
02/11/2017
As principais tendências quanto ao uso de novas ferramentas disponíveis para a elaboração de projetos de restauração de áreas degradadas e a evolução das pesquisas científicas que possam subsidiar as políticas públicas serão temas do VII Simpósio de Restauração Ecológica, promovido pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente, por meio do Instituto de Botânica de São Paulo, de 6 a 10 de novembro.
Em entrevista, o diretor-geral do IBt Luiz Mauro Barbosa explica um pouco como será a agenda de debates e palestras dessa edição, que contará ainda com o lançamento da “Lista de Espécies Indicadas para Restauração Ecológica para diversas Regiões do Estado de São Paulo”.
Esta é a sétima edição do Simpósio de Restauração Ecológica. Quais destaques?
Sob o tema central “Tecnologia e Avanços”, a sétima edição do Simpósio vai abordar o atual estágio de conhecimento da restauração ecológica, associado aos avanços tecnológicos e necessidades de orientação e monitoramento pelos órgãos públicos para o setor. O tema alinha-se às recentes demandas governamentais e da sociedade relativas ao desenvolvimento tecnológico e à inovação. Com isso pretende-se promover uma ampla discussão sobre as principais tendências relativas à utilização de novas ferramentas para elaboração de projetos de recuperação de áreas degradadas e debater a evolução das pesquisas científicas que têm subsidiado as políticas públicas no tema. Os últimos avanços e tecnologias na área de restauração ecológica serão apresentados e discutidos na forma de palestras e mesas-redondas, com apresentações de especialistas. Haverá ainda minicursos e estandes de apresentação de trabalhos científicos e de atividades relacionadas à disponibilização de produtos e serviços voltados à restauração ecológica.
O que foi considerado para definir os temas abordados?
Nossa experiência de mais de 20 anos no tema nos levou a abordar as inovações das pesquisas científicas nas atividades de restauração de florestas secas e úmidas, bem como as novas tecnologias utilizadas nessas atividades. Adicionalmente, serão tratados temas como a regularização de propriedades rurais no Brasil, a sustentabilidade e a economia nos processos de recuperação de áreas degradadas. Também será apresentado um exemplo de restauração, fruto de um projeto que norteou as ações de conservação da biodiversidade vegetal no empreendimento rodoviário do Rodoanel Mário Covas , que vem sendo orientado pelo Instituto de Botânica, em cooperação com técnicos e biólogos da Dersa.
Durante o evento, serão proferidas 16 palestras e apresentados 175 trabalhos na forma de painéis. Totalizando a participação de 26 especialistas, de 17 instituições de pesquisa, órgãos de governo e do exterior.
E sobre os minicursos? A ideia é facilitar a prática? A quem se destina?
Os cinco minicursos são demandas específicas. A ideia é atender ao público-alvo participante do simpósio desde estudantes até diferentes profissionais envolvidos com pesquisa cientifica, ministério público, órgãos oficiais de assistência técnica, licenciadores públicos, consultores ambientais, grandes empresários da cadeia produtiva, ONGS, entre outros.
Fale sobre o lançamento da lista de espécies indicadas para restauração ecológica para as diversas regiões do estado de São Paulo.
O livro será lançado no dia 8 de novembro, durante a abertura do Simpósio. Ele é uma “ferramenta” indispensável para reflorestamentos qualificados, a partir de uma listagem exemplificada de espécies vegetais nativas regionais, de ocorrência em ambientes florestais e campestres, indicadas para plantio e/ou manutenção da biodiversidade. Na primeira edição desta lista, publicada em 2001, constavam 247 espécies arbóreas recomendadas para produção de mudas.
Depois de um levantamento amplo e criterioso, chegou-se ao resultado atual: uma lista que contemplou 939 espécies arbóreas, 175 arvoretas, 448 arbustos, 218 subarbustos, 484 ervas, 167 lianas, 242 epífitas, 145 aquáticas e paludosas e 133 pteridófitas, totalizando 2.951 espécies.
Nesta nova revisão, foram destacadas 678 espécies da flora ameaçada de extinção do estado de São Paulo (destacadas em vermelho). Também foram contemplados outros aspectos relevantes sobre as plantas, como origem ou consequências antrópicas, visando a apoiar propostas de restauração ecológica.
Essa obra é única considerando-se a quantidade de informações práticas e seguras nela incluídas e passíveis de serem utilizadas em projetos de restauração ecológica. Será, sem dúvida, mais uma importante “ferramenta” a ser adotada por órgãos ambientais na formulação de políticas públicas, visando à restauração ecológica e à conservação da biodiversidade. Além disso, complementa essa obra, um roteiro de projetos de restauração florestal, por meio de plantio de mudas nativas, desenvolvido pelo Instituto de Botânica do Estado de São Paulo.
Como o livro pode ser adquirido?
Poderá ser adquirido na São Paulo Expo Exhibition & Convention Center, que durante a realização do VII Simpósio de Restauração Ecológica com desconto especial de até 50%. Após esta data, poderá ser adquirido no IBt ou pelo site www.botanica.sp.gov.br
Qual a contribuição dos simpósios anteriores para a restauração ecológica do estado?
O Instituto de Botânica organizou e realizou o 1º Simpósio de Mata Ciliar, em abril de 1989. Desde então, foram mais de 20 eventos com a comunidade científica, além de muitos cursos de capacitação, abrangendo vários aspectos da restauração ecológica de áreas degradadas. Esses eventos têm como principal objetivo promover a atualização e a troca de experiências sobre restauração ecológica, nos âmbitos nacional e internacional. Além disso, orienta alunos e oferece, para cursos de pós-graduação, disciplinas sobre o tema, como “Princípios, Ferramentas e Ações para Restauração Ecológica de Áreas Degradadas” e “Biologia de Sementes de Espécies Tropicais”.
Com a criação da Coordenação Especial de Restauração de Áreas Degradadas (CERAD), em 2000, e os projetos de políticas públicas, apoiados pela FAPESP, verificou-se a necessidade de se estabelecerem normas/procedimentos orientativos para a restauração ecológica no estado de São Paulo. Reflexos positivos dessas políticas podem ser observados pelo sucesso alcançado em áreas já restauradas, por importantes avanços sobre modelagem e técnicas de restauração adotadas e até pela eliminação do déficit de produção quali-quantitativa de sementes e mudas no estado de São Paulo, entre outros.