
25/04/2016

Pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia), Parque Estadual de Campos do Jordão.
Foto de Haroldo Kalleder (CC BY-SA 3.0)
As festas juninas estão se aproximando e, entre muitos quitutes, o pinhão não pode faltar. Pinhão cozido, paçoquinha de pinhão, bolo de pinhão. Em receitas doces e salgadas, lá está ele.
Mas de onde vem o pinhão? Ele é a semente de uma árvore chamada pinheiro-brasileiro ou pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia). Espécie de árvore que ocorre em áreas de floresta ombrófila mista (floresta de araucárias), principalmente, na região sul do Brasil e também nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, em especial, na Serra da Mantiqueira.
Estudos afirmam que a espécie Araucária angustifolia está presente no planeta desde o Período Jurássico, isso quer dizer, mais ou menos 200 milhões de anos. Contudo, apesar de ser encontrada há tanto tempo na Terra e de viver em média 700 anos, esta espécie, que pode atingir 50 metros de altura e mais de dois metros de diâmetro de tronco, está sob perigo crítico de extinção.
O pinheiro-brasileiro já foi muito abundante em terras paulistanas e, hoje, sua presença tornou-se quase nula. A propósito, uma das versões para o bairro de Pinheiros ser chamado assim é que havia uma grande ocorrência de pinheiros na região, em outros tempos.
O desmatamento figura entre as principais razões para a redução das áreas de florestas de pinheiros. Lembrando também que a redução de florestas põe em risco outras espécies como a gralha-azul (Cyanocorax caeruleus). Esse pássaro é um dos principais dispersores das sementes dos pinheiros. Ele os coleta e para armazená-los os enterra, acabando por germinar e dar origem a novos pinheiros.

Gralha-azul (Cyanocorax caeruleus), dispersora de sementes do pinheiro-brasileiro.
Foto de Cláudio Dias Timm (CC BY-NC-SA 2.0)
Em razão de sua característica de atrair aves dispersoras de sementes, o pinheiro-brasileiro concentra grande importância em processos de recuperação de áreas degradadas. Programas de restauração ecológica e de manejo sustentável, que primam pela utilização de espécies nativas, como o Programa Nascentes, podem salvar as araucárias.
Assim, o pinheiro-brasileiro, de grande valor histórico e beleza singular, poderá ser preservado, quem sabe, por outras centenas de anos.
Texto: Cris Leite
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