
05/09/2022
A Fundação Zoológico, da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente de São Paulo, em parceria com pesquisadores, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), está trabalhando para a proteção da espécie conhecida como perereca-pintada (Nyctimantis pomba). O objetivo é estabelecer uma população ex situ, como estratégia para caso exista uma necessidade de revigoramento populacional ou reintrodução da espécie na natureza.
A iniciativa é conduzida pelos biólogos Cauê Monticelli, da Fundação Zoológico, Cybele Lisboa, da Reserva Paulista e Clodoaldo Assis, pesquisador da UFV e autor da descrição da espécie.
“A conservação ex situ trabalha com espécies fora do seu habitat natural, usando uma outra localidade para preservar e aumentar essa população ameaçada de extinção”, explica Cybele.
O trabalho foi iniciado em 2019 no Centro de Conservação de Fauna Silvestre do Estado de São Paulo (CECFAU), uma das unidades da Fundação Zoológico, localizada em Araçoiaba da Serra, interior do Estado. Atualmente são 11 indivíduos da espécie vivendo no processo ex situ, compondo o trabalho de pesquisa.
“Em 2019 estávamos em busca de indivíduos fundadores para compor a população ex situ inicial, etapa que foi finalizada em 2021. Nosso próximo passo é trabalhar para que a reprodução da espécie ocorra fora do seu ambiente natural”, informa Cauê.
O anfíbio é oriundo de uma localidade no município de Cataguases, em Minas Gerais, e está categorizado como “criticamente em perigo”, segundo a lista Nacional de Espécies Ameaçadas. Pelo fato de a espécie ocorrer em apenas uma área pequena, não protegida e com diversos impactos antrópicos conhecidos, as estratégias de conservação ex situ foram definidas como prioritárias para evitar a extinção.
A perereca-pintada contribui com o equilíbrio do ecossistema e das interações ecológicas naturais a partir da integração na cadeia alimentar. Cybele ressalta outra característica fundamental do anfíbio. “Além de servir como recurso alimentar para espécies de répteis e mamíferos por exemplo, ela atua no controle natural dos insetos, pois se alimenta de invertebrados.”
“O grande benefício do trabalho é evitar a extinção de mais uma espécie. Afinal, estamos vivendo um período de defaunação e extinção relacionadas ao Antropoceno, com florestas cada vez mais vazias e com perda considerável de biodiversidade,” finaliza Cauê.