05/09/2025

Participantes contribuíram para definir avanços, desafios e propostas que orientarão políticas ambientais e instrumentos de gestão em São Paulo

Depois de três dias de programação intensa, o Encontro Paulista de Biodiversidade (EPBio 2025) chegou ao fim nesta quinta-feira (04), reunindo autoridades, pesquisadores, gestores públicos, representantes do setor privado e organizações da sociedade civil para discutir o tema “Soluções Baseadas na Natureza: ambientes paulistas biodiversos, adaptados e resilientes”.  

A 17ª edição do evento, promovida pela Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), em parceria com a Cetesb e apoio da Fundação Florestal e da Abema, contou com 27 palestrantes, cerca de 30 pessoas envolvidas na organização e mais de 650 inscritos nas modalidades presencial e virtual. Ao longo dos três dias, as atividades reuniram 541 participações no primeiro dia e 424 no segundo dia. No terceiro dia, 100 participantes estiveram presentes, formando grupos de trabalho e discussões em cinco eixos temáticos: conservação, gestão de unidades de conservação, planejamento ambiental, licenciamento e produção de conhecimento.

Para a diretora de Biodiversidade e Biotecnologia da Semil, Patrícia Locosque, o EPBio reafirmou o papel de São Paulo como referência nacional no debate ambiental. “As Soluções Baseadas na Natureza se mostraram, ao longo do encontro, não apenas conceitos teóricos, mas instrumentos viáveis para integrar biodiversidade, adaptação e resiliência climática às políticas públicas e ao setor produtivo. O EPBio consolida esse diálogo e contribui para que São Paulo avance na incorporação dessas soluções em diferentes escalas”, destacou.  

Os grupos de trabalho do último dia resultaram em um conjunto de propostas que servirão de subsídio para aprimorar instrumentos estaduais como o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), o Plano Estadual de Adaptação e Resiliência Climática (Pearc) e os processos de licenciamento ambiental.

Entre os avanços, destacaram-se a consolidação conceitual sobre Soluções Baseadas na Natureza, a inserção de diretrizes em normas e políticas públicas, a produção de catálogos e manuais orientativos, a inclusão da temática em programas ambientais e no licenciamento paulista, além da produção científica em SbNs em diversos grupos de pesquisa. Também foram valorizadas as experiências já em andamento, conduzidas por municípios, setor produtivo e iniciativas comunitárias, bem como a promoção de espaços de debate e formação, com destaque para o próprio EPBio. 

Os participantes também apontaram desafios, como a baixa incorporação das SbNs em políticas públicas setoriais e no licenciamento municipal, as dificuldades para sua adoção em larga escala — especialmente diante da necessidade de estruturar o planejamento territorial sem gerar gentrificação ou injustiças climáticas —, a pouca sistematização e divulgação de experiências e a dificuldade de difundir conhecimentos em municípios menores e comunidades vulneráveis. A escassez de recursos humanos capacitados para atuar na agenda também foi um ponto crítico identificado.  

Como propostas, foram sugeridas a publicação de diretrizes que promovam e fortaleçam a inserção das SbNs nas políticas públicas, a realização de articulações e ações de sensibilização para ampliação desta agenda em colegiados já estruturados, assim como junto a coletivos e redes comunitárias, a revisão do Programa Estadual de Compras Públicas Sustentáveis, o incentivo à produção e divulgação de conhecimento técnico e científico, além do aumento e qualificação de quadros técnicos para lidar com a temática.  

A coordenadora do encontro, Carolina Born Toffoli, assessora da Diretoria de Biodiversidade e Biotecnologia da Semil, reforçou a importância do caráter participativo da iniciativa. “O EPBio foi um espaço de construção coletiva. Tivemos a oportunidade de ouvir diferentes setores e consolidar avanços, mas também reconhecer os desafios que ainda precisamos superar. Agora, todos os resultados das discussões propiciadas pelo EPBio serão aprofundados e sistematizados, compondo um relatório a ser enviado a todos os participantes para contribuições e apresentado a diversos colegiados, grupos, setores e segmentos. Dessa forma, fortaleceremos as SbNs no estado de São Paulo, tanto como uma lente que orienta a elaboração, implementação e avaliação de políticas públicas de forma mais efetiva quanto como um importante instrumento de gestão ambiental. Com o término do EPBio, o trabalho da Semil está só começando. Temos um longo caminho pela frente”, afirmou.  

O evento ainda conectou o debate paulista aos processos globais, em sintonia com a COP-16 de Biodiversidade e a preparação para a COP-30 do Clima, reforçando a relevância do Estado na agenda ambiental.