
04/07/2017
Texto: Anna Karla Moura
Foto do destaque: IPE – Instituto de Pesquisas Ecológicas [CC BY-SA 4.0]
Localizado no parque estadual de mesmo nome, no município de Teodoro Sampaio, o Morro do Diabo é uma formação geológica, que se destaca no cenário, de aspecto predominantemente plano do extremo oeste paulista.
A história da formação do morro é bem interessante. Há evidências de que aquela região já foi, muitos milhões de anos atrás, um imenso deserto, o Deserto Caiuá. Com o tempo, esse deserto foi sendo esculpido por meio de processos erosivos ocasionados pelo vento e pela chuva. O local onde hoje se evidencia o morro resistiu à erosão por ser formado por um material mais resistente que o do seu antigo entorno. Assim, pode-se dizer que as feições inconfundíveis do Morro do Diabo se devem ao fato de ele ser formado por arenitos endurecidos (silicificados), que hoje mantém o seu topo cerca de 600 metros acima do nível do mar, enquanto outros pontos com menos altitude dentro do parque ficam a 280 metros do nível do mar.

By Alisson Oliveira Santos (Own work) [CC BY-SA 3.0 (http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0)], via Wikimedia Commons
O morro fica dentro do Parque Estadual Morro do Diabo, que foi criado em 1941 como uma reserva e tornou-se parque em 1986. A área abriga uma das últimas reservas de floresta de planalto do país e é uma das áreas-núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica Brasileira.
O parque, juntamente com sua vizinha, a Estação Ecológica Mico-Leão-Preto, somam mais de 40 mil hectares de área preservada de floresta tropical estacional semidecidual. Esse tipo de floresta cobria originalmente parte dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Hoje, infelizmente, sobraram pouquíssimos resquícios desse bioma.
No Morro do Diabo, estão protegidas diversas espécies de flora e fauna, incluindo o mico-leão-preto, uma das espécies de primata mais ameaçada do mundo e que foi considerada extinta por 65 anos. Hoje, ela é considerada uma espécie-símbolo da luta pela conservação da biodiversidade. Além dela, podem ser encontradas outras espécies ameaçadas de extinção, como a anta, o queixada, o bugio, a puma e a onça-pintada. O parque é também a maior reserva de peroba-rosa do mundo. Essa espécie de árvore é importante para trabalhos de reflorestamento e recuperação de áreas degradadas.

Foto: Fundação Florestal
Trilhas
Localizado próximo ao ponto de encontro dos rios Paraná e Paranapanema, o parque, dotado de notável beleza paisagística, é hoje um dos principais pontos turísticos do oeste paulista. Além do turismo pedagógico e do grande fluxo de pesquisadores, a unidade de conservação também se destaca no turismo de lazer.
Diversas trilhas levam o visitante a conhecer melhor o espaço e observar a vida selvagem. A trilha do Morro do Diabo, que exige do visitante algum preparo físico, leva ao topo do morro, de onde se tem uma vista panorâmica do parque, das pastagens, dos assentamentos e do rio Paranapanema. Leva-se, em média, 3 horas para percorrer os 2,5 quilômetros do passeio.

Trilha da Lagoa Verde. Foto: Fundação Florestal
Para quem procura uma atividade física mais leve, a trilha Pedro Bill segue margeando o rio Paranapanema e é uma boa opção para observação da fauna e de habitats aquáticos. São 2 km de caminhada, com baixo grau de dificuldade. O nome da trilha é uma homenagem a um antigo guarda-parque da unidade.
A trilha da Lagoa Verde também é uma boa opção para quem quer um passeio leve. São só 500 metros de caminhada e, ao longo do percurso, placas interpretativas expõem o ciclo da água e de nutrientes no ecossistema. Uma ponte pênsil cruza um lago que, coberto com uma planta aquática do gênero Azzolla, lembra um tapete verde. Essa trilha é acessível e pode ser percorrida inclusive por cadeirantes.
A trilha Ferrovia-Angelim, de 40 quilômetros, só é aberta para pesquisadores e é necessário agendamento prévio. Lá costuma acontecer um evento anual de bike aberto ao público que é uma ótima opção para quem curte pedalar e quer conhecer essa parte do parque. Ela leva ao interior da unidade, por meio de uma estrada rústica contígua a uma antiga linha ferroviária desativada. O trecho vai até o rio Paranapanema, local do antigo Porto Angelim, onde as balsas atravessavam para o lado paranaense.

Foto: Fundação Florestal
Algumas empresas particulares organizam passeios de barco ao longo do rio Paranapanema, que margeia a unidade de conservação.
Onde ficar e comer
O Parque ainda dispõe de espaço para hospedagem de visitantes e pesquisadores, pelo valor de 22 reais por pessoa (quartos com beliches e banheiro). Não há lanchonetes e restaurantes, mas o hóspede pode preparar suas refeições na cozinha da hospedaria. Na unidade também há quiosques e áreas reservadas para piquenique. Há uma pousada e restaurante a 2 km do Morro do Diabo. A 11 km, no centro de Teodoro Sampaio, há mais opções de restaurantes e hospedagem.
O parque fica aberto de segunda a domingo, das 8 às 17 horas e a entrada é gratuita. Algumas trilhas são sujeitas a agendamento prévio e precisam de monitor, então ligue antes para a unidade e consulte as normas daquelas que você pretende percorrer.

Foto: Fundação Florestal
Como chegar
Localizado a 687 quilômetros da capital e a 11 quilômetros do centro de Teodoro Sampaio, o parque fica em uma região bem servida de rodovias pavimentadas que interligam os municípios do Pontal do Paranapanema aos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e norte do estado de São Paulo.
Partindo do município de Teodoro Sampaio, pega-se a rodovia vicinal do Córrego Seco (SPV-28) para chegar ao parque.
Os aeroportos mais próximos são os de Presidente Prudente (120 km) e de Maringá (130 km), no estado do Paraná.
Serviço
Parque Estadual Morro do Diabo
SPV 28 – km 11 s/n CEP 19280-000 – Teodoro Sampaio/SP
Escritório Administrativo: Rua Alberto Amador nº 8 – Vila São Paulo CEP 19280-000 – Teodoro Sampaio/SP
Telefones para informações e agendamento: (18) 3282-1599 / (11)95652-0546
Saiba mais sobre o parque: https://www.youtube.com/watch?v=6mpjOrECzNI
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