
23/03/2018
A sinopse de “O Custo do Transporte Global”, do francês Denis Delestrac, exibido na Secretaria do Meio Ambiente na última quinta-feira (22), chama a atenção para a quantidade de produtos trazidos de terras longínquas, cerca de 90% do que é consumido.
O que a sinopse não revela são os impactos ambientais desse transporte. O filme debate as consequências na vida marinha, a poluição dos oceanos, as condições de trabalho nas embarcações, além de consumo consciente. Para os espectadores a questão que marcou foi ‘qual a responsabilidade de cada um na conservação dos oceanos? ’
O evento é realizado pela Coordenadoria de Educação Ambiental em parceria com a Mostra Ecofalante. O projeto tem como objetivo promover a reflexão sobre questões abordadas nos filmes relacionando com a atuação das instituições do Sistema Ambiental no cotidiano de cada um, por meio de discussões com especialistas ambientais.
A temática do filme foi ampliada no debate que se seguiu. Mediado por Rachel Azzari, coordenadora de Educação Ambiental, contou com a presença de Lady Virginia Meneses, gerente de acordos multilaterais da Cetesb; José Edemilson Júnior, gestor do Parque Marinho Laje de Santos e João Malavolta, coordenador do Instituto Ecosurf.
Em sua fala, o gestor Júnior ressaltou a importância do primeiro e único parque marinho estadual como unidade de conservação e alertou sobre o grande impacto que as atividades pesqueiras e principalmente a indústria naval exercem sobre os oceanos.
Lady Virginia discutiu sobre o impacto da indústria, mas, em especial, sobre o ciclo de vida de um navio, desde sua construção, seu tempo de uso e, por fim, o seu desmanche. Em todas as fases desse ciclo estão presentes poluentes perigosos que causam não somente problemas a vida marinha, mas também a saúde humana.
Já João Malavolta discorreu sobre um recente acidente no litoral do estado e o trabalho exercido pelas comunidades no intuito de coletar todo o material disperso no mar. Acrescentou ainda sobre o monitoramento que é feito sobre o lixo recolhido nas zonas costeiras e a linha de alcance que pode atingir – “O lixo recolhido aqui pode vir de muito longe em razão das correntes marítimos e dos ventos”.
Também foi lembrado que 80% do lixo marinho provêm da parte terrestre dos continentes em muito devido ao descarte inadequado.
Além de apontar para a responsabilidade de cada um na conservação dos oceanos, os convidados ressaltaram a importância da implantação de políticas públicas que atuem com o intuito de minimizar os impactos negativos do transporte marítimo.
A próxima sessão está marcada para o dia 26 de abril, com o filme “O espólio da Terra”, de Kurt Langbein, que discute economia saudável na produção de alimentos, além dos impasses por terras cultiváveis. Todos estão convidados.
Texto: Cris Leite / Rachel Azzari