
30/10/2018
Em 1928, a cidade de São Paulo ganhou um presente para as futuras gerações. Em 9 de novembro daquele ano nascia o Jardim Botânico de São Paulo. Dez anos mais tarde, o Instituto de Botânica, ambos referência nacional para a preservação da biodiversidade. A direção da entidade preparou uma programação especial na semana de 5 a 9 de novembro, que inclui a 25ª Reunião Anual do Instituto de Botânica (RAIBt).
O nascimento do Jardim Botânico de São Paulo se deu a partir de um convite feito ao naturalista Frederico Carlos Hoehne, para que implantasse um projeto de botânica na região do bairro da Água Funda, em São Paulo. Antes disso, os mananciais da região serviam para abastecimento de água do bairro do Ipiranga. Concomitantemente, Hoehne criou o Orquidário de São Paulo, considerado o marco inicial do jardim. Em 1938, com a criação do Departamento de Botânica de São Paulo – o atual Instituto de Botânica –, o espaço foi definitivamente oficializado.
Nesse oásis de 143 hectares, estão abrigadas e preservadas diversas espécies vegetais. O Botânico está geograficamente implantado no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, conhecido como Parque do Estado. A média/mês de visitação é de 20 mil pessoas, das quais quatro mil são alunos da rede pública. Para recebê-los, o IBt conta com 109 funcionários, dos quais 59 são botânicos.
À frente da entidade, há 42 anos, o engenheiro-agrônomo Luiz Mauro Barbosa conta que o Jardim Botânico de SP tem por objetivo mostrar o quanto a natureza é importante. Enfatiza que “temos que ter, cada vez mais, o cuidado com a biodiversidade. Em nosso espaço estão abrigadas 380 espécies diferentes de árvores – algumas delas em risco de extinção – e animais como preguiças, tucanos-de-bico-verde e bugios”.
Barbosa conta também que “uma das atrações do IBt é o Museu Botânico que dispõe de um acervo de plantas da flora brasileira, uma coleção de produtos extraídos de plantas, além de representações de ecossistemas do estado. Para estudantes e pesquisadores, disponibilizamos uma biblioteca com cerca de 6.400 títulos”.
No conjunto arquitetônico-cultural Barbosa destaca ainda as duas estufas que abrigam plantas típicas da mata atlântica e exposições temporárias; o Jardim de Lineu; o portão histórico de 1894; o marco das nascentes do riacho Ipiranga; a Alameda Fernando Costa; o Córrego Pirarungáua; as Escadarias/Jardim de Lineu – inspirados no Jardim Botânico de Upsala, na Suécia; o Lago das Ninfeias; o Jardim dos Sentidos; e a Trilha da Nascente do Riacho do Ipiranga.

Publicações e ensino
Editada em quatro fascículos por ano, a Revista Hoehnea é a publicação periódica do Instituto de Botânica. Além dela, o IBt produz, entre outras, publicações de amplo interesse das comunidades cientifica e técnica relacionadas com a biologia e a agronomia: Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo; Flora da Ilha do Cardos; Livro com informações completas sobre biodiversidade da Reserva Biológica de Paranapiacaba; Guia de Jardinagem e Paisagismo; e Lista de Espécies Indicadas para Restauração Ecológica para Diversas Regiões do Estado de São Paulo são alguns dos títulos do acervo.
Na área pedagógica, o IBt mantém um programa de pós-graduação em biodiversidade vegetal e meio ambiente, aprovado pela CAPES em 2002 e, desde 2009, classificado como Nível 5. A excelência científica do Instituto possibilita o sucesso do programa, elaborado para suprir a carência de formação de recursos humanos na área ambiental, com ênfase nas questões que envolvem botânica e meio ambiente. Atualmente, o programa conta com 90 alunos, 44 docentes, envolvendo 22 disciplinas, 29 bolsas de mestrado e 40 de doutorado, financiadas por CNPq, CAPES e FAPESP, num total superior a R$ 1,7 milhão/ano, demonstrando a capacidade de captação e recursos do programa.
A integração entre ensino/pesquisa/extensão resultou em mais uma atuação de docentes da pós-graduação e pesquisadores do IBt, que passou a oferecer, a partir de 2017, 15 cursos de extensão que abrangem todas as áreas de Botânica. Somado a isso foi estabelecido um Termo de Convênio com Universidades e Instituições de ensino superior objetivando a recepção, pelo IBt, de estagiários para desenvolvimento de estudos e pesquisas em suas unidades.

Pesquisa
Parte da missão do Instituto de Botânica é o desenvolvimento de pesquisas científicas e tecnológicas em quatro linhas de pesquisa: biodiversidade e conservação, recursos hídricos, mudanças climáticas e bioprospecção. Os técnicos realizam estudos de levantamento florístico, sistemática, fisiologia, bioquímica, morfologia, anatomia e ecologia, com ênfase no território do estado de São Paulo. Realizam, também, pesquisas sobre a flora em áreas de vegetação nativa, sujeitas a impactos ambientais ou degradadas, com vistas à preservação, recuperação e utilização sustentável dos recursos vegetais.
Além disso, o IBt gerencia a Coleção Científica, em especial a do Herbário Científico do Estado “Maria Eneyda P. Kauffman Fidalgo”, bem como as coleções vivas do Jardim Botânico, por meio de pesquisas e atividades de Educação Ambiental dirigidas a estudantes, professores e ao público em geral. A instituição faz parte da Botanical Garden Conservation International (BGCI) – coordenadora da Estratégia Global para a Conservação de Plantas.
Eventos
O IBt promove anualmente uma série de eventos, com destaque para: Dia do Meio Ambiente, Dia da Árvore, Jardim Botânico de Portas Abertas, Reunião Anual do Instituto de Botânica, Exposições de Orquídeas e Bromélias, Exposição de Bonsai. O Simpósio de Restauração Ecológica ocorre a cada dois anos e recebe cerca de 1.500 participantes. Promove também diversas corridas que atraem em torno de cinco mil pessoas.
Trilha das Nascentes, no Jardim Botânico
Texto: Dirceu Rodrigues
Fotos: Fernando Hisi e Jardim Botânico (Divulgação)