
05/11/2015
Dr.ª Margaret Palmer é professora da Universidade de Maryland (EUA) e, entre outras atribuições, supervisiona um grande grupo de pesquisa focada em ciência de bacias hidrográficas e ecologia da restauração. Realizou diversos trabalhos de campo em córregos, rios e estuários, por 27 anos, tendo mais de 150 publicações científicas relacionadas ao assunto. Ela é ex-diretora do Laboratório Biológico Chesapeake e editora no periódico “Restauração Ecológica”, além de co-autora do livro “Os Fundamentos da Restauração Ecológica”. Margaret Palmer ministrará a palestra de abertura do VI Simpósio de Restauração Ecológica – Novos Rumos e Perspectivas, sobre o tema “Restoration for Water Ecosystem Services” (Restauração para Serviços Ecossistêmicos de Água). Em seu gabinete na universidade, a Dr.ª Palmer concedeu entrevista à nossa equipe por email, falando sobre a restauração ecológica americana e suas expectativas para o simpósio em São Paulo.
– Quais são as principais políticas públicas para a restauração ecológica nos Estados Unidos e em Maryland?
R.: A restauração é uma prática muito bem-aceita nos Estados Unidos para ajudar a melhorar terras degradadas e cursos-d’água. É uma das principais ferramentas de política ambiental e faz parte de muitos marcos legais federais e estaduais. Os governos federal e estadual delegam competência às agências governamentais para que financiem, autorizem ou exijam restauração. Essas agências também são responsáveis por expedir e aplicar regras e políticas que implementem disposições estatutárias. No entanto, cada vez mais, formas especializadas de intervenção ambiental tais como aquelas associadas à redução de impactos do desenvolvimento e à realização de compensação mitigatória vêm sendo confundidas com restauração ecológica. A restauração ecológica exige a recuperação de um ecossistema autossustentável, incluindo seus organismos e processos físicos que os suportam. Muitas dessas intervenções especializadas não requerem isso inteiramente, então atualmente há um esforço por parte dos cientistas para distingui-las das verdadeiras restaurações.
– A senhora tem algum exemplo positivo para dividir conosco sobre como a restauração pode ajudar a melhorar a saúde dos ecossistemas aquáticos?
R.: Restaurar florestas ao longo de córregos e rios tem reduzido drasticamente o movimento de sedimentos e nutrientes para as cabeceiras dos córregos. Esses são os menores córregos, onde as redes fluviais começam e eles estão não só entre os mais importantes em termos de abundância, mas também têm um papel importante na saúde ecológica global. Eu também tenho experiência com o estudo em pequenas áreas pantanosas que transformados em campos agrícolas foram drenados para que a safra pudesse crescer. Hoje, esses drenos estão sendo preenchidos ou obstruídos de modo que, com o tempo, o pântano ressurja com suas plantas e animais.
– Quais são as suas expectativas para o “VI Simpósio de Restauração Ecológica”?
R.: Eu espero encontrar muitos cientistas brasileiros que trabalhem com restauração de sistemas ecológicos – particularmente os tipos de sistemas com os quais eu raramente trabalhei, tais como sistemas tropicais e florestas de mata atlântica ricas em biodiversidade. Também espero aprender mais sobre o Código Florestal e as políticas que o Brasil está usando para ajudar a restaurar suas valorosas terras e águas.
Serviço
VI Simpósio de Restauração Ecológica – Novos Rumos e Perspectivas
dias: 11 a 13 de novembro de 2015
local: São Paulo Expo Exhibition & Convention Center (Centro de Convenções e Exposições Imigrantes)
realização: Instituto de Botânica e Secretaria de Estado do Meio Ambiente.