poucos centros de pesquisa no Brasil que faz a certificação do mel. É por meio da análise do pólen presente nos méis que se faz a certificação quanto à origem botânica e geográfica do produto. “A certificação é muito importante para os apicultores e meliponicultores, pois indica a contribuição da composição da florada do mel, com o que poderá obter melhores preços no mercado”, diz a pesquisadora.
“Há, hoje, pressão dos apicultores para se fazer a classificação do mel com mais eficiência quanto à sua origem botânica para uma maior competitividade do produto nacional na comercialização internacional”.

Coleção da palinoteca do IBt e uma das maiores do Brasil. Foto: Pedro Calado
O processo de certificação é feito por meio da identificação do pólen pelo microscópio e depois comparar com os catálogos já existentes no IBt. A Palinoteca do IBt, criada em 1960, possui atualmente 25 mil lâminas de microscopia contendo pólen e esporos, de cerca de 5.000 espécies de plantas.
Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, um complicador para a certificação no Brasil em relação à Europa, por exemplo, é a diversidade vegetal existente no País, fator que implica em um maior número de espécies de flores e, por consequência, de pólen.

Cristina Cano desenvolve pesquisas com especialistas do IBt. Foto: Pedro Calado
Cynthia defende também que a certificação com análise polínica passe a ser exigida por lei, assim como é na Europa. No Brasil, a classificação quanto à origem floral e silvestre é indicada pelo apicultor. O problema é a falta de mão de obra especializada no tema.
“Temos, hoje, umas dez pessoas dedicadas à Palinologia no Brasil, principalmente, no Amazonas, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo”, afirma ela.

Cynthia Luz defende aperfeiçoamentos na legislação sobre méis. Foto: Pedro Calado
Para realizar a certificação, é preciso uma amostra de, no mínimo, 100 g de mel para fazer a análise polínica qualitativa e quantitativa completa, incluindo os cálculos de abundância relativa de cada tipo de pólen e avaliação da presença de fungos, bactérias e outros organismos, além de resíduos, que podem indicar se é realmente um produto floral, melado ou uma fraude. Uma análise, com emissão de laudo técnico de certificação da origem nectarífera, custa R$ 500.
Já uma análise parcial, que exige uma amostra de, pelo menos, 50g, sai por R$ 300.
O prazo para o atendimento é de um dia para a análise parcial e de três a dez dias para a completa, após o recebimento das amostras.
Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 11-5067.6000 ou pelo e-mail eventocomercial@ibot.sp.gov.br.