
21/11/2025
A convite da Abema, diretora da Semil mostra como o estado vem fortalecendo respostas integradas à crise climática e à perda de biodiversidade
A diretora de Biodiversidade e Biotecnologia da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), Patrícia Locosque Ramos, participou, a convite da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema), do painel “Biodiversidade sob pressão: desafios e urgência de respostas coordenadas”, na COP 30. A apresentação, realizada de forma online, reforçou o protagonismo do Estado de São Paulo nas políticas climáticas, nos programas de conservação da fauna e da flora e na construção de soluções baseadas em ciência, inovação e colaboração institucional.
Patrícia destacou que o mundo vive “momentos decisivos da nossa história” no enfrentamento às mudanças climáticas e que os governos precisam investir e inovar para lidar com impactos cada vez mais severos. Segundo ela, São Paulo avançou nos últimos anos ao estruturar instrumentos de prevenção, resposta rápida e recuperação ecológica capazes de reduzir vulnerabilidades e fortalecer a resiliência dos ecossistemas.
Entre os exemplos apresentados, está o Monitora BioSP, programa coordenado pela Fundação Florestal e apoiado pela Semil. A iniciativa acompanha 47 Unidades de Conservação em tempo real, permitindo prever riscos ambientais e identificar espécies em declínio antes que desapareçam de seus habitats. Os dados, integrados à gestão de mais de 4 mil empreendimentos de fauna no estado, subsidiam ações estratégicas e orientam decisões de conservação.
Patrícia também destacou os programas paulistas voltados à resposta emergencial e conservação de espécies ameaçadas, como o RefaunAção, que trabalha a reintrodução de animais como ferramenta de adaptação climática e recuperação ecológica. “Quando a fauna volta para a floresta, a floresta respira diferente. Ela volta a viver”. Para isso, o Estado conta com estruturas especializadas, como o Centro de Conservação da Fauna Silvestre (Cecfau), em Araçoiaba da Serra, referência em reprodução assistida de espécies nativas ameaçadas.
Outro eixo apresentado foi a restauração ecológica. Programas como o Refloresta SP e o Nascentes mostram que São Paulo consolidou uma política de longo prazo ligada às compensações ambientais. Atualmente, 81% das áreas em restauração no estado pertencem ao bioma Mata Atlântica, resultado direto da coordenação técnica e dos modelos de investimento implementados. Um dos principais mecanismos é o Finaclima, que aproxima investidores privados e amplia a escala das ações de recomposição ambiental.
No painel, Patrícia ressaltou ainda os desafios da atual década – vulnerabilidade de infraestrutura, insegurança hídrica e alimentar, perda de biodiversidade e governança – e reforçou que respostas efetivas dependem de planos integrados, que trabalham prevenção, resposta e recuperação de forma contínua. “Com ciclos bem estruturados, conseguimos transformar crises em ganhos”, afirmou.
A diretora também destacou o papel decisivo da educação ambiental e a importância das coalizões entre governos, academia e sociedade civil: “Sem parcerias, nenhum desses avanços seria possível. Precisamos preparar as próximas gerações para evitar os erros do passado e construir um futuro ambientalmente resiliente”.
Participações paulistas ampliam destaque na agenda global
Além da participação de Patrícia, a equipe da DBB também esteve representada por Carol Born, que integrou o painel “Campos Naturais Brasileiros – O Papel dos Estados”. Carol apresentou a trajetória realizada por São Paulo e outros sete estados beneficiários do Projeto “Pró-Espécies-Todos Contra a Extinção” (coordenado pelo MMA) na proposta de construção de uma Estratégia Nacional para a Conservação, Restauração e Uso Sustentável dos Campos Naturais Brasileiros.
Ela destacou as ações conduzidas nas escalas internacional, nacional e estadual, culminando na Resolução Conabio 12/2025, que cria um GT (Grupo de Trabalho) voltado à elaboração e uma Estratégia Nacional para os Campos Naturais Brasileiros, pleito realizado por SP e os demais estados parceiros do Projeto Pró-Espécies na reunião ordinária da Comissão Nacional de Biodiversidade de julho de 2025. “Esse processo mostra como a cooperação entre estados fortalece a agenda nacional dos campos naturais”, afirmou.
Também participou da COP 30 a chefe do Departamento de Gestão Regional da DBB, Helia Maria Piedade, que integrou online o painel “One Health Day” e a oficina “Desdobramentos de One Health Day”, na Casa da Biodiversidade e Clima. Ela destacou a necessidade de integrar saúde, agricultura e meio ambiente nas estratégias climáticas e reforçou a urgência de incorporar a vigilância da fauna silvestre nos planos de adaptação. “A vigilância permanente da participação da fauna no ciclo de zoonoses precisa ser incluída como ação prioritária nos planos de adaptação à mudança do clima, para prevenir o surgimento de novas doenças ou o aumento de casos já conhecidos, especialmente em um cenário em que as alterações climáticas afetam o equilíbrio entre agentes infecciosos, hospedeiros e vetores”, afirmou Helia.
Patrícia Locosque Ramos voltou a participar da COP 30 na terça-feira (18), quando integrou outro painel a convite da Abema, desta vez sobre bioeconomia e as oportunidades para articulação entre conservação, inovação e desenvolvimento sustentável. “A estratégia estadual de bioeconomia de SP é essencial para orientar prioridades, organizar investimentos e impulsionar um desenvolvimento sustentável de longo prazo. Mas essa agenda só avança com parceria”, afirmou.