
02/09/2025
Secretária Natália Resende, destacou as iniciativas e políticas públicas do Estado para ampliar a produção de energia renovável em SP
Estratégicas para impulsionar a transição energética e a economia circular de São Paulo, as potencialidades do biometano paulista foram amplamente debatidas no primeiro dia da 12ª edição do Fórum do Biogás, um dos principais encontros do setor no Brasil. O evento, realizado nos dias 2 e 3 de setembro, no São Paulo Expo, reúne representantes da cadeia produtiva, autoridades federais, estaduais e municipais, além de especialistas, investidores, acadêmicos e agentes do mercado nacional e internacional.
A abertura foi conduzida por Renata Isfer, presidente executiva da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), entidade organizadora do fórum. Ela destacou que o biometano já é realidade econômica e ambiental não apenas em São Paulo, mas também em diversos estados brasileiros. “É estratégico para a transição energética de São Paulo, mas também para a competitividade da indústria e a sustentabilidade da economia nacional, com ganhos ambientais e sociais. A cada ano o setor avança mais. As políticas públicas federais, estaduais e municipais ganham cada vez mais força. Sem o biometano e os demais biocombustíveis não teremos a transição energética possível, que a gente precisa”, afirmou.
A secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil), Natália Resende, participou do primeiro painel do dia, dedicado ao papel do biogás e do biometano como estratégia para a agenda de descarbonização. Ela apresentou as iniciativas e políticas públicas desenvolvidas pelo Governo de São Paulo para ampliar o uso do biometano e ressaltou a vocação paulista como líder no setor. “Já temos seis plantas de produção de biometano autorizadas, totalizando cerca de 310 mil metros cúbicos por dia de capacidade instalada, sendo metade do setor sucroenergético. Outras sete plantas estão em processo de autorização. Isso é muito significativo para São Paulo, que tem vocação para produzir e fomentar o biometano”, afirmou. A secretária citou ainda o projeto em Presidente Prudente, já em fase avançada de obras, que tornará o município o primeiro do Brasil a ser abastecido 100% com biometano na rede de gás encanado. “A instalação do primeiro gasoduto destinado ao transporte de biometano terá 40 km de rede na cidade, com expectativa de atender 5 mil pessoas, além de 58 estabelecimentos.”
A edição deste ano reuniu debates técnicos e regulatórios, além da apresentação de oportunidades concretas de investimento e negócios. O encontro contou ainda com exposição de tecnologias, rodadas de negócios e painéis sobre o protagonismo das mulheres no setor, inovação, mobilidade com biometano, certificações, mercado livre e internacionalização.
Ao longo da programação, painéis simultâneos abordaram tendências globais, estratégias de expansão e investimentos no fortalecimento do setor. Os temas ligados à COP30 ficaram para o encerramento, quando foram discutidos o papel do biogás na agenda climática brasileira e a relevância do biometano para a construção de um mercado livre de gás.
Durante o evento, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, assinou o decreto que institui o programa Bio SP, iniciativa que define regras para a aquisição de biometano e sua incorporação progressiva à frota de transporte público e de veículos de coleta de resíduos da cidade. O objetivo é substituir ônibus e caminhões a diesel por modelos movidos a combustíveis renováveis e menos poluentes.
Potencialidades paulistas
Um estudo recente, elaborado por um consórcio de consultorias contratado pela Fiesp, com apoio técnico e institucional da Semil, mostrou que o estado tem capacidade de produzir cerca de 6,4 milhões de metros cúbicos de biometano por dia — volume equivalente a 40% do consumo total de gás natural e 25% do consumo de óleo diesel do setor de transportes paulista. Desse total, 84% vêm do setor sucroenergético e 16% de aterros sanitários. Atualmente, em São Paulo, o biometano já é utilizado como matéria-prima para fertilizantes, como energético em processos produtivos e como combustível no transporte de frotas pesadas empresariais.
Consulta pública prorrogada
A Semil prorrogou até às 18h do dia 8 de setembro o prazo da consulta pública sobre a criação do certificado de garantia de origem do biometano paulista. O objetivo da ampliação é permitir que empresas, entidades e demais interessados tenham mais tempo para analisar o tema e enviar suas contribuições. Com a iniciativa, São Paulo torna-se o primeiro estado brasileiro a fomentar o mercado do atributo ambiental do biometano, por meio da construção de um instrumento voluntário que atenda critérios de integridade ambiental, rastreabilidade e não dupla contagem para fortalecimento desse mercado. As contribuições deverão ser enviadas neste link.