O Instituto Geológico (IG), órgão da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, realizou em janeiro e fevereiro vistorias técnicas emergenciais em vários municípios, junto com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC), para avaliação de áreas críticas sujeitas a escorregamentos de encostas ou a inundações, orientando a interdição de moradias em risco iminente com necessidade de remoção de moradores.

Nesta temporada, já foram feitas vistorias nos municípios de São Luís do Paraitinga, Ubatuba, Ribeira, São Sebastião e Ilhabela, onde as chuvas em regime intenso causaram grandes danos, colocando vários bairros em situação de risco.

Essa ação faz parte do Plano Preventivo de Defesa Civil (PPDC), da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC), ativado todos os anos no dia 1° de dezembro e estendendo-se até 31 de março seguinte, com o apoio técnico do IG.

Na passagem do dia 22 para o dia 23 de fevereiro, o Município de Ubatuba foi atingido por fortes chuvas registrando um acumulado de 300 mm em 72 horas, levando técnicos do IG a fazer atendimentos emergenciais nos bairros Sesmaria, onde foi registrada uma morte em decorrência de um escorregamento que atingiu várias casas, e Enseada, também atingido por escorregamentos.

No dia 27, uma outra equipe do IG realizou vistorias no Distrito de Catuçaba, em São Luiz do Paraitinga, no Vale do Paraíba, que foi severamente atingido por chuvas, cujo acumulado de três horas foi de 139 mm. Enchentes, inundações e solapamento de margens de rios afetaram cerca de 150 moradias no centro do distrito, onde o nível das águas chegou a mais de 1,5 m.

Foto aérea de Ilhabela aponta bairros vistoriados pelos técnicos do IG

Em Ilhabela, foram vistoriados 13 pontos do município atingidos pela chuva de 157,99 mm do dia 14 de fevereiro, gerando um acumulado de 307 mm em 72 horas. Os técnicos do IG registraram problemas como escorregamentos e rolamento de blocos, além de processos hidrodinâmicos de enxurrada e consequente erosão que poderiam deflagrar processos de maior impacto sobre a população. Em São Sebastião, foram vistoriados sete pontos com a interdição de cerca de 30 moradias.

Em Ilhabela, escorregamento de talude afeta estrutura de moradia

No Município de Ribeira, no Vale do Ribeira, foi vistoriado um trecho de cerca de 500 m da Rodovia Sebastião Ferraz de Camargo Penteado (SP-250), onde a área foi afetada por processos de escorregamentos e quedas de blocos deflagrados pelas chuvas ocorridas no dia 29/12/2017, cujos índices atingiram acumulados de 186 mm entre 29 e 31/12/2016.

Igual atendimento foi feito em Monteiro Lobato, onde vários pontos do município foram afetados pelas chuvas registradas nos dias 25 e 26 de janeiro, que levaram a um acumulado de 133 mm em três dias, provocando inundações e destruição de pontes que davam acesso aos bairros. Segundo o protocolo de operação do plano, o município ingressou no nível de Alerta, levando à interdição de quatro moradias.

O trabalho dos técnicos não se encerra com a vistoria: inclui um minucioso relatório técnico, documentado com fotografias, apontando os problemas decorrentes, principalmente da ocupação irregular, e, o mais importante, fazendo recomendações de obras de contenção de erosões, inundações e enchentes, e procedimentos como limpeza de córregos e de bueiros.

Inundação em São Luiz do Paraitinga atinge vários bairros

Abrangendo 175 municípios, o plano da Coordenadoria de Defesa Civil, também conhecido como Operação Chuva de Verão, consiste em ações de monitoramento dos índices pluviométricos, previsão meteorológica, vistorias de campo e atendimentos emergenciais. Com quatro níveis operacionais – Observação, Atenção, Alerta e Alerta Máximo -, tem caráter preventivo com o objetivo principal de evitar a ocorrência de mortes, por meio da remoção preventiva ou temporária da população que ocupa áreas de risco, antes que os escorregamentos atinjam suas moradias.

Criado em 1989, o PPDC constitui um importante instrumento de prevenção de acidentes subsidiando as ações preventivas dos poderes públicos municipais e estadual, principalmente quando estes buscam soluções de problemas causados pela ocupação de áreas de risco.