02/06/2020

“O PDRS foi a maior política pública voltado aos SAF’s no Estado”, disse a assessora da Coordenadoria de Fiscalização e Biodiversidade (CFB) da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (SIMA), Neide Araújo. A afirmação foi dita durante sua apresentação no webinar sobre o Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável (PDRS) Microbacias II. O evento “Sistema Agroflorestais no Estado de São Paulo – A Experiência da SIMA”, realizado nessa segunda-feira (1), faz parte da programação especial da Semana do Meio Ambiente, que será celebrado no próximo dia (5).

O PDRS foi executado entre os anos de 2010 e 2018. Ao todo, foram investidos R$ 10 milhões para a implantação de sistemas agroflorestais com recursos oriundos do Governo do Estado e do Banco Mundial. Os trabalhos com SAF desenvolvidos no PDRS terão continuidade com ações de monitoramento financeiro econômico, biofísico e capacitações aos agricultores em temas de manejo e acesso ao mercado que serão garantidos pelo Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro), conforme explicou a especialista ambiental da SIMA, Ana Eliza Baccarin. “Existem poucos estudos sobre o tema e sabemos que a agrofloresta impacta positivamente sobre a preservação dos recursos hídricos, qualidade de vida e também a fauna”, comentou.

A equipe da CFB apresentou os detalhes da implantação dos sistemas agroflorestais do PDRS em várias regiões do Estado. O Projeto teve como objetivo promover o desenvolvimento rural sustentável e foi elaborado em parceria com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA).

No PDRS, a SIMA desenvolveu ações de apoio ao manejo sustentável dos recursos naturais (solo, água e biodiversidade) que contribuíssem para a mitigação e/ou adaptação às mudanças climáticas, ao mesmo tempo, fortalecessem em longo prazo a competitividade dos agricultores familiares.

No sistema agroflorestal o produtor define objetivos e escolhe as espécies arbóreas, arbustivas e de produção que vai consorciar podendo ser plantas de alimentação não convencional, ervas medicinais, frutíferas, verduras ou madeireiras.

Durante o PDRS foram realizados diversos treinamentos e encontros com os agricultores avaliando de forma participativa desafios e oportunidades e abordando também temas técnico-operacionais dos sistemas adubação, recomposição orgânica, calda para pulverização e dicas de manejo. “Existem produtos agroflorestais sendo utilizados em grandes restaurantes, por chefes renomados”, registrou o especialista ambiental da SIMA, Elder Stival Cezaretti.

Realizaram também apresentação no evento, a socióloga da CFB, Marina Eduarte Pereira; o especialista ambiental da CFB, Edson Albaneze Rodrigues Filho; o geógrafo da CFB Dagoberto Meneghini; e a engenheira do Instituto Florestal, Fernanda Peruchi.

Diversas associações, cooperativas de agricultores familiares e organizações não governamentais ambientalistas participaram do programa. Cerca de 600 famílias foram envolvidas, cada uma delas trabalhando em 1 hectare de sistemas agroflorestais. Para várias dessas famílias o projeto propiciou a aproximação ou conversão a um sistema produtivo mais saudável e diverso, em substituição à monocultura convencional antes praticada. Os resultados em área de sistemas agroflorestais implantados, recursos investidos, capacitações, melhoria ambiental e geração de trabalho e renda tornaram essa experiência a maior política pública voltada a sistemas agroflorestais no Estado de São Paulo.

Exemplo de sucesso do programa

Criado em 2003, o assentamento Mario Lago tornou-se uma Cooperativa com 22 produtores que cultivam em sistema de agrofloresta, prioritariamente em seus lotes. Os principais produtos da cooperativa são as folhas, legumes e algumas frutas. Desde o início estes produtores investiram em culturas de ciclo rápido no SAF para gerar renda. A comercialização coletiva permite os agricultores viverem da terra.

A participação no PDRS não só permitiu implantar o SAF, mas também contribuiu para estruturar a comercialização dos produtos, o que na visão dos representantes da cooperativa, foi fundamental para organização. “Apesar de sermos organizados socialmente em estruturas coletivas, faltava a estrutura para conseguirmos avançar mais com relação a questão econômica. O bom do PDRS é que conseguimos estruturar essas áreas. Toda segunda-feira fazemos um pregão para ofertar alimentos e na terça-feira separamos e higienizamos os produtos que vão para a feira e que vão para a cesta. Isso tudo foi criado através do PDRS”, disse Vandei Junqueira Aguiar, liderança da organização.

Em 2017 a cooperativa ingressou na Certificação Participativa de Produção Orgânica (UCS) e atualmente tem seu SPG (Sistemas Participativos de Garantia) em atuação.

Baixe a apresentação em: https://bit.ly/AGROFLORESTA_apresentacao
Perguntas feitas no chat com respostas: https://bit.ly/SAF_PR
Material sobre SAF: https://bit.ly/sad_folderF, https://bit.ly/SAF_folder1, https://bit.ly/SAF_folder2

O que é SAFs

O SAF é um sistema de uso da terra em que espécies lenhosas perenes (árvores e arbustos) são cultivadas associadas com plantas herbáceas (culturas agrícolas e pastagem) com interações ecológicas e econômicas entre esses componentes.

A produção agroflorestal contribui com a promoção da biodiversidade, melhoria da qualidade dos solos, controle de erosão, menor uso de água, redução de pragas, doenças e ervas daninhas, dispensando ou reduzindo o uso de agrotóxicos.

Os SAFs são uma alternativa de restauração produtiva para Reservas Legais e, no caso de agricultores familiares, para Áreas de Preservação Permanente.

Ao comprar produtos de sistemas agroflorestais, o consumidor contribui para a geração de renda da agricultura familiar, incentivando a prática de uma agricultura mais sustentável e, consequentemente, promovendo a segurança e soberania alimentar, além de apoiar a recuperação e conservação do meio ambiente.