28/08/2025

Ave criada no centro de conservação do Governo paulista integra soltura de oito araras no Boqueirão da Onça

Entre esta quinta-feira (28) e 8 de setembro, o céu do Boqueirão da Onça, na Caatinga baiana, ganhará novas cores com a sexta soltura de araras-azuis-de-lear. Essa espécie, endêmica da região e já considerada uma das mais raras do planeta, continua a reconquistar seu espaço natural graças a um programa coletivo de revigoramento populacional que reúne órgãos ambientais, instituições de pesquisa e centros de reprodução, entre eles o Centro de Conservação de Fauna Silvestre (Cecfau) da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil). 

Desta vez, o momento será especial: Lídia, uma fêmea nascida em 2023 no Cecfau, será devolvida ao habitat onde sua espécie evoluiu. Filha do casal Francês e Lindsay, que juntos já geraram 20 filhotes, Lídia representa a décima arara enviada pela instituição para reforçar a população selvagem da espécie. 

No total, oito aves participarão desta nova etapa, sendo sete araras selvagens, repatriadas do tráfico e reabilitadas, e Lídia, criada sob cuidados humanos. Todas passaram por meses de adaptação e treinamento na Área de Soltura de Animais Silvestres (ASAS), dentro da Área de Proteção Ambiental Boqueirão da Onça, aprendendo comportamentos essenciais para a sobrevivência, como reconhecer e consumir os cocos de licuri, base da dieta da espécie. 

“Ver um animal que nasceu sob nossos cuidados ganhar o céu da Caatinga é a confirmação de que todo esforço vale a pena. Cada soltura é um passo para recuperar uma espécie que quase desapareceu da natureza. A Lídia leva com ela a dedicação de muitas mãos e o compromisso do Estado de São Paulo com a conservação da biodiversidade”, destaca Cauê Monticelli, coordenador de Conservação de Fauna Silvestre e Pesquisas Aplicadas da Semil. 

Segundo a bióloga Erica Pacífico, coordenadora do Grupo de Pesquisa e Conservação da Arara-azul-de-lear, a próxima fase será fundamental para consolidar o processo de reintrodução: “Além das etapas de soltura, vamos realizar o rastreamento das aves para acompanhar como elas interagem com os bandos locais e se estão conseguindo encontrar áreas de alimentação. Continuaremos oferecendo suporte na área de soltura para que possam se estabelecer e ampliar gradualmente seu território. Agora entramos com força no monitoramento, unindo ciência e também o trabalho com a comunidade local, que é nossa parceira nessa etapa essencial”, explica.

O trabalho do Cecfau é reconhecido internacionalmente. Atualmente, é a única instituição brasileira a manter dois casais reprodutivos da arara-azul-de-lear, com 26 nascimentos registrados desde 2019. Dez indivíduos já foram destinados à soltura no Boqueirão da Onça, integrando um programa que envolve órgãos federais, estaduais e parceiros como Criadouro Fazenda Cachoeira para fins de conservação, Programa de Resgate da Arara-azul-de-lear, Loro Vet Consultoria, CEMAVE-ICMBio, Ibama e Polícia Federal. 

A história dessa conservação é marcada por desafios: durante décadas, não houve registros de reprodução em cativeiro no mundo. Hoje, São Paulo se soma a um grupo seleto de instituições que tornaram possível a esperança de ver a arara-azul-de-lear voar livre novamente. 

 

Imagens da Lídia neste Link