
30/04/2020
Para substituir o uso do pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia), atualmente na lista de espécies ameaçadas de extinção, os pesquisadores do Instituto Florestal (IF) órgão ligado à Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SIMA) se dedicaram à introdução de espécies do gênero Pinus no Brasil. Desde a década de 1960, o Pinus vem sendo estudado e melhorado geneticamente tornando-se uma importante atividade de silvicultura no país. Porém, ao longo do tempo, os pesquisadores observaram que a espécie exótica tinha capacidade de lançar sementes a grandes distâncias e se estabelecer em ecossistemas naturais, atrapalhando a vegetação nativa. Com o objetivo de orientar o controle ou erradicação dessas árvores exóticas e restabelecer o ecossistema natural, o IF produziu o livro manual “Invasão por Pinus ssp: Ecologia, Prevenção, Controle e Restauração”, que foi divulgado nessa quinta-feira (30) por meio de videoconferência.
“São Paulo age de maneira firme na preservação da biodiversidade e isso passa pelos nossos institutos de pesquisas, que contribuem com conhecimento e publicações como essa. O meio ambiente é a nossa prioridade”, disse o secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido.
Os pesquisadores compreenderam o processo de avanço do Pinus sobre áreas naturais e reuniram na publicação técnicas de controle e restauração dos ecossistemas prejudicados pela invasão. Originário do Hemisfério Norte, o gênero Pinus é composto por 111 espécies que se adaptaram facilmente às condições de clima e solo de muitos países onde não ocorriam naturalmente. No hemisfério sul, árvores de Pinus são muito utilizadas para produção de madeira, celulose, paisagismo e produtos não madeireiros.
“Nós temos privilegiado na Câmara de Compensação Ambiental projetos de pesquisa e inovação com o foco na biodiversidade. Esse livro cumpre um papel importante, vamos trabalhar em parceria com as cidades na capacitação dos gestores municipais e difusão dessa publicação”, comentou o subsecretário de Meio Ambiente, Eduardo Trani.
“Esse manual vem para ajudar na tomada de decisão, mas é importante a participação de um técnico capacitado para definir a estratégia local. Invasões biológicas são um problema mundial, que afeta desde grandes continentes até ilhas isoladas, podendo gerar prejuízos econômicos, ambientais e ecológicos”, complementou o diretor geral do IF, Luis Alberto Bucci.
A edição foi coordenada pela pesquisadora Giselda Durigan, que contou também com a participação dos co-autores Rodolfo C. R. de Abreu, Natashi A. L. Pilon, Natalia M. Ivanauskas, Carolina Bernucci Virillo e Vânia R. Pivello, ligados a diferentes instituições de pesquisa e ensino, que são a Floresta Estadual de Assis e a Divisão de Dasonomia do Instituto Florestal do Estado de São Paulo, o Instituto de Florestas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, o Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas, a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo e o Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.
Ao invadir ecossistemas naturais, em curto espaço de tempo as árvores de Pinus passam a exercer forte impacto, ocasionando perdas consideráveis de biodiversidade e até prejuízos para a oferta de recursos hídricos. “Eu fico muito feliz quando nossos estudos conseguem se transformar em política pública. É a ciência fazendo a mudança no mundo real”, comentou a pesquisadora, Giselda Durigan.
A edição apresenta de maneira simples e didática as estratégias para solucionar o problema da invasão de ecossistemas naturais por espécies de Pinus com métodos preventivos, controle e restauração.
“Mesmo fazendo os cortes, a gente não dá conta. É uma preocupação muito grande, pois essas invasões estão chegando nos campos nebulares”, registrou o gestor do Parque Estadual Serra do Mar, Núcleo Curucutu, Marcelo José Golçalves.
Para acessar o manual acesse o link: https://smastr16.blob.core.windows.net/iflorestal/sites/234/2020/04/manual_invasao_pinus-2020.pdf