25/04/2016

Bichos quem te viu interna 04

Inaugurada em março de 2015, no Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) da Universidade de São Paulo (USP) de São Carlos, a exposição “Bicho: quem te viu, quem te vê” – reflexões sobre a conservação da biodiversidade passou por dez locais diferentes. Só no município de São Carlos percorreu cinco locais – CDCC/USP, Shopping Iguatemi, Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Instituto Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP) e no Simpósio Aprender com Cultura e Extensão. A mostra passou ainda pelas cidades de Itirapina, Santa Rita do Passa Quatro, Porto Ferreira e Luiz Antônio, no interior paulista.

Agora ela está em exibição no Parque Estadual Juquery, onde permanecerá até junho, quando irá para o Parque Estadual Jaraguá e de lá retornará, em agosto, ao CDCC/USP, permanecendo até o início de dezembro.

Se as cidades estão crescendo em direção às áreas naturais, o que está acontecendo com os animais que ali vivem? Esta é uma das reflexões propostas às pessoas que visitam a mostra “Bicho: quem te viu, quem te vê!”, que foi desenvolvida com a colaboração do Instituto Florestal (IF). A mostra é um produto do projeto “Exposição Itinerante como Estratégia para a Conservação da Fauna Silvestre da Região Central do Estado de São Paulo”, coordenado por Silvia Aparecida Martins dos Santos, do Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) da Universidade de São Paulo (USP) de São Carlos, em parceria interinstitucional, formalizada em 2013 entre o CDCC/USP, o Instituto Florestal (IF), a Fundação Florestal (FF) e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), para elaborar e executar uma exposição tratando da questão da perda da biodiversidade da fauna silvestre do estado de São Paulo.

De acordo com o pesquisador do IF, Paulo Ruffino, o envolvimento do Instituto com a concepção da exposição se deu a partir de uma pesquisa em educação ambiental elaborada na Estação Experimental Itirapina, que visava a comunicação e a produção de materiais pedagógicos sobre a questão da perda e da conservação de fauna silvestre regional. A partir desta pesquisa, coordenada por Ruffino, em parceria com o CDCC, surgiu a base do projeto da exposição.

Mais de 20 mil pessoas já visitaram a exposição, sendo este grupo bastante heterogêneo quanto à faixa etária, visto que a exposição contempla locais públicos. “As visitas nos municípios de Santa Rita, Luiz Antônio, Porto Ferreira e Itirapina contaram com parceria local junto às secretarias de educação e, desta maneira, o público do ensino formal foi bem contemplado (em geral ensino fundamental, mas também educação infantil, ensino médio e técnico). Por exemplo, no que tange à educação infantil, em Itirapina, foi até produzido um trabalho a partir das percepções das crianças de 4-5 anos sobre a exposição.”, informa Ruffino.

Embora o projeto inicial da exposição tenha sido pensado para a fauna silvestre da região central do estado de São Paulo, seu caráter itinerante permite que ela possa ser adaptada a outras regiões. Sendo assim, os monitores são sempre orientados a trazê-la para a realidade das regiões onde a mostra está exposta. Além do IF ter produzido um manual de orientação, as instituições envolvidas realizam cursos esporádicos de formação desses monitores.

Roteiro da exposição 

A exposição conta com painéis informativos, registros fotográficos e ilustrações que contextualizam como se deu a ocupação dos ambientes naturais pelo homem no interior paulista e o que restou destes ambientes. Ao longo das cinco estações temáticas que compõem a exposição, os visitantes ficam frente a frente com o lobo-guará, a jaguatirica, a onça parda, o sauá e o macaco prego – animais taxidermizados (“empalhados”) que são vítimas comuns de atropelamentos na região, além de imagens, sons, objetos e jogos que complementam as atrações.

Olha o bicho!

Um dos mais importantes temas da mostra é o atropelamento de animais silvestres. Essa questão é abordada na estação ‘Olha o bicho!’, onde os visitantes, através de uma estrada no chão, iniciam a jornada em busca de conhecer os animais da nossa região, os diferentes ambientes onde vivem e aprender sobre eles. A questão da presença de animais atravessando a pista em determinadas localidades, um dos problemas mais comuns em estradas e rodovias, é apresentada através de painéis informativos, sinalizações de trânsito (como faixas no chão de proibido ultrapassagem e placas de direção, indicação e atenção – travessia de animais silvestres), e um lobo-guará taxidermizado, vítima de atropelamento.

Nesta estação os visitantes são levados a refletir com a seguinte pergunta: “Será que o lobo invadiu a rodovia ou a rodovia que invadiu o ambiente em que o lobo vive e circula?”. Porém, antes de chegar nesta estação, os visitantes são recepcionados por sons, fotos e um sauá taxidermizado, na abertura da mostra, que visa apresentar a existência de uma biodiversidade, ambientar e instigar o visitante a percorrer a exposição.

A estação ‘Por onde os bichos estão andando?’ busca apresentar a evolução da fragmentação das áreas naturais da paisagem no estado de São Paulo, e a adaptação ou não dos animais frente a este problema, além de sensibilizar para a necessidade, resultante da fragmentação, de se criar áreas protegidas e Unidades de Conservação. Ali as pessoas são levadas a mais uma reflexão: “Por que os bichos não ficam dentro das Unidades de Conservação?”. É nesse momento que os visitantes são colocados em contado com a ecologia da fauna silvestre, por meio de conceitos como área de vida das espécies e adaptações a novas configurações da paisagem. São também apresentadas aos visitantes atitudes que podem ajudar a diminuir os casos de atropelamento, como as passagens de fauna, apresentadas em fotos nos painéis.

Seguindo a estrada no chão, o visitante entra na estação ‘Onde os bichos vivem’, na qual podem interagir com os estandes rotativos/cubos com a identificação dos biomas da nossa região – mata ciliar, cerrado e floresta estacional semidecidual. É nesta estação que eles têm a oportunidade de aprender sobre cada tipo de ambiente e quais os animais característicos deles.

A temática do tráfico ilegal de animais silvestres é abordada na estação seguinte, ‘Convivendo com os bichos!’, onde é apresentada a diferença entre animal doméstico e animal silvestre e a relação contemporânea dos seres humanos com animais silvestres. Os visitantes são levados à reflexão sobre ter animais silvestres em casa, se isso é bom para eles, sobre o abandono desses animais e a impossibilidade deles conseguirem sobreviver em ambiente natural após viver em ambientes domésticos. Os visitantes são convidados a levar essa discussão para fora da exposição, com amigos, colegas, vizinhos, e etc. O documentário “Silvestre não é pet!” é indicado aos visitantes como forma de tomar mais conhecimento sobre o assunto.

Texto: Tamires Gonçalves

Parque Estadual Juquery
Rua Miguel Segundo Lerussi, s/n°
Parque Industrial – Franco da Rocha-SP
Telefone: (11) 4449-5545 / (11) 4443-3106
Dias e horário de funcionamento: de terça-feira a domingo, das 8h às 17h
pe.juquery@fflorestal.sp.gov.br

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