
30/09/2020
Quem são elas? Onde elas vivem? Essas foram as principais questões respondidas neste primeiro dia, 28 de setembro, da Semana da Capivara – o maior roedor do mundo no território paulista: venha conhecer mais sobre essa simpática espécie. Realizado pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (SIMA), por meio do Departamento de Fauna, da Coordenadoria de Fiscalização e Biodiversidade (DeFau/CFB), o evento vai até 1º de outubro, por videoconferência.
Na abertura do encontro, a diretora do DeFau Vilma Geraldi destacou que o mamífero marca presença na América do Sul e em vários estados brasileiros. No caso de São Paulo, o animal ganha mais atenção por estar relacionado a Febre Maculosa Brasileira, doença transmitida pelo carrapato-estrela infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii. “Temos o cuidado de olhar para a capivara sob os critérios técnicos e também de saúde pública”, disse.
Na primeira palestra, a professora Dra. Kátia Ferraz, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), apresentou as simpáticas capivaras, os principais aspectos da biologia e seu comportamento em grupos.
De acordo com ela, esse mamífero carismático, se adapta bem à presença humana. E seu ambiente preferido é área de várzea, onde há água, importante para regular a temperatura corporal e escapar dos predadores. Para se alimentar, gramíneas são o prato favorito, mas produtos agrícolas, como cana-de-açúcar, milho, arroz, entre outros, são bem aceitos no cardápio.
Criaturas sociáveis, vivem em grupos, com uma organização complexa, que contam com um líder. As fêmeas se reproduzem duas vezes ao ano e podem gerar de um a oito filhotes por gestação.
A biologia da espécie, somada a grande oferta de alimentos (agricultura), disponibilidade de novos habitats (açudes artificiais associados à áreas abertas), baixa pressão de predação (onça parda, pintada, lobo guará) são fatores responsáveis pela multiplicação destes seres, que se transformou num problema. “Temos de buscar formas de convivência equilibrada – natureza, homem, animal – pois, nem elas, nem nós temos preferência. Um caminho possível é pensar nessa coexistência, conhecer melhor a espécie e fazer uso de bons métodos de planejamento”, finalizou a professora.
Mas, porque existem tantos deles no estado de São Paulo? Será que existe relação com as mudanças no ambiente natural? Para jogar luz nestas questões, o biólogo Thiago da Costa Dias, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), disse que este mamífero tem boa tolerância aos locais modificados pelo homem, sendo este o principal motivo do aumento populacional. As paisagens agrícolas oferecem boa qualidade e quantidade de alimentos.
O crescente número de capivaras resulta em conflitos, como danos a cultivos agrícolas e podem causar acidentes automobilísticos, além de se tornar problema em condomínios fechados.
De acordo com o biólogo, um estudo monitorou grupos desses bichos no Pantanal e no território paulista e mostrou como agem em paisagens modificadas e naturais. Em São Paulo, esses gigantes roedores usam a floresta para se manterem longe do homem durante o dia e à noite não se preocupam em se afastar dessa área. As atividades humanas são apontadas como o motivo para esse comportamento.
Ou seja, a conversão das paisagens naturais favorecem o aumento da quantidade de capivaras e a falta de predadores não parece ser suficiente para controlar a reprodução.
“Entender as diferenças entre as relações entre capivaras, carrapatos e a febre maculosa em paisagens naturais e modificadas é fundamental para ampliar o conhecimento e melhorar a efetividade das ações de manejo em áreas de conflito. Por isso, a importância das parcerias entre universidades, órgão ambientais e a iniciativa privada”, reforçou o biólogo.
No segundo dia do evento, terça-feira, 29 de setembro, o tema é: Discutindo a Relação com carrapatos e Febre Maculosa Brasileira. O pesquisador Dr. Adriano Pinter, da Superintendência de Controle de Endemias (Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo) e o professor Dr. Marcelo Bahia Labruna (Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia / Universidade de São Paulo) farão as apresentações.