
03/05/2017
Texto: Cris Leite, Dirceu Rodrigues
Fotos: José Jorge
Ibirapitanga, para o índio. Pau-brasil, para o colonizador português. Primeira riqueza. De tão abundante, deu nome à terra. Brasil.
Monopólio português, o pau-brasil tingia, com a cor de reis e nobres, os linhos, as sedas e os algodões das cortes europeias.
Explorado desde os primeiros anos do século XVI, o conhecido pau-tinta foi usado para pagamento do primeiro empréstimo externo brasileiro – três toneladas encaminhadas à Inglaterra.
Em três séculos, foram derrubadas sete milhões de árvores, mais de três mil toneladas por ano. Para tanta riqueza, um preço bem alto foi pago. A exploração e a cobiça levaram quase à extinção da espécie.
O pau-brasil (Caesalpinia echinata) é uma árvore leguminosa nativa da Mata Atlântica. Originalmente, estendia-se do Rio de Janeiro até o Rio Grande do Norte. Pode atingir 30 metros de altura e 1 m de diâmetro, mas de crescimento demorado, dificultando o reflorestamento. Seu tronco é reto, casca cinza-escura, recoberta de acúleos (“espinhos”). Longeva, pode chegar aos 300 anos.
Suas flores, muito aromáticas, são compostas por quatro pétalas amarelo-ouro e uma menor vermelha. A floração é muito podendo ser apreciada por apenas alguns dias. Seus frutos apresentam-se em forma de vagens, cobertas de espinhos.
A madeira, que lhe deu popularidade, é da cor vermelho-fogo. Foi muito utilizada na indústria de tinturaria.
A espécie ameaçada de extinção, em razão, especialmente, do desmatamento, é hoje protegida por lei, imune ao corte, sendo ilegal a exploração e a exportação da madeira. Foi declarada Árvore Nacional em 1978.
O dia 3 de maio foi escolhido como Dia Nacional do Pau-Brasil, com o objetivo de promover ações de conservação da espécie.
Pau-brasil de Pinheiros completa 60 anos
Em 1957, o casal Gioconda e Benedito Pereira plantou uma muda de pau-brasil em frente a sua casa na Rua Zapará, no bairro de Pinheiros, na capital paulista.
E lá se vão 60 anos. A casa e a árvore ainda estão por lá, testemunhando o crescimento da cidade ao seu redor. A casa até ficou famosa. Foi a casa/cenário do personagem Lucas Silva e Silva na série Mundo da Lua – criada por Flávio de Souza e exibida pela TV Cultura nos anos 1991 e 1992.
Gioconda e Benedito não moram mais lá, mas a semente que plantaram tornou-se uma frondosa árvore, reconhecida pela Secretaria do Meio Ambiente como Patrimônio Ambiental da Cidade. Esperamos que o pau-brasil da Zapará continue por lá a testemunhar as mudanças desta cidade.
Saiba mais
A madeira do pau-brasil é hoje uma das mais valiosas do mundo. É considerada incorruptível, porque não apodrece nem é atacada por insetos.
O uso do pau-brasil restringe-se hoje à fabricação de arcos de violinos, por causa de sua escassez.
Tradicionalmente, desde o século XVIII, o arco vem sendo construído de pau-brasil. A madeira apresenta características estruturais básicas como: estabilidade, plasticidade quando aquecida, beleza, cor, textura e bom comportamento ao fazer vibrar as cordas do instrumento.
Fonte: IBt/SMA, Pau-brasil da semente à madeira, 2008.