07/03/2018

Texto: Rose Ferreira – Fotos: José Jorge/Pedro Calado – Revisão: Cris Leite

O balanço final do projeto “Verão no Clima 2018”, apresentado na terça-feira (6/3) em evento no auditório da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, mostrou um dado preocupante: nos 24 mutirões realizados em praias de 16 municípios do litoral paulista, no período de 4 de janeiro a 14 de fevereiro, mais de 7 toneladas de microlixo foram recolhidas, 48% somente de bitucas de cigarro, além de selos de latas de cerveja, cacos de vidro e outros materiais, que passam despercebidos ao serviço municipal de limpeza.

Esses dados aumentam a preocupação com o descarte de embalagens plásticas e de microplástico, em ambientes marinhos e em áreas naturais preservadas. Esses plásticos, presentes em quase todos os produtos que usamos, de cosméticos às embalagens descartáveis, estão matando a nossa biodiversidade marinha.

Nos 28 dias da campanha, foram instaladas 36 tendas em 71 praias do extremo norte ao extremo sul paulista, de Ilha Comprida a Ubatuba, onde 230 mil frequentadores foram abordados sobre a questão do lixo nas praias por um exército de 340 voluntários e pessoas contratadas nos próprios municípios. Nesse período, ocorreram 11 caminhadas, com a participação de 4.500 pessoas e oito corridas com 4.300 participantes.

A apresentação do balanço e o encerramento do “Verão no Clima” foram em clima de festa e de confraternização com as presenças de todos os envolvidos, de representantes das prefeituras, de parceiros, da sociedade civil e das ONGs Ecosurf e Gremar. O secretário de estado do Meio Ambiente, Mauricio Brusadin agradeceu primeiramente o apoio dos voluntários e de todos os participantes e frisou a importância do litoral paulista na liderança da agenda ambiental na discussão dos efeitos das mudanças climáticas.

Brusadin anunciou que será realizada uma grande campanha de visitação às Unidades de Conservação (UCs), como incentivo ao turismo ecológico e sustentável. Lembrou que a Organização das Nações Unidades (ONU) está divulgando para 2018 a campanha “Hora do Mar”. O Estado de São Paulo já aderiu à campanha que será abordada na Semana do Meio Ambiente, em junho próximo. “O problema com os microplásticos será uma pauta comum a ser tratada na secretaria; a agenda azul terá que estar nos nossos corações e mentes”, frisou.

A coordenadora do projeto Malu Freire falou do início da primeira campanha do verão, iniciada em 1987, quando a preocupação era com a poluição das areias. Retomar esse trabalho após 10 anos foi um enorme desafio, segundo ela, “uma questão de políticas públicas que envolve todos nós; avançamos na discussão, agora temos que reduzir e reciclar tudo o que for possível e minimizar o máximo de consumo para evoluirmos e deixar zero de pegada”. Outro avanço foi a ampla divulgação e o engajamento nas redes sociais, com a estimativa de mais de mil pessoas impactadas pela campanha. O projeto “Verão no Clima” não ficou só no litoral, também envolveu  as áreas de lazer no litoral.

Os integrantes do projeto “Verão no Clima” receberam certificados em reconhecimento a sua contribuição à preservação ambiental e à biodiversidade marinha.

Papo Sustentável

O programa mensal “Papo Sustentável”, lançado após o encerramento do evento do “Verão no Clima”, transmitido ao vivo pela internet, trouxe o tema “resíduos”. Para falar sobre o assunto, foram convidados especialistas do Sistema Ambiental Paulista – Cetesb, Fundação Florestal, SMA -, que explanaram sobre o lixo nos oceanos e consequências na saúde dos animais marinhos e na do homem e, ainda, sobre a importância da preservação da Zona Costeira Paulista.

Participaram também representantes de entidades ligadas a gestão ambiental, representantes da sociedade civil, participantes do projeto, secretários municipais de Meio Ambiente, além da presença do secretário estadual Maurício Brusadin, que ressaltou o protagonismo do Estado de São Paulo na proteção de áreas de relevância ambiental, com o aumento do número de unidades de conservação.

Os secretários de Meio Ambiente de Guarujá, Praia Grande, Itanhaém, Cananeia e Caraguatatuba se manifestaram sobre os problemas ambientais em seus municípios e sobre o quanto é favorável a realização e o retorno de projetos como esse que, segundo eles, promovem uma mudança significativa no comportamento dos frequentadores das praias.

Um das estrelas do evento foi seu Bezerra, dono do Quiosque Sustentável na praia de Itanhaém. Ele transformou o seu quiosque em um lugar onde se aprende que todo e qualquer lixo não pode ser descartado nas praias. Seu Bezerra realizou gincanas, com sorteios de porções de batatas fritas, para aqueles que mais contribuíssem com o recolhimento do lixo. Destaque também para os quiosques do Moai, que promoveu a colocação de bituqueiras em vários pontos da praia, e do Requint’s, que substituiu descartáveis por reutilizáveis, ambos em Itanhaém.

Para o “Verão no Clima 2019”, espera-se que essas iniciativas sejam replicadas e multiplicadas, como sejam criadas outras, que possam ser aplicadas em todas as praias do litoral paulista.