São responsabilidades dos Cetras acolher, cuidar e reabilitar animais silvestres provenientes de ações de fiscalização, resgate e entregas espontâneas realizadas pela população, com objetivo principal de devolver esses animais recuperados ao ambiente natural.
Os Cetras e Cras em funcionamento no Estado podem ser verificados aqui: ( Tabela de Cetras e Cras ).
Cetras-SP – Unidade Parque Ecológico do Tietê
Histórico CetrasSP: Instituído por meio do Decreto nº 26.479, de 17/12/1986, o Centro de Recuperação de Animais Silvestres localizado do Parque Ecológico do Tietê (Cras-PET), como era denominado, percorreu uma longa jornada, repleta de história e dedicação no acolhimento, cuidado e recuperação de animais silvestres.
Anteriormente a criação da Coordenadoria de Fauna Silvestre, o Cras-PET teve sua gestão realizada desde janeiro de 2020 pela, hoje, extinta Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Desde a criação da Coordenadoria de Fauna Silvestre, através da publicação do Decreto nº 67.211, de 27/10/2022 de São Paulo, tem início mais um capítulo de sua história, passando a ser denominado Cetras-SP.
Resultados Cetras-SP: Anualmente o Centro recebe até 10 mil animais silvestres, e realizando avaliação clínica, biológica e exames para definição do melhor tratamento e ingresso no processo de reabilitação com todos os animais. Atualmente a taxa dos animais devolvidos para a natureza chega ser de 70%. O Cetras tem parceria com áreas de soltura cadastradas no Estado de São Paulo e com os órgãos ambientais de outros estados para destinação de animais reabilitados para devolução para seus ambientes naturais. Os indivíduos que não conseguem se adequar são encaminhados para zoológicos e outros empreendimentos de fauna legalizados.
Informações de contato, endereço físico e horário de atendimento:
Rua Guira Acangatara, 70, Engº Goulart – SP (dentro do Parque Ecológico do Tietê)
(11) 2829-2272. (Antes de ir ao Cetras, é necessário entrar em contato por telefone para saber se há vagas)
Cetras-Registro
Com a obra recentemente entregue, o Cetras-Registro está em fase de aquisição de equipamentos para início de suas atividades já no primeiro trimestre de 2024, o que será um grande avanço quanto aos cuidados, regaste e recuperação da fauna silvestre na região do Vale do Ribeira.
Histórico do CECFau: Inaugurado em 2015, o CECFau foi concebido pelo Conselho Diretor e pelos técnicos da extinta Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Trata-se de um local voltado à pesquisa e manejo de fauna silvestre ameaçada de extinção. O Núcleo fica localizado em uma área de 80 mil m², em Araçoiaba da Serra/SP. Desde a criação da Coordenadoria de Fauna Silvestre, através da publicação do Decreto nº 67.211, de 27/10/2022 de São Paulo, tem início mais um capítulo de sua história.
Responsabilidades: O CECFau busca avançar e se consolidar nas atividades de conservação de espécies ameaçadas, contribuindo com programas integrados e pesquisas aplicadas. A maior perspectiva é seguir contribuindo no combate à extinção das espécies da fauna brasileira.
O Núcleo mantém e reproduz espécies nativas ameaçadas de extinção. Atualmente, direciona suas atividades nas seguintes espécies:
- mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus);
- mico-leão-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas);
- sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita);
- tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla);
- arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari);
- perereca-pintada-do-rio-pomba (Nyctimantis pomba).
O Núcleo também desenvolve estratégias destinadas à manutenção de espécies sob cuidados humanos geneticamente viáveis para programas de reintrodução e reforço das populações na natureza.
Projetos e Iniciativas CECFau
Programa de Cativeiro da arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari): A espécie é brasileira e endêmica da Caatinga da Bahia, vive em bandos e utiliza os paredões rochosos de arenito-calcário presentes na região para dormitório e reprodução.
Histórico: O recebimento do primeiro exemplar da espécie aconteceu no de 1986 nas instalações da Fundação Zoológico de São Paulo, permanecendo na instituição por dez anos, deste ponto em diante, novos indivíduos foram recebidos oriundos do tráfico, em sua grande maioria, e passaram a ser alojados em recintos fora da exposição ao público. Até que em 13 de abril de 2015, após muito esforço, foi registrado o primeiro nascimento de arara-azul-de-lear sob cuidados humanos no Brasil, o pequeno filhote de arara foi batizado como “Teobaldo”. No CECFau os primeiros exemplares chegaram 2015 e o primeiro nascimento ocorreu em 2018 e desde então, já foram registrados 17 filhotes.
De volta a natureza: Ao passar do tempo, com os seguidos nascimentos, algumas aves nascidas sob cuidados humanos foram direcionadas ao programa de revigoramento populacional na Bahia. Esse aumento populacional a partir das reproduções e o envio desses animais para a soltura na natureza vem de encontro com um dos objetivos da Coordenadoria de Fauna Silvestre e seguem alinhados com as iniciativas nacionais e internacionais para a conservação da espécie.
O Mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus), espécie endêmica da Mata Atlântica do Estado de São Paulo e foi vítima da crescente e desordenada ocupação humana, que avançou sobre seu habitat e o reduziu a poucos fragmentos isolados e com alto grau de antropização.
O mico-leão-preto foi considerado extinto por mais de seis décadas, mas foi novamente avistada em 1970, no Parque Estadual do Morro do Diabo, extremo oeste do Estado de São Paulo. Hoje, o Decreto Estadual N° 60.519 de 05 de junho de 2014 declara o mico-leão-preto como Patrimônio Ambiental do Estado de São Paulo e animal símbolo da conservação da fauna no Estado.
A situação da espécie mantida sob cuidados humanos também é preocupante. Além de existirem poucos exemplares, os micos-leões-pretos em zoológicos não se reproduzem facilmente.
Histórico: A Fundação Zoológico de São Paulo, começou a trabalhar com a espécie em 1986. Mesmo com dificuldades, foi capaz de seguir desenvolvendo pesquisas com os animais sob cuidados humanos e focando na reprodução ex situ em busca do aumento populacional.
Os nascimentos que já aconteceram no CECFau, possibilitaram o envio indivíduos da espécie a outras instituições nacionais e estrangeiras, sendo que o remanejamento de animais entre instituições faz parte das estratégias internacionais sendo visto como uma ação importante para a conservação desse raro primata.
Sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita), espécie está classificada como em “perigo de extinção” pela Lista Nacional de Espécies Ameaçadas (MMA, 2022) e, sendo à perda e fragmentação da cobertura vegetal, a competição e hibridização com outras espécies de saguis invasoras, as principais ameaças para a espécie.
Uma das estratégias para a conservação fora do ambiente natural é a consolidação de populações viáveis em cativeiro a partir da elaboração de protocolos de manejo e reprodução de indivíduos selecionados. Para agregar esforços a esta finalidade, o CECFau aderiu ao Plano de Cativeiro da espécie, recebendo o primeiro casal no final de 2018 como recomendação do consultor genealógico.
Após alguns meses destinados à quarentena dos novos animais, adaptação ao novo local e aproximação dos indivíduos, tivemos o prazer de constatar o primeiro filhote fruto deste casal em 28 de julho de 2019. Esse nascimento vem ao encontro dos objetivos do Plano de Cativeiro, que é a reprodução e aumento populacional desta espécie ameaçada de extinção, pois hoje a população cativa oficial é baixa, com pouco mais de 40 indivíduos.
Programa de Conservação ex situ da Perereca-pintada-do-rio-pomba (Nyctimantis pomba): Atualmente a espécie está classificada como “criticamente ameaçada de extinção” pela Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção (MMA, 2022) e sua ocorrência se restringe a um pequeno fragmento florestal de 1,36 km² que não está legalmente protegido e sofre com impactos antrópicos relacionados ao pisoteamento de gado, extração ilegal de madeira, queimadas e caça.
Os pesquisadores que trabalham com a espécie em campo acreditam que essa perereca corre risco de extinção em curto espaço de tempo sendo, portanto, o manejo ex situ (sob cuidados humanos) recomendado é urgente. Diante desta situação, a espécie foi incluída na lista de 25 espécies prioritárias do Programa de Manejo ex situ de Espécies Ameaçadas da AZAB (Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil), em parceria com o ICMBio (Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade).
Neste programa, a instituição foi escolhida como detentora do studbook da espécie, uma ferramenta para gerenciar populações sob cuidados humanos. Para dar andamento às ações, formou-se uma parceria entre pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa e técnicos da Coordenadoria de Fauna Silvestre (CFS) com o objetivo de desenvolver um protocolo de manutenção e reprodução da espécie sob cuidados humanos e assim, formar uma população ex situ back-up para suplementação da espécie em natureza, se necessário.
Dentre os objetos da Coordenadoria de Fauna Silvestre para essa parceria, está oferecer as melhores condições para a reprodução da espécie na instituição, gerando um impacto positivo para a conservação da rara e ameaçada perereca.
Contato
cfs@sp.gov.br