
30/03/2015
Nove mil registros e quase 4.500 espécies-tipo de plantas coletadas e catalogadas pelo botânico e naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire, entre 1816 e 1822, na América do Sul, estão digitalizadas e, hoje, compõem o Herbário Virtual Saint-Hilaire.
Essa importante ferramenta de pesquisa é resultado de um projeto coordenado pelo pesquisador do Instituto de Botânica, Sergio Romaniuc Neto, com apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e da Fundação Vitae. É uma proposta de trabalho conjunto entre o Instituto de Botânica da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, com participação do Centro de Referência em Informação Ambiental (CRIA) e parceria do Muséum National d´Histoire Naturelle de Paris.
Com presença marcante na área de pesquisa, os herbários virtuais estão em fase de expansão no Brasil e reúnem informações e imagens detalhadas de coleções de plantas, antes limitadas aos armários de instituições.
A disponibilização online desse material facilita o trabalho de pesquisadores, aumenta o número de usuários e contribui com pesquisas que visam à proteção da biodiversidade.
“Sem dúvida, reunir estas importantes coleções e posteriormente disponibilizá-las na internet, é uma grande contribuição para a ciência e será alvo de publicações voltadas à difusão do conhecimento”, destacou Sergio Romaniuc Neto.
Para saber mais sobre o crescimento do número de herbários virtuais no Brasil, veja a publicação da Fapesp: http://revistapesquisa.fapesp.br/2015/03/13/milhoes-de-plantas-on-line/ .
Pionerismo
Saint-Hilaire foi um dos primeiros pesquisadores a coletar espécies da flora paulista. As informações e amostras reunidas em suas expedições pelo Brasil estão fisicamente depositadas no Muséum National d’Histoire Naturelle de Paris e no Institut des Herbiers Universitaires de Clermont-Ferrand, ambos na França.
Hoje, por meio do herbário virtual, é possível ter acesso aos dados bibliográficos, notas de campo, mapas, ilustrações e imagens em alta resolução dos espécimes da coleção de Saint-Hilaire no site http://hvsh.cria.org.br/hv .
Próximos passos
As contribuições de Sergio Romaniuc para os estudos sobre a biodiversidade paulista não param aí. O pesquisador tem duas viagens agendadas para este ano, com o intuito de refazer o caminho de Saint-Hilaire em suas expedições pelos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Para ele, essa fase do projeto, intitulada Nos caminhos de Saint-Hilaire, “certamente abrirá portas para o conhecimento da nossa biodiversidade e beneficiará diversos públicos, além de taxonomistas e botânicos em geral”.
Esta etapa da pesquisa é decorrente de um acordo de cooperação entre a Région Île-de-France, França, e o Governo do Estado de São Paulo, por meio do suporte da Secretaria do Meio Ambiente / Instituto de Botânica. Esse trabalho possibilitará verificar se houve perda de biodiversidade no estado paulista ao longo dos anos. Ou seja, se as espécies que ocorriam na época de Saint-Hilaire ainda podem ser encontradas na atualidade. É a primeira vez que uma análise histórica dessa natureza é realizada em tamanha escala.
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