22/03/2018

Artigo: Oswaldo Lucon

O tema que permeia o 8º Fórum Mundial da Água que está ocorrendo em Brasília é “compartilhando a água”. Isso remete a uma importante questão: a geopolítica dos recursos naturais. Foi-se o tempo em que poderia se considerar florestas, rios, oceanos e mesmo a atmosfera como “terra de ninguém”. Os limites naturais impõem também alertas para o crescimento da atividade humana, como já previsto no relatório do Clube de Roma de 1969 e discutido na primeira conferência ambiental mundial (Conferência de Estocolmo), na Suécia em 1972.

Anteriormente, em nome da soberania absoluta sobre os recursos, o Brasil convidava os processos poluentes a se instalarem por aqui. Esse tema é bastante recorrente ainda hoje quando se fala em desenvolvimento sustentável, pois se busca primeiro a ótica estritamente econômica de curto prazo. Isso não garante a base de nossa estrutura produtiva, como está demonstrado pela extrema vulnerabilidade que tem a nossa agricultura e a infraestrutura às mudanças climáticas globais.  Felizmente – não podemos fazer com a floresta amazônica o que os europeus fizeram com suas florestas centenas de anos atrás. Não podemos comprometer com poluição o importante aquífero Guarani, que ocupa considerável parte do subsolo do país. Não podemos ignorar a importância dos compromissos nacionais para o acordo do clima de Paris.

A nossa diplomacia tem plena consciência disso: nossas riquezas precisam ser valorizadas e, caso compartilhadas, os termos de troca precisam ser justos. Isso inclui aspectos como transferência de tecnologia, informação, capacitação e recursos financeiros. Neste complexo tabuleiro existe ainda uma variável adicional: não há tempo hábil para extensas negociações, uma vez que os sistemas naturais possuem seu ritmo próprio e correm muitas vezes sérios riscos de irreversível deterioração. A acidificação dos oceanos devido ao acúmulo de CO2 na atmosfera é um exemplo claro. Há, portanto, que se cuidar desses recursos – quer de forma soberana quer de forma compartilhada. Esse é um dos grandes desafios impostos a todos nós pelo 8º Fórum Mundial da Água.

22/03/2018

Artigo: Oswaldo Lucon

O tema que permeia o 8º Fórum Mundial da Água que está ocorrendo em Brasília é “compartilhando a água”. Isso remete a uma importante questão: a geopolítica dos recursos naturais. Foi-se o tempo em que poderia se considerar florestas, rios, oceanos e mesmo a atmosfera como “terra de ninguém”. Os limites naturais impõem também alertas para o crescimento da atividade humana, como já previsto no relatório do Clube de Roma de 1969 e discutido na primeira conferência ambiental mundial (Conferência de Estocolmo), na Suécia em 1972.

Anteriormente, em nome da soberania absoluta sobre os recursos, o Brasil convidava os processos poluentes a se instalarem por aqui. Esse tema é bastante recorrente ainda hoje quando se fala em desenvolvimento sustentável, pois se busca primeiro a ótica estritamente econômica de curto prazo. Isso não garante a base de nossa estrutura produtiva, como está demonstrado pela extrema vulnerabilidade que tem a nossa agricultura e a infraestrutura às mudanças climáticas globais.  Felizmente – não podemos fazer com a floresta amazônica o que os europeus fizeram com suas florestas centenas de anos atrás. Não podemos comprometer com poluição o importante aquífero Guarani, que ocupa considerável parte do subsolo do país. Não podemos ignorar a importância dos compromissos nacionais para o acordo do clima de Paris.

A nossa diplomacia tem plena consciência disso: nossas riquezas precisam ser valorizadas e, caso compartilhadas, os termos de troca precisam ser justos. Isso inclui aspectos como transferência de tecnologia, informação, capacitação e recursos financeiros. Neste complexo tabuleiro existe ainda uma variável adicional: não há tempo hábil para extensas negociações, uma vez que os sistemas naturais possuem seu ritmo próprio e correm muitas vezes sérios riscos de irreversível deterioração. A acidificação dos oceanos devido ao acúmulo de CO2 na atmosfera é um exemplo claro. Há, portanto, que se cuidar desses recursos – quer de forma soberana quer de forma compartilhada. Esse é um dos grandes desafios impostos a todos nós pelo 8º Fórum Mundial da Água.